Autocicatrização do concreto garante maior durabilidade às estruturas

A engenheira civil Rafaela Eckbardt explica como funciona o processo e quais seus benefícios
2 de maio de 2024

Autocicatrização do concreto garante maior durabilidade às estruturas

Autocicatrização do concreto garante maior durabilidade às estruturas 1000 693 Cimento Itambé
Concreto autocicatrizante repara fissuras sem interferência externa.
Crédito: Envato

A primeira edição da Construsul BC – Feira da Indústria da Construção e Acabamento foi realizada em Balneário Camboriú (SC) de 23 a 26 de abril e reuniu cerca de 150 expositores do setor, além de promover uma série de palestras relevantes sobre os mais diversos assuntos. 

Um dos destaques foi a apresentação “Autocicatrização do concreto, o caminho para durabilidade das estruturas”, ministrada pela engenheira civil Rafaela Eckhardt, consultora técnica da Penetron. “Atualmente, a autocicatrização no concreto ocorre através de um aditivo cristalizante incorporado ao concreto fresco, que, em contato com água e com os compostos de hidratação do cimento, reage formando cristais insolúveis nos poros e fissuras do concreto, com aberturas de até 0,5 mm”, explica a especialista, ao Massa Cinzenta

“Este processo pode ocorrer em até 28 dias em contato permanente com água. Apesar do aditivo ser a forma mais utilizada no mercado, principalmente em situações de obras novas, há também o fornecimento desta tecnologia aplicada de forma tópica por projeção ou pintura sobre o concreto endurecido, ambas com o mesmo desempenho”, complementa.

O chamado concreto autocicatrizante tem a capacidade de “curar” ou reparar suas fissuras sem a intervenção externa, promovendo a selagem e recuperação das propriedades do material e mantendo sua estrutura. “Com base nos ensaios de penetração de cloretos e de carbonatação, em modelos de durabilidade, ou seja, em corpos de prova fissurados (considerando a situação mais crítica presente em obra), é verificada uma vida útil de 110 anos [em vez de 50] para a estrutura de concreto autocicatrizante, justificada pela proteção que o material dá à estrutura, impedindo a entrada de agentes agressivos ao concreto e ao aço”, afirma Rafaela Eckhardt.

Em relação aos custos, a especialista diz que eles são baixos, principalmente se forem considerados o custo/benefício e o ganho de durabilidade – e garante que o mercado já vem utilizando o material em larga escala.

A indicação para o seu uso, segundo ela, seria em situações de concretos hidráulicos, que terão contato com a água. “Sendo assim, se for citar estruturas que deveriam receber o autocicatrizante, teremos alguns exemplos na parte imobiliária: subsolos, piscinas, fundações, contenções, concreto aparente, poços de elevador etc. Já nas áreas de infraestrutura: Estações de Tratamento de Água (ETA) e Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), pontes, túneis, portos, silos, estádios, barragens etc.”

Com a tecnologia desenvolvida ao longo dos anos, a engenheira civil afirma que a autocicatrização foi aperfeiçoada, já que foi observado que “não há efetividade em durabilidade quando não se tem essa característica junto com a redução da permeabilidade, pois todo o concreto fissura, e, se esta fissura não for colmatada [preenchida], a penetração de agentes agressivos irá ocorrer por ela”. Rafaela reforça, ainda, que o Brasil, de forma geral, está bem avançado no assunto e que a tecnologia está consolidada. E destaca a realização do 1º Simpósio Brasileiro de Autocicatrização (Sibracic), na UFRGS, em Porto Alegre, em setembro deste ano.

Engenheira civil Rafaela Eckhardt participou da Construsul BC.
Crédito: Divulgação

A especialista também diz que não há uma norma técnica brasileira específica sobre autocicatrizante ou cristalizante, e que, por isso, são utilizadas como parâmetros as seguintes normas:

NBR 11768: Aditivos químicos para concreto de cimento Portland, que informa a existência de um aditivo redutor de permeabilidade (RP), porém, não aborda requisitos de desempenho e não fala sobre a característica de autocicatrização. 

GB 18445: Materiais cimentícios impermeabilizantes por cristalização capilar, onde aqui já constam informações de desempenho, além de abordar a cristalizante por adição e por pintura.

ACI 212.3: Relatório sobre aditivos químicos para concreto, onde aqui a tecnologia é descrita como aditivo redutor de permeabilidade, havendo a separação entre os cristalizantes, para condições hidrostáticas (PRAH – Permeability-Reducing Admixture: Hydrostatic Conditions), e os hidrofugantes, para condições não hidrostáticas (PRAN – Permeability-Reducing Admixture: Non-Hydrostatic Conditions).

Ainda sobre documentos técnicos, Rafaela Eckhardt informa que o CT 501 (Comitê Ibracon/IBI Estanqueidade de Estruturas de Concreto) está elaborando uma espécie de guia, que, futuramente, deverá ser uma norma, sobre o aditivo redutor de permeabilidade por cristalização capilar integral autocicatrizante, onde serão avaliados os desempenhos quanto à redução da permeabilidade e à autocicatrização de fissuras.

Fontes
Construsul BC – Feira da Indústria da Construção e Acabamento
Rafaela Eckhardt, engenheira civil e consultora técnica da Penetron

Jornalista responsável
Fabiana Seragusa 
Vogg Experience

A opinião dos entrevistados não reflete necessariamente a opinião da Cia. de Cimento Itambé. 

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