Após migrar da área rural para os mais arrojados projetos arquitetônicos, piso agregou tecnologias como resinas acrílicas e concreto dosado em central
Por: Altair Santos
O piso de “cimento queimado” migrou das casas das áreas rurais para os mais arrojados projetos arquitetônicos. Hoje, desfila em eventos de decoração e virou sonho de consumo de arquitetos e decoradores. No entanto, para obter bons resultados é preciso dominar a técnica. Caso contrário, corre-se o risco de acontecerem erros no preparo da massa e na forma de “queimar” o cimento, o que resulta em imperfeições como manchas, fissuras e, consequentemente, infiltrações.
A opção pela aplicação do “cimento queimado” de forma artesanal exige, sobretudo, a contratação de mão de obra com experiência neste tipo de trabalho. Ele requer conhecimento no preparo da massa, no uso das ferramentas – principalmente da desempenadeira – e capricho. Afinal, o mau uso do material ou um desnivelamento podem comprometer o resultado. Para minimizar riscos, a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland) disponibiliza em seu site um documento que ensina como fazer e aplicar o “cimento queimado”.
Entre as principais recomendações, a ABCP orienta que a área de aplicação do “cimento queimado” fique isolada de 3 a 10 dias, para que se obtenha a cura do piso. “Um dos fatores que influencia a qualidade final do revestimento é a cura. Esse processo deve ser feito molhando-se a superfície logo após a execução”, sugere Rubens Curti, especialista da ABCP em tecnologia do concreto. Ele também recomenda que não se aplique “cimento queimado” em áreas submetidas a molhamento constante. “O piso queimado é muito liso”, alerta.
Como evitar a eflorescência
Quem trabalha com esse material também não orienta que ele seja aplicado sobre outros revestimentos. O ideal é que o piso antigo (madeira, cerâmica ou porcelanato) seja retirado e que o contrapiso seja refeito e nivelado, com a aplicação do “cimento queimado” em seguida. Para reduzir o risco de que surjam trincas, recomenda-se o uso de juntas de dilatação com, no máximo, um metro de distância entre elas. Estas juntas podem ser de madeira, de plástico ou de metal.
Da mesma forma, manchas também podem ser evitadas. A mudança da coloração se deve a um fenômeno conhecido como eflorescência, em que o cimento libera gases que chegam à superfície do piso. A opção por materiais de qualidade é essencial para que esse processo não ocorra. A escolha do cimento, a seleção de uma areia final, clara e lavada e a aplicação de resinas acrílicas com filtros que combatem raios UV (ultravioleta) tendem a evitar o “desbotamento” do revestimento.
Outra solução para se conseguir um piso de “cimento queimado” uniforme é a opção pelo concreto dosado em central ou a compra de argamassas pré-fabricadas que já vêm prontas para a aplicação. Há quem prefira também dar sofisticação ao piso. Neste caso, a substituição do cimento comum pelo cimento branco estrutural, revestido por resina plástica, transmite um efeito semelhante ao do porcelanato. Há ainda quem opte pelo tecnocimento – revestimento com espessura de 2 mm, que usa pó de limestone (espécie de pó de pedra), pó de mármore ou pó de quartzo no lugar da areia, e que dispensa juntas de dilatação.
Confira aqui as orientações técnicas da ABCP para pisos de “cimento queimado”
Entrevistado
Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) (via assessoria de imprensa)
Contato: dcc@abcp.org.br
Créditos Fotos: Divulgação