As informações oficiais do Anuário Estatístico da Previdência Social e os dados abertos sobre as Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) serviram de base para o novo estudo realizado pela Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT/CBIC), em correalização com o Sesi Nacional.
O levantamento, desenvolvido pelo médico e especialista em Segurança e Saúde do Trabalho (SST), Gustavo Nicolai, reuniu o número de incidências de doenças e acidentes no setor da construção entre 2010 e 2022. E o resultado mostrou uma redução de 11,7% na categoria de incidências de doenças de trabalho, deixando o setor na 8ª colocação, na comparação com outras atividades econômicas. No levantamento divulgado em 2022, a construção havia ficado na 7ª posição.
Já em relação aos índices de acidentes de trabalho, a construção mostrou valores 12 vezes menores do que a atividade de maior sinistralidade e se manteve no 6º lugar, o mesmo posto ocupado em 2022.
“Os números mostram como o nosso setor vem se desenvolvendo no sentido da prevenção de acidentes“, diz Ricardo Michelon, presidente da CPRT, da CBIC. “São dados que permitem o desenvolvimento de estratégias mais eficientes de prevenção aumentando a nossa assertividade nas ações.”
A CPRT informou ao Massa Cinzenta que informações mais detalhadas sobre o estudo são divulgadas apenas aos associados da CBIC.
Semana Canpat discutiu saúde e segurança no trabalho
De 2 a 6 de outubro, mais de 20 entidades se reuniram durante a Semana Canpat, promovida pela CBIC, para discutir o tema “Gestão da Segurança e Saúde na Construção: Como um Ambiente Seguro Favorece a Produtividade?”.
Foram realizados diversos painéis técnicos com a presença de especialistas de diferentes áreas, que, de forma on-line, compartilharam informações sobre assuntos como sistema de ancoragem, cintos de segurança para trabalho em altura e principais mudanças e avanços nas normas reguladoras.
Um dos convidados foi Luiz Carlos Lumbreras Rocha, auditor fiscal do trabalho, que falou sobre as obrigatoriedades para que o trabalhador realize atividades em altura, de acordo com a NR-35. Segundo ele, o profissional precisa ser aprovado no processo de capacitação, que envolve treinamento, teórico e prático, inicial, periódico e eventual.
“A aptidão e a capacitação estão ligadas à atividade desenvolvida pelo trabalhador, e, consequentemente, a autorização que é dada pela empresa tem que levar em conta isso: o que ele vai fazer, o tipo de capacitação (se é suficiente para o que ele vai fazer) e a aptidão que foi avaliada (se considerou o que ele vai fazer)”, explicou Rocha.
Rodrigo Fonseca, engenheiro e membro da comissão de estudo, implantação e uso do Sistema Individual Contra Queda pela Animaseg, também participou da Semana Canpat e falou sobre alguns erros que podem causar graves acidentes ou até morte.
Seguindo a cartilha Trabalho em Altura, da SIT (Secretaria de Inspeção do Trabalho), ele cita como exemplos de “o que não fazer” durante obras de construção o uso de vergalhão dobrado e de anel de suspensão. “Apesar de alguns dispositivos de ancoragem terem esse formato [do anel de suspensão], a configuração de projeto, de material e de testes é muito diferente”, enfatiza.
Fontes
Comissão de Política de Relações Trabalhistas (CPRT)
Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)
Jornalista responsável
Fabiana Seragusa
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