Construção industrializada: quando usar?

23 de abril de 2010

Construção industrializada: quando usar?

Construção industrializada: quando usar? 150 150 Cimento Itambé

Sistema construtivo ganha mercado, mas não são todas as obras que se podem beneficiar dele. Saiba quando optar pelo pré-fabricado

A construção industrializada hoje já ocupa um bom espaço nas obras de grandes dimensões do país, principalmente, naquelas cujos prazos de execução são fatores determinantes.

A evolução de fabricantes e projetistas que atuam no segmento tornou o sistema construtivo capacitado para atender as mais variadas tipologias de obras – desde pequenos galpões até estádios e shopping centers.

Outra vantagem da construção industrializada é que ela praticamente transforma o canteiro de obras em uma linha de montagem, evitando desperdício de material e atendendo melhor os requisitos de sustentabilidade.

José Luiz V.C.Varela, diretor da ABECE

Para o diretor da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (ABECE), José Luiz V.C.Varela, o sucesso da construção industrializada exige que o setor seja mais rigoroso com o perfil das obras. Motivo: o sistema construtivo tem características específicas e não cabe em qualquer projeto.

Na entrevista a seguir, José Luiz V. C. Varela explica quando se deve optar pela construção industrializada e quais cuidados tomar para que a obra não corra nenhum risco de ter sua qualidade comprometida. Confira:

Hoje é possível transformar o canteiro de obras em uma linha de montagem, dada às soluções prontas que existem, a começar por estruturas pré-fabricadas. Mas quando é vantagem optar pelos sistemas construtivos industrializados?
Varela
– As estruturas pré-fabricadas no Brasil já são muito competitivas em diversos tipos de obras, como shopping centers, edifícios comerciais, galpões de pequeno porte, edifícios industriais de grande porte, centros de distribuição e construções escolares. Já no segmento de construções voltadas à habitação ainda é pequena a penetração do pré-fabricado, se comparado às edificações anteriormente citadas. Diria que as vantagens dos sistemas pré-fabricados aumentam mais em obras que são modulares, onde se tem um número grande de repetições de peças semelhantes.

Daria para dizer que se trata de um sistema construtivo para obras de maior dimensão?
Varela
– Sim. Mas é bom que fique claro que tudo que exigir a execução em concreto moldado in-loco, na maioria dos casos, é viável ser projetado e montado com estruturas pré-fabricadas. Boa parte da produção de pré-fabricados no Brasil tem origem em projetos que foram originalmente desenvolvidos para serem executados em concreto moldado in-loco e o pré-fabricado se mostrou uma alternativa de menor custo e prazo de execução.

É possível, então, afirmar que a opção por sistemas construtivos industrializados acelera a obra em comparação com o canteiro tradicional?
Varela – Sem dúvida, pois o tempo gasto para escavações é o mesmo para as duas alternativas. Na situação moldado in-loco, normalmente, executa-se toda a fundação e, posteriormente, se dá início à execução do edifício andar por andar. Hoje em dia, nos edifícios correntes, a média é executar um pavimento entre cinco a oito dias. No caso do pré-fabricado, na medida em que se tenha um número de fundações executadas, já é possível se iniciar a montagem de pilares que podem ser, por exemplo, de 18 metros, o que permite a montagem de seis pavimentos com 3 metros de pé direito de uma só vez. Quanto ao ganho de tempo, em shopping centers, por exemplo, a obra é executada em menos de 50% do tempo que levaria se fosse executada em concreto moldado in-loco.

Quando se opta por estruturas pré-fabricadas de concreto, quais cuidados o contratante deve observar?
Varela – Hoje contamos com a ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto), que congrega a maioria das boas empresas de pré-fabricados do país. A entidade conta com um trabalho de certificação de seus associados através de auditorias independentes, que procuram implantar um programa de qualidade da produção, e após o cumprimento deste é emitido um selo de qualidade. A engenheira Iria Doniak, diretora executiva da associação, vem, nestes últimos anos, fazendo um grande trabalho, percorrendo várias capitais brasileiras divulgando a construção pré-fabricada e promovendo cursos sobre o tema. Portanto, é recomendável que aqueles que forem pela primeira vez contratar um fabricante de pré-fabricados contatem a ABCIC. Outro cuidado a ser tomado é na contratação dos projetistas, que devem ter experiência nesta modalidade de estrutura, que exige bom conhecimento no detalhamento geométrico das peças.

Em qual nível se encontra a construção industrializada do Brasil hoje e como está a fatia do mercado que ela ocupa atualmente?
Varela – Temos empresas qualificadas para fabricar e montar estruturas pré-fabricadas no mesmo nível que qualquer outro país industrializado. Uma limitação que existia era a falta de equipamento para içamento de peças pesadas. Porém, com o reaquecimento do mercado da construção, empresas locadoras de equipamentos começaram a suprir esta deficiência. Quanto à fatia do mercado de pré-fabricados, estima-se que ele ocupe algo em torno de 6% do total do volume de concreto produzido no país para edificações.

O canteiro de obras da construção industrializada gera mais ou menos empregos?
Varela – Se compararmos a mão de obra por área de estrutura executada, a construção industrializada necessita de bem menos funcionários. Por outro lado, exige uma mão de obra mais qualificada, principalmente, na produção e na operação da logística de estocagem, transporte e montagem, o que significa maior remuneração.

Em termos de segurança, a obra industrializada é mais ou menos segura do que os sistemas tradicionais de construção?
Varela – As estruturas pré-fabricadas para edificações têm que ser dimensionadas com o mesmo grau de segurança das estruturas moldadas in-loco, pois ambas têm que atender as mesmas normas de carregamento e dimensionamento, excetuando a NBR 9062/2003, que trata de projeto e execução de estruturas pré-moldadas, com verificações e dimensionamentos específicos para este tipo de estrutura.

Quem opta pelo sistema industrializado tem menos chance de a obra apresentar erros?
Varela – No caso dos pré-fabricados, se deve dar especial atenção na fase de detalhamento da geometria das peças que irão ser produzidas. Como várias das peças de uma estrutura têm um certo número de repetições, algum erro detectado apenas na fase de montagem pode implicar na perda de várias peças que já foram produzidas.

O que deve ser levado em consideração antes de se optar por um sistema construtivo industrializado? Tipo de empreendimento, localização geográfica e logística são fundamentais?
Varela – Na fase de projetos todas estas variáveis têm que ser levadas em conta. Como disse anteriormente, em princípio, qualquer tipo de edificação corrente pode ser projetada em pré-fabricados. A condição geográfica não é impedimento para se usar pré-moldados, pois a execução em canteiro, desde que seguidos os controles de qualidade na produção, são viáveis em termos de custos e prazos. O que vai limitar o tamanho e peso das peças são os equipamentos de movimentação e içamento que teremos disponíveis na região da obra.

No que programas como PAC e Minha Casa, Minha Vida têm servido para impulsionar os sistemas construtivos industrializados no Brasil?
Varela – Os fabricantes de sistemas que produzem kits de moradias populares em paineis pré-fabricados tiveram um grande impulso com o programa Minha Casa, Minha Vida. Já o PAC, na parte relativa a obras de infraestrutura, deve ativar os fabricantes que atuam no segmento de produção de vigas pré-fabricadas para as pontes.

Entrevistado:
José Luiz V.C.Varela, diretor da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)
Rosana Córnea (assessoria de imprensa): prefixocom@terra.com.br

Jornalista Responsável – Altair Santos MTB 2330 – Vogg Branded Content

23 de abril de 2010

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