Material torna-se elemento principal para a criação de novos produtos, que vão de utensílios domésticos a cartões de visita
Por: Altair Santos
Não há limites para o concreto. O material começa a fazer parte do dia a dia das pessoas também em utensílios domésticos e até em objetos onde sua presença jamais seria imaginada, como em cartões de visita. É o que fez a agência de design francesa Murmure. Com o slogan “concretize seus negócios” ela desenvolveu cartões de visita a partir do concreto. Uma forma molda o produto e uma leve tela de arame dá sustentação ao objeto.
Sofisticação é que não falta na apresentação do cartão de visitas em concreto. Ele pode vir dentro de uma carteira em couro ou ficar sobre a mesa sobre pequenos pallets, como se fossem blocos personalizados. Mas não param por aí as ideias para o escritório, e que tenham o concreto como elemento principal. Que tal ter sobre a mesa um porta-canetas, um porta-clips e um suporte para fita adesiva – todos, obviamente, fabricados em concreto?
Para o designer israelense Adi Zaffran Weisler, o concreto é um material muito pragmático e, portanto, capaz de se transformar em qualquer objeto que se imagine. “O concreto permite um processo constante de criação. Seja idealizando peças ou aproveitado outros artefatos em que ele é matéria-prima”, diz. Foi em cima deste conceito que Zaffran projetou uma torradeira usando bloco de concreto.
Cafeteira e alto-falante
Também na escola israelense de design surgiu outra ideia de reformular utensílios domésticos a partir do concreto. O estudante de design Shmuel Linski concebeu a cafeteira Lavazza. O equipamento é revestido em concreto, enquanto as partes em que o café e a água são armazenados e filtrados são de aço inox. Vencedor de prêmios de design na Europa, o produto despertou o interesse de fabricantes e a expectativa é de que seja colocado em linha de produção em 2015.
Para Linski, a ideia surgiu a partir do desejo de mostrar que o concreto na cozinha não precisa ficar confinado nas paredes ou nas peças decorativas. “Imagino que o concreto pode ser um produto de consumo. O contraste entre a rugosidade, a solidez e a dureza do material desperta os sentidos das pessoas e, portanto, ele pode ser popularizado”, avalia.
Motivado pelo sucesso da cafeteira, Shmuel Linski passou a desenvolver novos objetos a partir do concreto. O mais recente foram alto-falantes. “Desenvolvi alguns modelos que distorciam o som, até chegar no modelo que denominei de alto-falante chifre”, explica. O equipamento tem 96 centímetros de altura e pesa 70 quilos. Segundo Linski, o produto emite um som limpo, sem reverberação. “O som que sai dele é único”, autoelogia.
Entrevistados
Designers Adi Zaffran Weisler e Shmuel Linski (por email)
Contatos:
adizaf@gmail.com
linskiii@gmail.com
Crédito Fotos: Divulgação/Murmure/Adi Zafran