Setor do material de construção segue otimista
ANAMACO e ABRAMAT projetam números positivos para 2011, mas alertam sobre gargalos a serem superados e desafios para atender o consumidor.
ANAMACO e ABRAMAT projetam números positivos para 2011, mas alertam sobre gargalos a serem superados e desafios para atender o consumidor
Por: Altair Santos
Os presidentes da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), Cláudio Elias Conz, e da ABRAMAT (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção), Melvyn Fox, avaliam que 2011 continuará sendo um ano positivo tanto para o comércio quanto para a indústria da construção civil. No entanto, avaliam que o setor terá alguns desafios pela frente para manter o crescimento sustentável. Entre eles, estão a funcionalidade dos produtos, a carga tributária e a qualificação da mão de obra.
Segundo Cláudio Elias Conz e Melvyn Fox, o chamado “consumidor formiga”, que é aquele que faz a construção autogerida, assim como os programas federais, como Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e Minha Casa, Minha Vida, seguirão desempenhando papéis relevantes para impulsionar as vendas de materiais de construção. A seguir, acompanhe as opiniões relevantes dos dirigentes de duas das mais importantes associações ligadas ao setor:
EXPECTATIVA DE CRESCIMENTO
Cláudio Elias Conz, da ANAMACO
Apesar de os números de novembro, dezembro e janeiro não terem sido bons, a perspectiva é positiva. Achamos que podemos repetir 2010, com crescimento em torno de 10%. Isso, referindo-se ao varejo de material de construção. Mas precisamos aguardar o andamento do primeiro trimestre para podermos consolidar esta perspectiva.
Melvyn Fox, da ABRAMAT
Nossa projeção é de um crescimento próximo a 9% este ano. Mas fizemos uma projeção junto à FGV (Fudação Getúlio Vargas), que vai até 2016, e que aponta que o setor sairá de um faturamento de R$ 109 bilhões em 2010 para R$ 175 bilhões em 2016. Isso dá um crescimento em seis anos em torno de 60%, ou seja, a gente tem perspectivas realmente bastante positivas não só para 2011, mas também para os próximos anos.
GARGALOS
Cláudio Elias Conz, da ANAMACO
Achamos que precisa se adequar mais às novas exigências do mercado. Vou pegar dois exemplos: o saco de cimento e a lata de tinta. Há pelo menos 50 anos o saco de cimento tem o padrão atual, com 50 quilos. Ele é difícil de ser carregado e ainda faz sujeira no veículo do consumidor. Isso precisa ser repensado, assim como a ergonomia dos latões de tinta, que não têm nem onde segurar. Isso sem falar dos tubos de PVC de seis metros, que não cabem sequer numa Kombi. O setor precisa estar atento a isso para se adequar às novas exigências do consumidor.
Melvyn Fox, da ABRAMAT
Não diria gargalo, mas desafio. E o desafio é estar preparado para atender a demanda. A indústria vem trabalhando com uma capacidade ociosa baixa, em torno de 12% a 13%, ou seja, estamos utilizando uma média de 86 a 87% do total de capacidade instalada do setor. Isso é um nível, diria, um pouco alto, mas não preocupa por que o nível de investimento para os próximos 12 meses está num patamar ao redor de 72% e 73%. Agora, um gargalo que preocupa está relacionado à mão de obra disponível, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.
CONSUMIDOR
Cláudio Elias Conz, da ANAMACO
O consumidor está cada vez mais bem informado. Ainda mais agora com as redes sociais. Antes de comprar, ele pergunta: “Você já teve problema com o cimento tal?”, “Você já teve problema com a cerâmica tal?”, “Você já teve problema com a tinta tal?”, “Você já teve problema com a empresa tal?”. De repente, aparece um monte de gente dizendo se teve problema ou não e isso muda o nível de exigência do consumidor. Então a loja tem de estar preparada para isso e qualificar seus vendedores. O bom atendimento, a orientação ao consumidor, a disponibilidade do produto, a acessibilidade à loja, a segurança, a entrega do produto e a forma de pagamento é que vão determinar a compra do cliente. Principalmente por que hoje o protagonista é o consumidor formiga, que é aquele que procura o mercado para reformar, ampliar e fazer a construção autogerida. Este é a estrela do nosso setor.
Melvyn Fox, da ABRAMAT
Hoje, todos os produtos nacionais têm que estar dentro das normas da ABNT. Infelizmente, temos a concorrência de produtos que vêm de fora e entram com qualificação fiscal errada, tributação menor e acabam não atendendo as normas da legislação brasileira. Então, o que recomendamos ao consumidor é que ele fique atento quando ver um produto similar ao nacional, mas com preço extremamente diferenciado. Ele que verifique a qualidade deste material e evite problemas futuros. Até por que, hoje o consumidor, sabedor de seus direitos, quer produtos de qualidade.
PAC e MINHA CASA, MINHA VIDA
Cláudio Elias Conz, da ANAMACO
São programas que geram consumo. Veja, o PAC agora quer construir nove mil UPAS (Unidades de Pronto Atendimento). Tudo isso leva tijolo, janela e desencadeia ações que acabam consumindo material de construção. Já o Minha Casa, Minha Vida, é outro elemento importante por que estimula o consumo formiga. O contemplado com a casa nova corre para a loja de material de construção para pintar as paredes de outra cor, para trocar o piso, para fazer um puxadinho da garagem ou melhorar a entrada da casa. Enfim, tudo isso gera consumo.
Melvyn Fox, da ABRAMAT
Estes programas são essenciais. Eles deram dinamismo ao setor. O PAC, voltado à infraestrutura, e o Minha Casa, Minha Vida, à habitação, trouxeram muitos bons resultados para o setor e continuarão trazendo, por que apesar de o governo ter anunciado cortes no orçamento de 2011 esses programas foram preservados.
TRIBUTOS
Cláudio Elias Conz, da ANAMACO
O tamanho da carga tributária tem que ser o tamanho do tipo que a sociedade quer de serviços prestados pelo Estado. Saúde para todos, ensino gratuito para todos e aposentadoria jovem para todos têm um preço. E o preço disso chama-se carga tributária. Não acho que a carga seja elevada, mas é burra, burocrática e trata de questões desnecessárias. Mas quem tem de discutir isso é a sociedade e não só o setor da construção civil.
Melvyn Fox, da ABRAMAT
Estamos na batalha pela ampliação da redução do IPI. No final de 2010 entregamos ao governo uma proposta de IPI zero para todos os materiais de construção por um prazo indeterminado. Entendemos que isso é fundamental, pois faz parte de um dos instrumentos de crescimento do país. Propusemos também um estudo de redução de PIS e COFINS em termos federais. Estamos agora entrando com um estudo especifico de ICMS. Nós entendemos que deveria haver uma redução de ICMS forte. Nossa proposta é baixar em 50% o ICMS de todos os materiais de construção em todos os 27 estados, e de uma forma conjunta para que não aja nenhuma criação de guerra de preços. Vamos continuar atuando nesta área de redução de tributos de uma forma bastante intensa no decorrer deste ano.
Entrevistados:
Cláudio Elias Conz, é presidente da ANAMACO (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção)
Contato: imprensa3@anamaco.com.br
Twiiter: http://twitter.com/claudioconz
Melvyn Fox é presidente da ABRAMAT (Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Construção)
Contato: fernando@rrpconsultores.com.br (assessoria de imprensa)
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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