Arquitetura Bioclimática vira referência para construções

Conceitos que levam em consideração o clima e o ambiente ganham relevância na elaboração de obras

Conceitos que levam em consideração o clima e o ambiente ganham relevância na elaboração de obras

Marta Adriana Bustos Romero: Brasil é referência em Arquitetura Bioclimática graças à Norma ABNT do Zoneamento Bioclimático Brasileiro
Marta Adriana Bustos Romero

Construções que respeitam o meio onde estão inseridas, levando em consideração os aspectos climáticos e culturais. A isso se denomina Arquitetura Bioclimática. O conceito é relativamente novo e completou 10 anos em 2008.

Uma das principais referências mundiais é a revolução arquitetônica feita na região portuária de Lisboa (Portugal), para receber a Expo 1998. “Lá foram aproveitados princípios de uso das tecnologias passivas para a climatização dos edifícios do evento. As obras revitalizaram o local sem agredir a energia do ambiente. É, sem dúvida, um excelente exemplo de bioclimatismo”, explica a professora da UnB (Universidade de Brasília), Marta Adriana Bustos Romero.

Autora de uma coleção de livros sobre o assunto, a especialista defende que todo repertório do meio ambiente urbano (edifícios, vegetação, praças e mobiliário urbano) deve ser desenhado em combinação com o objetivo de satisfazer as exigências de conforto do homem e da interação social. “Em resumo, a concepção arquitetônica deve servir de mediadora entre o homem e o meio onde a obra é construída”, diz, citando que o Brasil é referência em Arquitetura Bioclimática graças à Norma ABNT do Zoneamento Bioclimático Brasileiro. “Ela balizou governos e organismos de classe e os fez interagirem sobre o tema, além de estimular certificações que colocam o país entre um dos que têm leis mais modernas sobre o assunto”, revelou.

Marta Adriana Bustos Romero cita alguns cases de construções grandiosas, mas que não se tornaram invasivas. Uma delas é o Shopping Galeria, em Campinas, cuja obra utilizou técnicas de acondicionamento ambiental passivo, sem o uso intensivo de ar condicionado. “Trata-se de um shopping aberto, com um tratamento paisagístico muito bem realizado”, diz. Ela também ressalta edificações que preservaram fachadas antigas como bons exemplos de Arquitetura Bioclimática: “Tudo o que preserva a cultura e faz parte da identidade do homem se entende como bioclimático”.

A tese defendida pela pesquisadora é que se todas as obras aplicassem conceitos bioclimáticos, levando em conta aspectos e critérios como localização, ventos, incidência de raios solares, vegetação e qualidade do ambiente construído, hoje não se falaria tanto em patologias da construção. “Infelizmente, algumas edificações já prontas, e doentes, estão buscando as respostas no bioclimatismo para se curarem. O custo desta recuperação é um desperdício, caso elas tivessem sido erguidas sob preceitos bioclimáticos”, atesta.

Bem nascidos
Para a professora da UnB, dois grandes projetos em andamento no Brasil, que são o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida e a construção de estádios para a Copa de 2014, estão bem nascidos sob o ponto de vista do bioclimatismo. “O projeto Minha Casa, Minha Vida prevê o uso da energia solar térmica em substituição aos chuveiros elétricos. Além disso, está prevista a aplicação de outras soluções sustentáveis como o reaproveitamento de água, sistemas de coleta e tratamento de esgoto e uso de madeira de origem certificada. Também, no programa, as tecnologias e materiais ambientalmente sustentáveis vão variar dependendo da região do país. Isso é propriamente arquitetura bioclimática”, comenta.

Sobre os estádios, Marta Adriana Bustos Romero afirma que o Brasil deve perseguir modelos de dois recentes acontecimentos esportivos: as Olimpíadas de Sidney, em 2000, na Austrália, e a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha. “Esse dois eventos incorporaram os princípios do bioclimatismo e se aproximaram o máximo possível de construções sustentáveis. Cito o estádio de Allianz Arena, em Munique, como modelar. Ele faz a reutilização de águas pluviais, tem elementos zenitais bloqueadores do sol e painéis-membrana de ETFE (etileno-tetrafluoretileno), formando almofadas infladas resistentes a mudanças climáticas. Isso funciona como colchão de ar com propriedades de isolamento térmico, entre outros princípios”, diz, mostrando que tecnologia e Arquitetura Bioclimática são compatíveis, e não o contrário.

Entrevistada
Marta Adriana Bustos Romero: romero@unb.br
Graduação pela Universidad de Chile e pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1978), Especialização em Arquitetura na Escola de Engenharia, USP de São Carlos (1980). Mestrado em Planejamento Urbano pela Universidade de Brasília (1985) e Doutorado em Arquitetura – Universitat Politecnica de Catalunya (1993), Pós Doutorado em Lanscape Architecture na PSU (2001). Atualmente é professora Associada I da Universidade de Brasília. Tem experiência na área de Arquitetura e Urbanismo, com ênfase em Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo, atuando principalmente nos seguintes temas: sustentabilidade, bioclimatismo, desenho urbano, espaço público e arquitetura e clima. Líder do Grupo de Pesquisa “A Sustentabildade em Arquitetura e Urbanismo”, coordena o Laboratório de Sustentabilidade Aplicada – LaSUS. Coordena Curso de Especialização à Distancia, Lato Sensu “Reabilita – Reabilitação Ambiental Sustentável Arquitetônica e Urbanistica”.
Autora das obras: Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano,
Sistemas Construtivos, As Modalidades de Construção Tecnologicamente Significativas, Arquitetura Bioclimática dos Espaços Públicos e Reabilitação Ambiental Arquitetônica e Urbanística.

Jornalista responsável – Altair Santos MTB 2330 – Tempestade Comunicação



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