NASA investe em concreto para construir em Marte

29 de março de 2017

NASA investe em concreto para construir em Marte

NASA investe em concreto para construir em Marte 303 344 Cimento Itambé

Material desenvolvido na Northwestern University usa como agregados elementos presentes no planeta. Entre eles, enxofre e solo vulcânico

Por: Altair Santos

Bloco de concreto marciano desenvolvido na Northwestern University: resistência de 15 MPa

Bloco de concreto marciano desenvolvido na Northwestern University: resistência de 15 MPa

Levar uma missão a Marte até 2030 é o objetivo da NASA. Para chegar ao planeta, tem sido feito maciço investimento em tecnologia. O objetivo é adaptar equipamentos e materiais ao ambiente marciano, onde inexiste água em estado líquido, a atmosfera é altamente rarefeita e o solo carregado de elementos ferrosos. Uma das pesquisas neste sentido está em desenvolvimento na Northwestern University, em Chicago. Trata-se da combinação de agregados que permitirá produzir concreto naquele planeta.

Chegou-se a um material que usa o enxofre em estado líquido para substituir a água, além de cinzas vulcânicas da região do Havaí, nos Estados Unidos, que a NASA diz terem características semelhantes às do solo marciano. São agregados que existem fartamente no planeta, de acordo com constatações feitas pelos robôs já enviados a Marte. Só o cimento é o mesmo produzido na Terra, e que terá que ser transportado pela missão Mars One, como foi batizado o programa lançado em 2011.

Os cientistas Lin Wan, Gianluca Cusatis e Roman Wendnerda, da Northwestern University, estão à frente da pesquisa. Em laboratório, eles conseguiram criar as condições de pressão atmosférica, temperatura e gravidade de Marte, o que melhorou a resistência do “concreto marciano”. No clima da Terra, o enxofre em estado líquido gera um material com muitas cavidades e baixa resistência para ser usado estruturalmente. “O que buscamos agora é reduzir o volume de enxofre líquido na mistura. Por enquanto, o concreto que obtivemos precisa de 50% de enxofre e de 50% de solo vulcânico”, afirma Lin Wan.

Mais 10 anos de pesquisa

Imagem microscópica do “concreto marciano” exposto às condições climáticas da Terra (esq.) e de Marte (dir.)

Imagem microscópica do “concreto marciano” exposto às condições climáticas da Terra (esq.) e de Marte (dir.)

Segundo Gianluca Cusatis, as amostras coletadas do solo de Marte revelam que há elementos que podem tornar o “concreto marciano” ainda mais resistente. “Projetamos um concreto com resistência de 15 MPa, suficientemente forte para suportar as chuvas de meteoritos que atingem o planeta”, prevê o pesquisador. De acordo com Cusatis, a única vulnerabilidade do material desenvolvido nos laboratórios da Northwestern University é que ele tem baixa resistência ao fogo. “Existem pesquisas paralelas para o desenvolvimento de aditivos que possam minimizar esse problema”, diz.

Os cientistas afirmam que o “concreto marciano” é reciclável e o tempo de cura é muito mais rápido. Enquanto o material convencional precisa de 28 dias para atingir a resistência máxima, o produto desenvolvido pela equipe de Cusatis alcança seu desempenho em duas horas. Por esta razão, os pesquisadores avaliam que o “concreto marciano” é ideal para ser usado em impressoras 3D. “O plano é que a missão Mars One use impressoras 3D e os recursos naturais do planeta para imprimir as áreas que vão usar como habitação, centros de pesquisa e de armazenamento”, finaliza Gianluca Cusatis.

Cena do filme Perdido em Marte: ficção não está longe de virar realidade

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O grupo da Northwestern University avalia que nos próximos dez anos pode chegar a um material muito mais confiável para ser usado na missão. “Alimento e abrigo são dois fatores essenciais para que a viagem a Marte seja bem-sucedida. Nosso empenho, agora, é garantir performance de longo prazo ao concreto marciano”, explica Lin Wan.

Entrevistado
Departamento de engenharia da Northwestern University (via departamento de comunicação)

Contatos
ueoffice@northwestern.edu
civil-info@northwestern.edu

Crédito Fotos: Northwestern University/ Fox Film

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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