Construção modular: onde a tecnologia é mais utilizada?
Recentemente, a Prefeitura de Arapongas selecionou o método para reformar escola na cidade
Uma análise realizada pela Fortune Business Insights revela que o setor de construção modular está previsto para atingir a marca de US$ 11,78 bilhões até 2028, com uma taxa de crescimento anual de 6,1%.
No entanto, aqui no Brasil, um estudo do FGV IBRE em abril de 2023 mostrou que 34,6 % das empresas do setor de construção no país incorporam este tipo de tecnologia em seus projetos.
A área com melhor desempenho é o de Edificações Não Residenciais, registrando uma taxa de 47,7% de uso. Mesmo entre as empresas que optam por abordagens industrializadas, apenas 24,5% as aplicam em mais de 50% de seus projetos.
Para Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), um dos entraves para uso da construção industrializada no Brasil é o processo tributário. No entanto, ela vê que a reforma tributária traz uma perspectiva positiva para a modernização e industrialização do setor, à medida em que cria uma isonomia entre os processos.
Onde a construção modular pode ser utilizada?
Veja onde a tecnologia pode ser utilizada:
Minha Casa, Minha Vida e Habitação de Interesse Social (HIS)
Na opinião de Julio Timerman, vice-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon), é preciso trabalhar para mudar as políticas públicas no sentido de desenvolver projetos, como o Minha Casa Minha Vida, utilizando construção industrializada. “É uma forma de reduzir a autoconstrução que gera muito desperdício. Temos muito potencial para crescer com relação a isso. Há vários sistemas construtivos que estão sendo desenvolvidos, como paredes de concreto pré-moldadas, alvenaria estrutural, entre outros. Com o déficit residencial que nós temos hoje, cabe ao Governo incentivar o uso de boas técnicas neste programa habitacional”, sugere.
Hospitais de campanha
Na cidade chinesa de Wuhan, durante a pandemia, foram construídos dois hospitais de campanha com a tecnologia de construção modular. Um deles foi erguido em dez dias e o outro em 20.
Banheiros prontos, hotéis e celas de presídios
De acordo com Íria Doniak, presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic), o módulo pronto 3D foi muito utilizado no Brasil para banheiros prontos e celas de presídios em algumas regiões do país. “Era chamado também de monobloco. Muitos empreendimentos hoteleiros principalmente em São Paulo, nos anos 2000 adotavam fachada pré-moldada de concreto, os banheiros prontos (módulo 3D), divisão interna em drywall e estrutura convencional. Era um modelo que imprimia velocidade a este tipo de empreendimento, cujo “payback”, ou seja, o rápido retorno do investimento, era fundamental”, conta.
Case de construção modular: Escola Joarib Grillo, em Arapongas (PR)
Com o intuito de buscar modernização, agilidade e eficiência econômica, a Prefeitura de Arapongas planeja implementar neste ano o sistema de construção modular. A Escola Municipal Joarib Grillo, situada no Jardim Primavera, será o primeiro espaço a receber esse modelo de construção.
Em entrevista ao Massa Cinzenta, Fernando Volpato, secretário municipal de Obras, Transporte e Desenvolvimento Urbano (Seodur), a construção modular foi escolhida por se revelar vantajosa, sobretudo no âmbito da construção de escolas no setor público. “Essas vantagens não apenas impactam positivamente a eficiência do projeto, mas também atendem às necessidades específicas e desafios enfrentados por instituições educacionais para que possamos implantar uma nova sistemática na execução de obras públicas, visando diminuir o prazo de execução, aumentar a qualidade e o controle do acabamento e a minimização de retrabalho existente em obras executadas no canteiro”, informou Volpato.
Além disso, Volpato destaca que os sistemas industrializados modulares são uma forma de produzir edificações em ambientes industriais controlados e dotados de equipamentos com tecnologia embarcada e produção realizada com métodos industriais de racionalização, tendo como resultados os benefícios de Eficiência na Produção, Redução de Desperdícios, Padronização e Escalabilidade, Redução de Tempo, entre outras.
Volpato também lembra que os componentes pré-fabricados são produzidos em ambientes controlados, o que permite uma produção mais eficiente em termos de tempo e recursos. No caso, o prazo de implantação para essa obra específica é de 60 dias. “Menos tempo de construção significa menos custos associados, despesas com pessoal, equipamentos e gerenciamento. Uma das principais vantagens reside na rapidez na implementação. A construção modular possibilita a conclusão mais célere do projeto, um fator crítico para assegurar que as instalações educacionais estejam prontas para uso em um tempo mínimo, atendendo à crescente demanda por infraestrutura escolar. Tudo isso reflete positivamente quando comparamos os sistemas construtivos”, afirma.
Segundo Volpato, esta é a primeira obra realizada com esta tecnologia. “Até o momento não tivemos essa experiência. Por isso decidimos iniciar este processo, visando modernizar as ações da administração pública no que refere as obras. Estamos em fase final de formatação das documentações para envio à licitação que também tem tratamento diferente do que estamos habitualmente acostumados a fazer. O maior ponto a ser observado é o planejamento para implantação da obra, tendo em vista que os módulos chegam prontos”, comenta.
Entrevistados:
Ana Maria Castelo é coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
Julio Timerman, vice-presidente do Instituto Brasileiro do Concreto (Ibracon).
Íria Doniak é presidente executiva da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (Abcic).
Fernando Volpato é secretário municipal de Obras, Transporte e Desenvolvimento Urbano (Seodur).
Contatos
Ana Maria Castelo – ana.castelo@fgv.br
Assessoria de Imprensa Ibracon – fabio@ibracon.org.br
Assessoria de Imprensa Abcic – elizabeth@meccanica.com.br
Assessoria de Imprensa Prefeitura de Arapongas – imprensa@arapongas.pr.gov.br
Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP
A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé.
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