Os dados mais atualizados do Novo Caged mostram que a construção civil gerou 20.941 empregos com carteira assinada no Brasil, em setembro, ficando em quarto lugar na divisão por ramos de atividade, que também contempla serviços (98.206), comércio (43.465), indústria (43.214) e agropecuária (5.942).
Quando se realiza a divisão por segmentos, identificamos que a maior parte das vagas do setor ficou com obras de infraestrutura (8.047), seguida por serviços especializados (6.671) e construção de edifícios (6.223).
Já no acumulado do ano, a construção registrou 243.410 novos postos de trabalho no país e quase ultrapassou o número obtido durante todo o ano de 2021 (245.157), que foi o recorde desde a implementação do Novo Caged, em 2020. Para efeito de comparação, o setor computou 192.682 em 2022 e 94.712 em 2020.
Previsão de crescimento de vagas para 2024
Os dados do Ministério do Trabalho e Emprego indicam que o Sudeste é o Estado que contribui com a criação de mais vagas de emprego, chegando a 11.371, com São Paulo na primeira posição (4.948), Rio de Janeiro em segundo (3.386) e Minas Gerais em terceiro (2.435). Em relação a Minas, o registro de novas carteiras de trabalho em setembro superou o dos dois meses anteriores, sendo mais do que o dobro na comparação com agosto (1.019).
Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG, prevê crescimento ainda maior em 2024 e destaca o fato de que a construção civil é um setor com forte geração de emprego e renda na economia. “Quando o setor está crescendo, os reflexos são sentidos imediatamente no mercado de trabalho. A tendência é que a construção continue criando novas vagas com carteira assinada no próximo ano”, avalia, em entrevista ao Massa Cinzenta.
O executivo cita alguns fatores que justificam essa projeção. “As novas condições do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, que devem movimentar o mercado de segmento econômico; 2024 é um ano eleitoral e, geralmente, nesses períodos, observa-se incremento no número de obras, e, portanto, de empregos; temos o processo de redução da taxa de juros, a taxa Selic, e, com isso, espera-se uma redução nas taxas de juros de financiamento imobiliário; e, ainda, os lançamentos realizados em 2023 estão se transformando em obras, e, portanto, em novos empregos.”

Crédito: Sinduscon-MG/Divulgação
Mesmo com muitos pontos jogando a favor, Renato Michel aponta os principais desafios observados atualmente no mercado, tanto em Minas como no país, de forma geral. “A taxa de juros elevada, há cerca de um ano, é o principal problema enfrentado pela construção”, diz, referindo-se aos dados divulgados pela Sondagem da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com apoio da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (ENIC), com empresários do setor em todo o país.
“Os juros altos retiram recursos dos setores produtivos, como a construção, e direcionam para o mercado financeiro. Além disso, a caderneta de poupança, que é uma das principais fontes de financiamento imobiliário, perde recursos para outros tipos de aplicação, com maior rendimento”, explica. “Com menor volume de recursos, observa-se recuo no financiamento imobiliário com recursos da poupança. Ou seja, menor volume de recursos ao financiamento imobiliário, maior dificuldade de aquisição da casa própria.”
Além de fatores como elevada carga tributária e burocracia excessiva, o presidente do Sinduscon-MG também destaca a escassez de mão de obra qualificada como um dos principais problemas para o setor. “A construção vivenciou um grande período de queda de atividades (2014 a 2019) e, com isso, perdeu trabalhadores para outros segmentos. Além disso, o setor está avançando com a utilização de novos métodos construtivos, novos produtos, etc., e isso requer, cada vez mais, profissionais capacitados, com treinamentos específicos.”
Fonte
Renato Michel, presidente do Sinduscon-MG
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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