Construção civil também precisa de uma “Embrapa”

2 de julho de 2014

Construção civil também precisa de uma “Embrapa”

Construção civil também precisa de uma “Embrapa” 1024 513 Cimento Itambé

Presidente da CBIC cobra investimento federal em desenvolvimento tecnológico do setor, como já ocorre há quatro décadas com a agropecuária

Por: Altair Santos

Para o novo presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) José Carlos Martins, a construção civil brasileira precisa de um programa para desenvolver tecnologias e tornar-se mais competitiva. Ele cita como exemplo o salto dado pela agricultura e pela pecuária, quando o governo federal criou a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) em 1973. “Por que ficamos para trás no aspecto tecnológico? Existem dois pontos básicos para esta resposta: dinheiro barato e continuidade de programas. Ninguém vai investir para amanhã desmobilizar sua equipe ou devolver a máquina que comprou. Por isso, a construção civil precisa de um grande programa nacional para a construção civil, nos moldes do que foi feito em cima da agricultura. A construção precisa de um organismo similar à Embrapa. O governo federal precisa entender que é importante investir no nosso setor”, destacou.

José Carlos Martins: em defesa de mais investimento tecnológico e recursos para pequenos construtores.

Vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a Embrapa foi criada para desenvolver um modelo nacional para o setor. A partir dela, a agropecuária brasileira tornou-se uma das mais eficientes e sustentáveis do planeta. Incorporou uma larga área de terras degradadas dos cerrados aos sistemas produtivos e fez da região Centro-Oeste a responsável por quase 50% da produção de grãos do país. A Embrapa também possibilitou quadruplicar a oferta de carne bovina e suína e ampliou em 22 vezes a oferta de frango. Essas são algumas das conquistas que tiraram o país da condição de importador de alimentos básicos para a condição de um dos maiores produtores e exportadores mundiais.

José Carlos Martins, que a partir de 1º de julho de 2014 substitui Paulo Safady Simão na presidência da CBIC, usou a Embrapa como exemplo em recente palestra no Encontro Nacional para Inovação na Construção Civil (ENINC), que aconteceu em Curitiba. Ele também comentou, em tom crítico, o fato de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) não criar linhas de crédito para pequenos construtores. “As linhas de crédito do BNDES começam a partir de R$ 10 milhões. Mas há pequenas construtoras que não conseguem captar esse dinheiro. Precisaria de linhas de crédito mais baratas. Mesmo assim, a construção civil cresceu muito em dez anos. Saltamos de um milhão para 3,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada. Saímos de um PIB do setor de R$ 2,3 bilhões para R$ 120 bilhões. Mas queremos continuar crescendo mais, e isso exige um reposicionamento e uma visibilidade maior”, destaca.

Estímulo à inovação
Com mandato até 2017, José Carlos Martins assegurou que irá estimular a inovação na construção civil nacional. “Nós da CBIC, do Sinaenco, da Abramat e da Anamaco, que representamos boa parcela do setor, temos que nos perguntar constantemente: o que queremos como construção civil?”, questiona. Para mostrar a filosofia que irá seguir, Martins assegurou estímulo a projetos que já funcionam na CBIC, com o Programa de Inovação Tecnológica (PIT), coordenado por Raquel Naves Blumenschein. O PIT procura atender ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H) e às exigências e critérios de certificações ambientais e de construção sustentável, em conformidade com determinações do ministério do Meio Ambiente. Uma de suas metas é proporcionar obras com menor consumo de água, de energia e de geração de resíduos sólidos.

Entrevistado
Engenheiro civil José Carlos Martins, presidente da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção)
Contato
coordenacao@cbic.org.br

Crédito Foto: Divulgação/Fiep

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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