Garrafas PET substituem areia em bloco de concreto

25 de fevereiro de 2015

Garrafas PET substituem areia em bloco de concreto

Garrafas PET substituem areia em bloco de concreto 1024 768 Cimento Itambé

Resíduos plásticos entram com 15% na composição de artefatos como blocos de alvenaria, pavers, telhas e lajotas para calçamento de vias públicas

Por: Altair Santos

Pesquisa desenvolvida na área de engenharia ambiental da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) mostra que é viável agregar resíduos de garrafas PET na produção de blocos de concreto e pavers. Para a produção dos artefatos foram substituídos 15% da quantidade de areia por pó de garrafas. A motivação do trabalho veio por que, estima-se, há no Brasil um consumo anual de aproximadamente 250 bilhões de unidades PET. Deste total, cerca de 4,7 bilhões são lançadas indiscriminadamente no meio ambiente e 294 mil toneladas são recicladas anualmente, segundo dados do 9º Censo da Reciclagem do PET – realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (ABIPET).

Preparo dos resíduos de PET, até a obtenção da matéria-prima utilizada para substituir o agregado miúdo (areia)

O estudo foi coordenado pelos professores Aguinaldo Lenine Alves, Antonio Aparecido Zanfolim e Rony Gonçalves de Oliveira, além de dez acadêmicos do curso de engenharia ambiental da UEMS. “O estudo em questão levou dois anos. Porém, estamos estudando novas análises neste material, como, por exemplo, medidas granulométricas e análises térmicas. Também iniciamos o processo de patente”, explica Aguinaldo Lenine Alves, para quem os testes iniciais apresentaram “resultados animadores” para resistência mecânica, porosidade e absorção de água. Os artefatos produzidos na pesquisa obtiveram classificação C, com função estrutural para uso em elementos de alvenaria acima do nível do solo.

Premiação em 2012
A pesquisa que usa resíduos de garrafa PET em fabricação de blocos de concreto começou substituindo 5% de areia por resíduos triturados de garrafas PET. Os resultados estimularam o aumento do percentual para 10% e, em seguida, para 15%. “Na sequência da pesquisa, vamos testar percentuais maiores”, diz Aguinaldo Lenine Alves, cuja próxima meta é também atrair fabricantes de artefatos de concreto para testar os produtos no mercado. “Na primeira fase da pesquisa, apenas uma indústria aceitou fazer os testes dos corpos de prova e de conformidade. Já as medidas de resistência mecânica, absorção de água e porosidade foram realizadas no Laboratório de Caracterização Mecânica do Centro de Pesquisa em Materiais (CEPEMAT) da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul”, completa.

O grupo que testa resíduos triturados de garrafas PET também desenvolve outro projeto: incluir o material substituto da areia em telhas de argamassa e lajotas de concreto. “O objetivo é projetar lajotas para calçamentos de passeios públicos, incorporadas com resíduos plásticos”, revela Aguinaldo Lenine Alves. A equipe da UEMS tem expertise em pesquisar agregados alternativos. Em 2012, a universidade ganhou uma premiação nacional pelo desenvolvimento de microconcretos que incorporaram cinza da palha de arroz. “Atualmente também estamos desenvolvendo pavers agregando cinza do bagaço da cana e borracha de câmara de ar”, finaliza o pesquisador.

Entrevistado
Aguinaldo Lenine Alves, professor titular da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul nos cursos de engenharia ambiental e ciência da computação (graduação) e mestrado profissionalizante em matemática
Contato: lenine@uems.br

Créditos Fotos: Divulgação/UEMS

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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