BR-163, Cuiabá-Santarém, um retrato do Brasil
Rodovia, que hoje é um dos principais corredores da safra de grãos do país, segue inconclusa após 40 anos do início de suas obras
Rodovia, que hoje é um dos principais corredores da safra de grãos do país, segue inconclusa após 40 anos do início de suas obras
Por: Altair Santos
A BR-163 está completando 40 anos. Seu percurso passa por Cuiabá, capital do Mato Grosso, e termina em Santarém, uma das principais cidades do Pará. Nasceu do projeto de integração nacional, idealizado pelo exército brasileiro, no período em que o regime militar governou o país (1964-1984). Com extensão de 3.467 quilômetros, segue inconclusa até hoje. São mais de 1.200 quilômetros que ainda são percorridos em trecho de chão ou com o asfalto precário, mesmo após a privatização de 850,9 quilômetros, ocorrida em março de 2014.
O próprio Dnit admite que a Cuiabá-Santarém é uma das maiores “calamidades rodoviárias do país” – termo usado pelo próprio Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Existem vários trechos em que o fluxo de veículos, que hoje é de 70 mil por dia, segue a rota aberta pelos tratores – único meio de transporte que supera os atoleiros. Mesmo assim, a estrada é o principal corredor de escoamento de grãos do Norte e do Centro-Oeste do país, principalmente quando escoa a safra pelos portos de Santos-SP e Paranaguá-PR.
Não é raro, em períodos de chuva, um trajeto de 30 quilômetros levar 15 horas para ser vencido. É um cenário que, para mudar, depende do governo viabilizar novas obras ao longo de toda a extensão da rodovia ou privatizar mais trechos, como o assumido pela concessionária Rota do Oeste. Ligada à Odebrecht Transportes, a administradora dos 850,9 quilômetros repassados à iniciativa privada atua em três frentes para, em cinco anos, melhorar 453,6 quilômetros da BR-163.
Ao custo de R$ 5,5 bilhões, a Rota do Oeste já duplicou 54,9 quilômetros. A prioridade foi melhorar as condições da rodovia a partir do perímetro urbano de Rondonópolis-MT. Da cidade, em direção à divisa com o Mato Grosso do Sul, foram duplicados 32,4 quilômetros. Já, de Rondonópolis até o terminal Intermodal de trens, foram duplicados mais 22,5 quilômetros. Superada essa obra, que foi entregue no final de julho de 2015, a concessionária já começou a cobrar pedágio no trecho.
Agora, a Rota do Oeste atua no trecho privatizado da BR-163 que corta o centro de Mato Grosso. Obras de revitalização já recuperaram 60 quilômetros de pavimento, além de repor a sinalização e promover a limpeza da faixa de domínio. A próxima etapa é melhorar mais 60 quilômetros. Outro ponto crítico que recebe intervenção é o que passa pelo município de Nova Mutum. São 60 quilômetros pavimentados no sentido norte, em direção à divisa com o Pará, e que também estão recebendo obras de recuperação.
Porém, o trecho privatizado da Cuiabá-Santarém, e as melhorias que ele traz à rodovia, ainda é uma exceção ao longo da estrada. Ainda faltam mais de 2.600 quilômetros em estado precário, principalmente no estado do Pará e no norte do Mato Grosso. Ou seja, mesmo com a retomada dos investimentos, a BR-163 não deixa de ser um retrato das obras de infraestrutura rodoviária no Brasil, onde a demora, o desperdício e a falta de projetos comprometem a economia do país.
Entrevistados
Concessionária Rota do Sol e Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes) (via assessoria de imprensa)
Contatos
imprensa@dnit.gov.br
ouvidoria@rotadooeste.com.br
Créditos Fotos: Divulgação
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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