Veja os desafios e soluções do edifício mais alto de Itapema (SC)

Com 234 metros e 60 andares, ao ficar pronto, prédio estará entre os mais altos do país
2 de maio de 2024

Veja os desafios e soluções do edifício mais alto de Itapema (SC)

Veja os desafios e soluções do edifício mais alto de Itapema (SC) 1024 845 Cimento Itambé
Projeto do edifício teve desafios de transporte de energia, recalque hidráulico, climatização de áreas comuns e prevenção contra incêndio.
Crédito: Rodrigo Kirck Arquitetura

Nos próximos anos, a cidade de Itapema (SC) deverá ganhar o seu prédio mais alto, o Empire 234, com previsão de entrega para 2030. Como o nome sugere, o arranha-céu terá 234 metros de altura, 60 andares e mais de 50.000 m2 de área construída. Quando ficar pronto, ele estará entre os dez edifícios mais altos do país. 

Desafios e soluções deste projeto

A construção de um prédio desta magnitude engloba diversos desafios. Por conta disso, as soluções arquitetônicas e de engenharia deste empreendimento foram destaque na Feira Construsul, realizada em Balneário Camboriú. Confira as soluções utilizadas neste empreendimento:

  • Sistemas preventivos contra incêndio: o prédio contará com dois tipos de escada. Do térreo ao oitavo pavimento, será a enclausurada ventilada. A partir do nono pavimento, haverá uma antecâmara ventilada (tipo balcão). Não haverá escada pressurizada. Além disso, o prédio terá dois pavimentos com redutos (locais protegidos contra o fogo), com capacidade para 205 pessoas. Também haverá sistemas de sprinkler com 3.315 chuveiros automáticos e 683 detectores pontuais; 
  • O prédio contará com captação de ar limpo para renovação de ar dos redutos, que será realizado na cobertura;
  • Climatização de áreas comuns: serão 744 pontos para instalação de evaporadoras e 795 toneladas de carga térmica ou 9.543.000 BTU. Haverá splits individuais, multisplit e multisplit VRV. Ainda, a otimização da carga elétrica será realizada através do sistema VRV. A climatização foi planejada para reduzir o consumo energético;
  •  Sistemas elétricos e de telecomunicações: será feita uma subestação com 1.000kVA instalados. Serão 3 linhas de barramento, com o cerca de 780 m de barramento blindado;
  • Sistema hidrossanitário: o projeto prevê 20 estações redutoras de pressão, distribuídas em 10 pavimentos e instaladas em quatro colunas com diferentes configurações. Será feito um recalque hidráulico com um único lance sem necessidade de tanques intermediários, com motobombas de 60cv; 
  • Túnel de vento: ao construir um arranha-céu, um dos grandes desafios é a proteção contra o evento. De acordo com o arquiteto Rodrigo Kirck, do escritório Rodrigo Kirck Arquitetura, o projeto Empire 234 teve no seu início com as simulações em softwares de túnel de vento virtual. Em uma segunda etapa, houve a reformulação prismática para aumento de inércia. Na terceira, foi feita a confecção de maquete em escala com mais de 300 sensores para testes em túnel de vento na Inglaterra. Com os resultados, a equipe chegou à etapa de detalhamento pré-executivo de todas as disciplinas do futuro empreendimento;
  • Fundação: Kirck aponta que a fundação do Empire 234 ainda está em desenvolvimento, visto a complexidade de ancoragem da torre que sofre muito com relação à altura e ventos;
  • Projeto arquitetônico: Kirck menciona que os maiores desafios surgiram com a necessidade de mais de uma morfologia de pavimento tipo (também conhecido como pavimento padrão). Aliado a isso, há a complexidade da altura da edificação, necessitando compatibilizar com os limites impostos pelos projetos complementares.

Modelagem

Prédio terá a academia mais alta do Brasil em prédios residenciais.
Crédito: Rodrigo Kirck Arquitetura

Devido ao tamanho de empreendimento, complexidade do projeto e quantidade de elementos a serem modelados por todas as disciplinas, tornou-se necessário trabalhar e modelar os projetos das instalações divididos em setores. 

“Na primeira etapa de projeto, onde discutimos todas as necessidades técnicas do empreendimento, fizemos as análises gerais de toda a arquitetura e pensamos no conjunto completo das necessidades da engenharia. Assim, após recebermos o projeto de arquitetura revisado contendo as adequações solicitadas pela equipe da Exponent, nós partimos para as primeiras modelagens. A quantidade de divisões dos modelos é decidida em conjunto entre os responsáveis de cada projeto e equipe de qualidade da Exponent, observando as complexidades, quantidade de modelagens, e principalmente, as vantagens que a divisão dos modelos irá nos proporcionar, como: facilidade de exportar e compartilhar os projetos, facilidade de vincular os projetos, praticidade no processo de compatibilização e identificação de interferências”, explica Leandro Oliveira, engenheiro e coordenador de projetos na Exponent Engenharia.

Para o projeto Empire 234, optou-se por dividir os projetos em quatro setores, seguindo os critérios mencionados. De acordo com Oliveira, isso permitiu que trabalhassem de forma mais eficiente, como se estivesse lidando com quatro projetos distintos, mas sempre mantendo a visão integrada do projeto como um todo.

Uso do BIM no Empire 234

Crédito: Rodrigo Kirck Arquitetura

Para Oliveira, usar metodologias e processos BIM (Building Information Modeling) proporcionou melhor direcionamento dos projetos, desde os primeiros passos. Com a determinação de um bom Plano de Projeto contendo todas as definições de processos de trabalho, foram organizadas as informações que são cruciais para o direcionamento da elaboração dos projetos e principalmente no alinhamento das comunicações. 

“Além disso, usar processos e metodologias BIM nos proporciona aumento da qualidade dos projetos, como confiabilidade nos quantitativos de materiais, disponibilidade de informação dos projetos através de modelos em 3D, compatibilização entre todos os projetos, fidelidade das informações das plantas baixas com as modelagens e qualidade técnica dos projetos. Esses são apenas alguns dos aspectos que evidenciam os benefícios do BIM para o projeto e construção do Empire 234. A sua utilização não apenas otimizou os processos envolvidos, mas também contribuiu para um resultado de alta qualidade e alinhado às expectativas e necessidades do cliente”, destaca Oliveira.

Entrevistados
Leandro Oliveira é engenheiro e coordenador de projetos na Exponent Engenharia.
Rodrigo Kirck é arquiteto do escritório Rodrigo Kirck Arquitetura.

Contatos
Leandro Oliveira: leandro@exponent.eng.br 
Rodrigo Kirck: contato@rodrigokirck.com.br 

Jornalista responsável
Marina Pastore
DRT 48378/SP

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé. 

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