Bloco de concreto família 11,5 faz mais com menos
Material assegura ganho de produtividade, facilita a modulação, racionaliza o canteiro e permite economia média de 30% no custo da obra
Material assegura ganho de produtividade, facilita a modulação, racionaliza o canteiro e permite economia média de 30% no custo da obra
Por: Altair Santos
A ABCP Sul (Associação Brasileira de Cimento Portland da região Sul) tem acompanhado obras com o emprego do bloco de concreto família 11,5. Entre os empreendimentos, estão casas com 50 m2, que tiveram a estrutura e a alvenaria concluídas em dois dias. O canteiro envolve poucos profissionais, além de ressaltar a fácil modulação, a praticidade e a produtividade, explica o engenheiro civil Alex Maschio, gerente regional Sul da ABCP. Na entrevista a seguir, ele explica como o uso de blocos de concreto ajuda a fazer mais com menos, sem abdicar da qualidade. Confira:
O senhor poderia explanar como se deu a construção de casas de 50 m², cuja alvenaria de cada unidade ficou pronta em dois dias usando blocos de concreto 11,5?
Isso foi possível devido à alta produtividade obtida quando utilizados blocos de concreto. Pela simplicidade do processo construtivo, e a facilidade de modulação dessa família de blocos, um profissional com pouca experiência consegue produzir até quatro vezes mais que no sistema convencional, com tijolos de barro. Trata-se de um salto de 7 m²/homem/dia, no convencional, para mais de 30 m²/homem/dia. É importante deixar claro que em dois dias ficou pronta a alvenaria e a estrutura de cada edificação, e não a residência como um todo. Para atingir essa produtividade, é fundamental também optar por argamassa industrializada (ensacada ou estabilizada), evitando assim desperdícios e perda de tempo em obra.
O bloco de concreto 11,5 é o ideal para projetos que envolvem alvenaria estrutural?
A palavra ideal limita muito. Cada obra é uma obra, e essa família de blocos certamente é uma opção muito interessante para uma boa gama de situações. Mas há outras situações em que outras famílias de blocos de concreto podem ser mais adequadas. A ABNT NBR 6136:2004 (Blocos vazados de concreto simples para alvenaria – Requisitos) especifica nove famílias de blocos, entre as quais a 12,5 x 25 (utilizada na obra em questão e conhecida como família 11,5). Neste caso, os blocos têm 11,5 cm de largura x 24 cm de comprimento e 19 cm de altura, mas considerando a argamassa de assentamento e acabamento, considera-se 12,5 x 25 x 20 cm de altura. Cada tipo de bloco tem suas características específicas e adapta-se melhor a determinados tipos de obra. Em obras verticais de maior porte, por exemplo, são utilizadas famílias com blocos maiores e com paredes mais espessas na busca por uma maior produtividade e maior resistência das peças. Outro aspecto importante é pensar nos desempenhos térmico, acústico e de durabilidade, que também irão impactar no tipo de bloco a ser utilizado. Enfim, a família 12,5 x 25 (com blocos de 11,5 centímetros) certamente é uma excelente opção para obras de alvenaria estrutural, principalmente térreas, mas não podemos dizer ideal para todas as situações.
A principal vantagem do bloco de concreto 11,5 é que ele permite fazer mais com menos?
Não só o bloco 11,5 cm, mas todos os blocos de concreto. A solução de alvenaria estrutural racionaliza o processo construtivo, elimina desperdícios e aumenta a produtividade, proporcionando uma economia de até 30% no custo total da obra (em relação apenas aos blocos, podemos dizer que 1,0 m² de alvenaria com bloco 11,5 custa, em termos gerais, 25% menos que os blocos convencionais de 14 cm). O bloco 11,5 cm, em obras baixas, possibilita acentuar esse ganho, pois a fácil modulação e baixo peso das peças aceleram ainda mais o processo construtivo. Vale frisar que os blocos 11,5 são também uma excelente solução para alvenaria de vedação/fechamento em obras com estrutura de concreto armado convencional. Eles aceleram a execução, eliminam desperdícios e simplificam a passagem de tubulações. Em resumo, as vantagens são:
– Fácil e precisa quantificação, em virtude de sua modulação simplificada (um dois e três “furos” apenas)
– Limpeza da obra (pequena ou nenhuma geração de resíduos)
– Ganho de produtividade
– Redução no consumo de argamassa de assentamento
– Regularidade e redução nos revestimentos
– Execução simplificada
– Excelente desempenho térmico e acústico
– Menor custo da alvenaria
Esse tipo de obra seria uma solução para habitações de interesse social?
Certamente é, e não só para habitações de baixa renda, mas para qualquer tipo de edificação a ser construída. Como mencionei anteriormente, a utilização de blocos de concreto possui uma série de vantagens que permitem fazer mais com menos. O bloco 11,5 vem para agregar ainda mais, pois traz consigo também a simples modulação.
As casas construídas foram um protótipo ou já têm condições de ser construídas em larga escala?
Trata-se de um projeto da Construtora Joama, sendo a residência parte de um condomínio residencial. Portanto, não é um protótipo. Com certeza, pode ser produzida em larga escala e, inclusive, temos diversos exemplos espalhados no Brasil que já utilizam bloco 11,5. Inclusive, alvenaria estrutural com blocos de concreto é o sistema mais utilizado nas obras do programa Minha Ca Minha Vida. O grande ponto aqui não é o ineditismo, mas sim a versatilidade desse bloco de 11,5cm.
Outra vantagem foi o emprego reduzido de mão de obra, correto?
Sem dúvida, a utilização de blocos de concreto racionaliza o canteiro e, por si só, permite a redução de mão de obra. A produtividade aumenta e a simplicidade executiva permite que uma pequena equipe execute um serviço de alto rendimento, sem que haja perda de qualidade.
Os profissionais têm alguma especialização ou são pedreiros e mestre de obras?
Mão de obra normal, sem especialização. Quanto mais se faz, mais produtivo fica. Obviamente, uma equipe com mais experiência irá produzir com maior velocidade, mas nada impede que qualquer pessoa possa efetuar uma ampliação de sua casa utilizando-se desse sistema.
Qual a praticidade da obra em termos de modulação e produtividade?
A fácil modulação permite utilizar este tipo de bloco em qualquer obra, desde uma pequena ampliação em uma residência até um edifício. Dependendo do tipo de uso se faz necessário um projeto específico e detalhado – no caso de edifícios, por exemplo. Principalmente, se o uso for pelo sistema de alvenaria estrutural.
Qual o custo de uma obra deste tipo?
O custo é um aspecto muito abrangente e dependente de vários fatores, entre eles acabamento e terreno. O que posso salientar é que, com a utilização dos blocos 11,5, a construção pode chegar a uma economia de 30% no custo total, variando de acordo com a especificidade de cada obra.
Para entregar a casa pronta para morar levaria quantos dias mais, já que apenas a alvenaria ficou pronta em dois dias?
Esse é outro aspecto complexo. Quanto maior a repetição, menos dias se leva para edificar uma casa. Isso é racionalização. A ideia é transformar o canteiro de obras em linha de produção. Para exemplificar: se tivermos um condomínio com 180 casas iguais de 50 m² é muito provável que seja possível concluí-las em menos de seis meses, o que daria uma casa por dia. Como é possível, se só a alvenaria leva mais de um? Aí entra a industrialização ou racionalização. No entanto, se formos fazer apenas uma casa de 50 m², é provável que se leve em torno de um mês, ou algo assim, pois cada etapa tem de ser feita respeitando o prazo da anterior. Portanto, é melhor se evitar parâmetros quando se fala em custo e prazo, para não incorrer em erros.
Como está o emprego deste sistema nas construtoras e nas companhias de habitação?
Várias são as empresas que constroem edificações desse tipo e, inclusive, trabalham com companhias de habitação. Da mesma maneira, são vários os fornecedores de blocos de concreto que vendem o material. Porém, são poucos os que fabricam com qualidade, o que vale um parágrafo à parte. Os blocos devem atender as especificações da ABNT NBR 6136 e, para simplificar esse conhecimento, existe a ferramenta do selo de qualidade da ABCP. A ABCP coleta peças nas fábricas e ensaia de acordo com a norma. Caso a empresa atenda integralmente os requisitos, ela obtém essa certificação. Além disso, tem o PSQ (Programa Setorial de Qualidade) do Ministério das Cidades, onde fornecedores são certificados de acordo com a qualidade dos seus insumos para que os mesmos possam ser utilizados em obras do MCMV, por exemplo.
Entrevistado
Engenheiro civil Alex Maschio, especialista em administração com ênfase em planejamento e gestão de negócios. Atua na ABCP há 10 anos e, desde 2010, é gerente regional Sul da ABCP
Contatos
alexsander.maschio@abcp.org.br
www.abcp.org.br
Créditos Fotos: Divulgação/ABCP Sul
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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