Pesquisa encomendada pela Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) mostra que nos próximos 10 anos o Brasil vai precisar atender uma demanda por 30,7 milhões de moradias. Quase metade (14,4 milhões) será para abrigar famílias com renda entre 3 e 10 salários mínimos. As famílias com renda até 3 salários mínimos vão demandar por 13 milhões de novos domicílios. Já aquelas com mais de 10 salários de renda familiar estimularão a construção de 3,7 milhões de habitações.
O estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e coordenado pelo economista Robson Gonçalves, leva em consideração o crescimento da população brasileira e, consequentemente, das famílias até 2030. O levantamento faz projeções a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). A previsão de que o país vai necessitar de 30,7 milhões de moradias está na estimativa de crescimento médio de 3% ao ano na formação de famílias.
O levantamento também revela que, entre 2017 e 2019, o déficit habitacional brasileiro teve redução de 1,5%. O país atualmente carece de 7 milhões e 797 mil unidades contra os 7 milhões e 918 mil de 2017. Para Robson Gonçalves, a construção civil tem papel importante no combate à falta de moradias. “A construção civil fez um excelente trabalho, apesar de todas as dificuldades. A participação do setor no processo de redução e, mais recentemente, de estabilização do déficit de moradias é notável e ganha contornos ainda mais significativos diante da taxa de formação de famílias no Brasil, que é alta”, destaca.
Em uma década e meia, construção de moradias superou formação de novas famílias
Segundo o economista, a queda do déficit habitacional só acontece porque, desde 2004, o volume de construções de moradias tem superado o de formação de famílias. “Se formos observar, nesse período (2004-2019) o crescimento médio do número de domicílios foi da ordem de 5,2% ao ano, enquanto a taxa de formação de famílias chegou a 4,7% ao ano. Então, o desempenho da construção civil é algo bastante significativo do ponto de vista social”, frisa Robson Gonçalves.
O Nordeste foi a região com a maior queda no déficit habitacional. A região passou de um déficit de 2 milhões e 800 mil moradias para 2 milhões e 300 mil. “A queda reflete o efeito das políticas públicas para a expansão de casas populares no país, com foco na redução do déficit para famílias mais pobres. É importante que o Estado brasileiro tenha acesso a esse tipo de informação para seguir subsidiando a construção de habitação popular no país”, afirma o presidente da Abrainc, Luiz Antônio França.
O único dado mais alarmante da pesquisa é que houve crescimento de 2,01% na categoria chamada “ônus excessivo com aluguel”. Significa que famílias sem casa própria, e com renda de até 3 salários mínimos, vêm comprometendo mais de 30% da renda mensal para locar uma moradia. Em 2019, essa situação abrangeu 3 milhões e 345 mil famílias diante de 3 milhões e 279 mil em 2017. Um dos objetivos do Casa Verde e Amarela, que ainda aguarda tramitação no Congresso para ser executado, é atacar esse problema.
Veja os dados completos da pesquisa.
Entrevistado
Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias
Contato
comunicacao@abrainc.org.br
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330