Pista de concreto serve de trilho para BRT britânico
Ônibus se encaixa em estruturas pré-fabricadas e percorre traçado sem que o motorista precise guiar o veículo
Ônibus se encaixa em estruturas pré-fabricadas e percorre traçado sem que o motorista precise guiar o veículo
Em Cambridge, na Inglaterra, uma linha de ônibus percorre 25,1 quilômetros sobre trilhos de concreto. É uma nova modalidade de BRT, cuja obra utilizou a rota de uma linha férrea desativada. Os trilhos foram retirados e no lugar foi construída uma pista de pavimento rígido, onde ônibus especialmente projetados se encaixam e conseguem percorrer sem que o motorista necessite guiar o volante no percurso.
A linha tem o nome de Cambridgeshire Guided Busway. Financiada pelo departamento de transportes da Inglaterra, a obra custou cerca de 500 milhões de reais e teve a construtora britânica BAM Nuttall como a executora do projeto. A ideia já inspira outras linhas semelhantes fora da Inglaterra. Como a que entrou em operação na Austrália em 2017. Batizada de O’Bahn, a linha percorre 12 quilômetros na cidade de Adelaide.
Como a Cambridgeshire Guided Busway, a O’Bahn também foi construída sobre uma estrada de ferro que estava desativada desde 1986 na cidade australiana. Igualmente à Cambridgeshire Guided Busway, a linha O’Bahn também recebeu prêmios internacionais relacionados à mobilidade urbana e o poder público australiano já estuda estendê-la e levar o projeto para outras cidades. Da mesma forma, a cidade de Essen, na Alemanha, está construindo um BRT com as mesmas características.
A vantagem do BRT sobre trilho de concreto é essa: ele pode ser expandido. O projeto Cambridgeshire Guided Busway começou em 2007, com 6,4 quilômetros. Em 2011, a linha já cobria 25 quilômetros – atualmente é a mais longa do mundo neste modelo de modal. Para atender a demanda, a construtora precisou montar uma indústria para produzir trilhos pré-fabricados.
Para criar estruturas mais resistentes, peças dos trilhos passaram a ser pré-fabricadas
No começo, a construtora optou por produzir os trilhos pré-moldados in loco. No entanto, houve problemas. As estruturas criadas para sustentar os pneus laterais dos ônibus não suportaram os esforços e acabaram rompendo em alguns trechos, o que obrigou a empresa a refazer o trabalho. Para conseguir trilhos com melhor qualidade e resistência de 80 MPa em cada peça, a construtora optou por uma fábrica de pré-fabricados, onde consegue promover ensaios e testar o material antes de levá-lo ao canteiro de obras.
Para produzir 25 quilômetros de trilhos foram consumidos 50 mil m3 de concreto. O departamento de transportes da Inglaterra alega que a opção pela tecnologia se deu porque o custo para a preparação do terreno, em comparação com a construção de uma via 100% pavimentada em concreto, é 1/5 mais barato, além de dar agilidade à obra.
Para trafegar nas vias, os ônibus foram especialmente projetados. Quando entram nos trilhos, o motorista aciona um piloto automático que mantém o veículo em velocidade constante de 60 km/h. Ao longo do percurso existem 10 estações e diariamente são transportados cerca de 12 mil passageiros.
Veja como funciona a Cambridgeshire Guided Busway
Veja a linha O’Bahn construída na Austrália
https://youtube.com/watch?v=r4u1tL1MmoA
Veja o guia que detalha como funciona o Cambridgeshire Guided Busway
Entrevistado
Conselho do Condado de Cambridge (Cambridgeshire County Council) (via departamento de comunicação)
Contato: info@cambridgeshire.gov.uk
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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