Saúde torna-se prioridade no setor da construção civil
Empresas estão cada vez mais conscientes de que trabalhadores saudáveis geram valor agregado. Investimento também ajuda a reter mão de obra qualificada.
Empresas estão cada vez mais conscientes de que trabalhadores saudáveis geram valor agregado. Investimento também ajuda a reter mão de obra qualificada
Por: Altair Santos
A acirrada competição por mão de obra qualificada agregou benefícios aos trabalhadores da construção civil. Entre eles, os cuidados que as empresas do setor passaram a ter com a saúde dos colaboradores. Não só com os que atuam diretamente nos canteiros de obra, a partir da adoção de sistemas de gestão de segurança e saúde, mas também com os que desenvolvem um trabalho mais voltado para o planejamento da obra, como engenheiros, arquitetos e projetistas.
Segundo o médico Ricardo de Marchi, presidente da CPH Health – empresa voltada para o desenvolvimento de programas de promoção de saúde para o ambiente corporativo -, as empresas da construção civil mudaram a forma de encarar o investimento em saúde. “Antes, elas viam isso como custo administrativo. Agora, veem como valor agregado. O funcionário passou a ser enxergado como um ativo. E um empregado saudável vale mais”, analisa.
De acordo com o especialista, isso se deve ao fato de as empresas estarem dispostas a reter os bons profissionais, reduzindo a alta rotatividade de mão de obra – antes tão comum no setor da construção civil, principalmente. “Anteriormente, as empresas pensavam: por que vou investir em saúde se o meu empregado hoje vai estar em outra construtora amanhã? Daí, elas não investiam. Hoje, a mentalidade mudou. Até porque a Agência Nacional de Saúde tem monitorado isso”, diz Ricardo de Marchi.
Para profissionais como engenheiros, levantamento da CPH Health revela que as doenças que mais afetam esses profissionais são as relacionadas à parte emocional (depressão e estresse), ao sistema osteomuscular, além de riscos cardíacos. Neste caso, há uma relação direta com o sedentarismo. Segundo recente pesquisa do Instituto Datafolha, metade dos profissionais brasileiros – e aí se incluem engenheiros e arquitetos – não pratica atividade física.
O índice de sedentarismo cresce conforme a idade. Dos 18 aos 24 anos, 39% dos profissionais não praticam atividades físicas. Na faixa etária de 25 a 44 anos, a taxa de sedentarismo aumenta para 50%. Dos 45 aos 59 anos, passa para 53%. Entre os idosos de 60 a 70 anos, chega ao seu ápice: 57% levam uma vida sem nenhuma atividade física. “Na média, isso resulta em muita gente obesa, muita gente comendo mal, muita gente estressada, muita gente não dormindo direito”, avalia o médico Ricardo de Marchi.
Para diminuir o impacto do sedentarismo na produtividade, as empresas têm investido em boa alimentação e também estimulado a atividade física. “Se há atividade física diária, combinada com uma alimentação balanceada, o estresse tem menor chance de interferir”, diz o médico da CPH Health, lembrando que o estresse funciona de forma diferente sobre cada profissional. “O estresse hoje está presente em todas as profissões, mas provoca reações muito individuais. O engenheiro que está sentado numa mesa, fazendo cálculos, tem um tipo de fator que atua sobre ele. Já o engenheiro que está em campo, no canteiro de obras, tem outro tipo de fator”, completa.
Entrevistado
Ricardo de Marchi, médico e Presidente da CPH Health Solutions
Currículo
– Ricardo de Marchi é médico, com mestrado pela Universidade de Paris IV e certificações em promoção de saúde pela Universidade de Stanford e Instituto Cooper
– É fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Qualidade de Vida. Também é membro-fundador do International Institute for Health Promotion (Washington DC)
– Autor de 3 livros sobre o tema “Saúde e Qualidade de Vida”
– Atua também como consultor em estratégicas de saúde para empresas
Contato: rdmarchi@cph.com.br
Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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