Por: Altair Santos
Apesar de o conceito de construção sustentável ter chegado ao Brasil em 2004, apenas a partir de 2007 é que as edificações denominadas de “prédios verdes” efetivamente começaram a ser viabilizadas no país. Passados cinco anos, esse mercado encontra-se plenamente aquecido dentro do setor imobiliário. A ponto de o Brasil ocupar atualmente a 4ª posição no ranking mundial de construções sustentáveis, de acordo com o Green Building Council (GBC).
Segundo o gerente técnico do GBC Brasil, Marcos Casado, o país tem hoje 53 empreendimentos já certificados e outros 473 em processo de certificação. A lista leva em consideração apenas os empreendimentos certificados com o selo LEED™ (Leadership in Energy and Environmental Design). Se forem contabilizadas outras certificações, como o Aqua, já chegam a 91 os “prédios verdes” em operação no Brasil. Quase metade (43%) destas edificações são construções voltadas para empreendimentos comerciais.
Em número de certificações, o Brasil posiciona-se atrás de Estados Unidos, com um total de 40.262 construções sustentáveis; China, com 869, e Emirados Árabes Unidos, com 767. Marcos Casado explica por que os EUA estão tão à frente dos demais países.
“Eles começaram o movimento de construções sustentáveis 15 anos antes. Mas há cinco anos, os processos de certificação no Brasil quase equivalem aos dos Estados Unidos. Acreditamos que, após a conferência Rio+20 e os eventos Copa do Mundo e Olimpíadas, o país irá avançar ainda mais no ranking”, prevê.
Outra perspectiva de que os “prédios verdes” proliferem no país está relacionado à queda no custo da construção deste tipo de edificação. “Quando iniciamos a operação do GBC no Brasil, o custo de uma obra certificada era 30% maior que de uma obra convencional. Hoje, o mesmo empreendimento já pode ser construído com um custo adicional de 1% a 7%. Esse investimento inicial maior é facilmente recuperado com a redução dos custos operacionais durante toda a vida útil do prédio”, destaca Marcos Casado.
Percebe-se também que os fornecedores de material de construção estão mais atentos a colocar no mercado produtos com maior comprometimento ambiental. Isso também ajudou a baratear as construções sustentáveis. “Hoje, os grandes fabricantes trouxeram para nosso mercado produtos que eram vendidos na Europa e nos Estados Unidos. O mesmo acontece com outros setores da cadeia produtiva da construção civil, como cimento, vidro e iluminação. Todos estão buscando desenvolver produtos e tecnologias de menor impacto”, ressalta o gerente técnico da GBC Brasil.
Outro fator determinante é a proliferação de construtoras envolvidas com o conceito de “prédio verde“. Atualmente, quase todas as empresas que buscam financiamento na Caixa Econômica Federal precisam apresentar projetos que contemplem o menor consumo de energia, o aproveitamento de águas pluviais e conceitos termoacústicos. O próprio banco dispõe de uma certificação para a construção sustentável: o selo Azul. Além disso, o GBC Brasil oferece treinamento às construtoras que aderirem ao conceito de “prédio verde“. “Investir em sustentabilidade, além de reduzir os impactos ambientais, garante retorno financeiro e melhora a imagem das empresas engajadas. Por isso, cresce a adesão”, finaliza Marcos Casado.
Entrevistado
Marcos Casado, gerente técnico do Green Building Council Brasil
Currículo
– Graduado em engenharia civil pelo Universidade Mogi das Cruzes (UMC) com especialização em administração e gestão ambiental
– Atualmente é gerente técnico do Green Building Council Brasil, onde dissemina o conceito da construção sustentável e da certificação LEED em todo o país
– Também coordena cursos de pós-graduação do GBCB e é professor do curso de MBA em construção sustentável do Green Building Council Brasil
Contato: mcasado@gbcbrasil.org.br
Créditos foto: Divulgação