Rawabi, um bairro planejado em plena Cisjordânia

17 de maio de 2017

Rawabi, um bairro planejado em plena Cisjordânia

Rawabi, um bairro planejado em plena Cisjordânia 150 150 Cimento Itambé

Projetado para receber até 40 mil pessoas, empreendimento imobiliário supera embargos e gera novas perspectivas para a engenharia palestina

Por: Altair Santos

Rawabi é o primeiro bairro planejado da Cisjordânia. Por estar em uma área conflituosa, a obra precisou de acordos com Israel para ser viabilizada. A princípio, houve problemas para o fornecimento de água e a tentativa israelense de cobrar pedágio para que o material de construção chegasse ao canteiro. O Reino Unido, através do ex-primeiro-ministro Tony Blair, liderou a negociação, que contou também com intermediações dos Estados Unidos e da ONU (Organização das Nações Unidas). A solução foi que o projeto consumisse material de construção produzido em Israel, incluindo o cimento.

Resolvidos os impasses, Rawabi já é quase realidade. As obras começaram em 2012 e o bairro fica pronto este ano (2017). Terá população inicial de 25 mil pessoas, podendo chegar a 40 mil. Por causa do clima na região, os prédios foram construídos com blocos autoclavados, que ajudam no desempenho térmico das edificações. Além dos prédios, Rawabi conta com toda a infraestrutura, incluindo serviços. É um desafio da engenharia e da arquitetura, em pleno território palestino.

A Palestina, que faz fronteira com Israel e Jordânia, se divide em três partes: Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Rawabi fica a 25 quilômetros de Tel Aviv, a segunda maior cidade de Israel. O objetivo do bairro planejado é atrair a classe média da região, vendendo unidades entre US$ 65 mil e US$ 150 mil (cerca de R$ 200 mil a R$ 650 mil). O empreendedor é Bashar al-Masri, que tem nacionalidade palestina e norte-americana e iniciou o projeto em 2007.

Bashar al-Masri afirma que nestes dez anos não descansou um só dia. “Não parei um único dia. Não foi uma viagem fácil até aqui, mas o resultado vale a pena. Palestinos que estavam residindo em Dubai, no Reino Unido ou na América estão voltando para sua terra por causa de Rawabi”, destaca Masri, afirmando que o bairro planejado também ajuda a combater o preconceito contra a Palestina. “Rawabi mostra à comunidade internacional que não somos o que são levados a acreditar: um bando de terroristas. Estamos prontos para construir nosso estado. Aqui está a prova”, afirma.

Emprego para engenheiros e arquitetos

Rawabi, no entanto, compartilha de um problema comum a todo o território da palestina: a falta d’água. Apesar de todas as negociações, Israel impôs cotas. Os problemas com abastecimento e com a passagem de material até o canteiro de obras do bairro planejado atrasaram o cronograma em três anos. O valor do empreendimento, estimado em US$ 900 milhões, e financiado por construtoras do Catar, já está US$ 140 milhões mais caro. Bashar al-Masri, porém, acredita que, apesar de todos os percalços, o bairro vai conseguir se pagar em cinco anos.

Outro fator que motiva Bashar al-Masri é que todo o projeto contou com a participação da Palestine Polytechnic University, gerando emprego para engenheiros e arquitetos locais, além de envolver toda a comunidade acadêmica na construção de Rawabi. Um exemplo é a engenheira civil Hanan Khalaf, de 23 anos. Recém-formada, ela é um dos muitos jovens que trabalham no projeto. “É tudo muito moderno, muito profissional. Algo que nós não conhecíamos na Palestina, por causa da nossa difícil situação de embargos”, revela. O desafio agora é tornar o bairro sustentável. O projeto prevê a atração de grandes marcas internacionais para o shopping center e também empresas de tecnologia, a fim de que Rawabi possa gerar mais empregos aos palestinos.

Entrevistado
Bashar al-Masri, empresário palestino que empreendeu o projeto Rawabi (via assessoria de comunicação)

Contatos
info@rawabi.ps
www.rawabi.ps

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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