Thomas Gomes assume a presidência da Ademi-PR
Ele vê um cenário econômico e setorial mais favorável para o segmento imobiliário em 2024
Há 45 anos, a Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) tem seguido o objetivo de promover o desenvolvimento de empresas do setor imobiliário no Paraná, o que inclui construtoras, incorporadoras, imobiliárias, fornecedores, startups e profissionais liberais. Neste ano de 2024, o engenheiro Thomas Gomes, head de incorporação da Life Capital Partners (LCP), foi eleito presidente da Ademi-PR. Para saber mais sobre o cenário do mercado imobiliário, a equipe do Massa Cinzenta conversou com o novo presidente. Confira:
Como você avalia o desempenho do mercado imobiliário no Paraná nos últimos anos e quais são suas expectativas para o biênio 2024-2025?
Thomas Gomes: Costumo afirmar que o desempenho do mercado no Paraná, especialmente nos últimos dois ou três anos (pós-pandemia), embora enfrentasse diversas dificuldades e cenários desfavoráveis, manteve-se positivo. Conseguimos superar, até mesmo, as expectativas estabelecidas para os anos de 2022 e 2023. Embora sempre esperemos melhores resultados, conseguimos superar significativamente as perspectivas que tínhamos. Apesar de muitas vezes o cenário não ser tão otimista, registramos um crescimento considerável tanto no mercado de Curitiba quanto no Paraná como um todo.
Olhando especificamente para 2024, para o qual temos acesso a mais dados, observamos um cenário econômico e setorial mais favorável para o segmento imobiliário. Com a queda da taxa de juros e a inflação controlada, tanto no aspecto dos materiais e serviços quanto na macroeconomia e insumos da população, espera-se um ambiente mais propício para a construção civil e a incorporação imobiliária. Além disso, há aspectos como as políticas relacionadas ao FGTS, ao programa Minha Casa Minha Vida e possíveis incentivos para incorporadores de empreendimentos econômicos, que podem alimentar ainda mais as expectativas positivas para o segmento em 2024.
Quanto a 2025, ainda é necessário avaliar o desenrolar do cenário ao longo deste ano, mas é esperada uma continuidade do que se observa em 2024. No entanto, no Brasil, é comum dizer que até mesmo o passado é incerto, pois não temos as variáveis a nosso favor. Apesar disso, conseguimos prosperar e o setor sempre demonstrou grande resiliência.
Quais são os principais desafios que você enxerga para o setor imobiliário neste momento, considerando as incertezas nos âmbitos político, fiscal e tributário?
Thomas Gomes: Os principais desafios que enfrentamos realmente estão ligados à incerteza enfrentada pelo empresariado, especialmente no que diz respeito às questões políticas, fiscais e tributárias. Em particular, a questão do controle de gastos do setor público e a reforma tributária. Esta última ainda não está clara para a maioria das pessoas, e isso gera uma grande preocupação, principalmente para o setor da construção, pois não sabemos ao certo como essas mudanças irão impactar nos empreendimentos. Mesmo para aqueles envolvidos na elaboração dessas reformas, ainda há falta de clareza, o que nos leva a buscar uma compreensão mais precisa sobre o alcance dessas medidas – se terão um impacto significativo ou não. Superar esse desafio é crucial para que possamos desenvolver nossas atividades de incorporação e construção com maior segurança.
Além disso, enfrentamos os desafios típicos do mercado consumidor e da competição, que são naturais e, de fato, benéficos para os consumidores, pois proporcionam uma variedade maior de produtos no mercado. Especialmente no mercado paranaense e curitibano, a barra é elevada em todos os setores, o que é positivo.
Embora também exista uma preocupação constante com os materiais, até o momento estamos lidando com um ambiente relativamente controlado nesse aspecto. No entanto, agora é crucial que compreendamos melhor esse cenário, especialmente nos três aspectos mencionados, para que possamos produzir com maior tranquilidade.
Quais são as iniciativas/projetos que a Ademi-PR pretende implementar ou priorizar para apoiar o crescimento e o desenvolvimento das empresas associadas nos próximos dois anos?
Thomas Gomes: Acredito que a Ademi-PR não é uma instituição propensa a “inventar moda”. Nosso plano não envolve grandes inovações no que diz respeito ao formato. Essencialmente, nossa intenção é dar continuidade aos trabalhos iniciados nas gestões anteriores, priorizando iniciativas e projetos que fomentem um ambiente propício para a geração de negócios dentro das empresas associadas e, por extensão, para o mercado como um todo.
Nós nos destacamos como um dos poucos ambientes no Paraná onde praticamente toda a cadeia produtiva está representada e interage entre si. Essa interação gera um ambiente extremamente fértil, possibilitando uma maior coesão entre os associados e o compartilhamento de uma base de dados crucial para as decisões envolvendo fornecedores, instituições bancárias, incorporadores, construtores e imobiliárias. Isso nos permite ser mais assertivos em nossos lançamentos e nas estratégias de vendas de maneira geral.
Como você enxerga a relação entre o mercado imobiliário e as questões ambientais e de sustentabilidade?
Thomas Gomes: Atualmente, o mercado imobiliário, e a economia como um todo, não pode se desvincular das questões ambientais e de sustentabilidade. O que antes era considerado um diferencial agora é visto como um pré-requisito essencial. A construção e a incorporação, em particular, tendem a ser atividades bastante ostensivas do ponto de vista ambiental, portanto, é imperativo adotar e implementar todas as medidas possíveis para mitigar esse impacto.
Essas medidas não se aplicam apenas diretamente, mas também ao longo de toda a cadeia produtiva. Atualmente, há incentivos por parte dos bancos financiadores de obras e até mesmo a própria cadeia produtiva está mais consciente. Produtores, empreendedores e profissionais liberais têm uma compreensão cada vez maior do impacto que suas atividades têm no meio ambiente.
A relação entre atividade produtiva e sustentabilidade é intrínseca; uma não pode existir sem a outra. Portanto, percebo um ambiente bastante receptivo às práticas sustentáveis. Embora ainda haja muito espaço para melhorias, como sempre há, já se observa uma grande receptividade por parte dos agentes da indústria.
Em relação à tecnologia e inovação, quais são os planos da Associação para incentivar a adoção de novas soluções e práticas dentro das empresas associadas?
Thomas Gomes: Este é um ponto que discutimos extensivamente: tecnologia e inovação já não são mais diferenciais, são necessidades. Acredito que todos devem buscar se renovar, atualizar e adotar tecnologia para otimizar ainda mais o ambiente produtivo. Hoje em dia, todos têm à disposição uma variedade de ferramentas que devem ser utilizadas, e que podem trazer benefícios significativos em termos de produtividade e qualificação profissional.
Há uma série de avanços que devem ser implementados rapidamente para que o setor produtivo seja ainda mais dinâmico e eficiente. A Ademi-PR, de modo geral, incentiva fortemente essa mentalidade. Inclusive, recentemente abrimos uma categoria voltada para startups de tecnologia, com mensalidades reduzidas, visando promover um ambiente de intercâmbio entre essas empresas e os incorporadores, imobiliárias e outros fornecedores. O objetivo é facilitar a interação entre aqueles que desenvolvem essas tecnologias geniais e aqueles que as utilizarão, promovendo uma troca enriquecedora de ideias e soluções.
Entrevistado
Thomas Gomes, é engenheiro e foi diretor de desenvolvimento imobiliário da incorporadora MDGP e fundador da Huma Engenharia, atualmente é head de incorporação da gestora de recursos Life Capital Partners, além de ser o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR) para o biênio 2024-2025.
Contato
tgomes@lifecapitalpartners.com.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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