Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha são líderes mundiais em desenvolvimento de equipamentos inteligentes para uso em canteiro de obras
Por: Altair Santos
Há 30 anos, a Associação Internacional de Automação e Robótica na Construção (IAARC, sigla em inglês) tem atingido cada vez mais países para propagar o uso de equipamentos inteligentes em canteiros de obras. Estados Unidos, Japão e Grã-Bretanha são os mais avançados no emprego destas tecnologias. Porém, desde 2012, Coreia do Sul, China, Índia e Brasil passaram a consumir máquinas em ritmo acelerado. No caso brasileiro, em menor número do que os demais integrantes do BRICS, por causa da alta carga tributária para importação.
Nos países em que se instala, a IAARC promove a Feira Internacional Sobre Automação e Robótica na Construção e Mineração. No ano passado, aconteceu em Montreal, no Canadá. Uma das novidades apresentadas no evento foi o robô que demole estruturas de concreto. O equipamento utiliza jatos de água de alta pressão para pulverizar e separar o material do elemento estrutural, bem como um sistema de aspiração para o recolher e armazenar os detritos. Batizada de ERO, a máquina permite que o aço armado fique completamente limpo e possa ser reutilizado.
O robô também possibilita separar o cimento do agregado, através de um processo de decantação faseada. Resultado de parceria entre a desenvolvedora de tecnologia Omer Haciomeroglu e o Instituto Umea de Design – ambos suecos -, a máquina, já em fase experimental de operação, é definida da seguinte forma pelos seus idealizadores: “De forma eficiente, desmonta estruturas de concreto sem deixar qualquer tipo de resíduo e poeira. A separação permite que materiais de construção sejam recuperados e reutilizados em novos edifícios de concreto que utilizam partes pré-fabricadas.”
Além do ERO, foi apresentado na feira um equipamento que ajuda a minimizar o erro humano em obras. O dispositivo utiliza a tecnologia laser EDM para escanear paredes, fiscalizar nivelamentos e investigar se o projeto é seguido à risca. Chamada de “robô construtor”, a invenção é uma parceria anglo-nipônica (Inglaterra e Japão) e permite também verificar as instalações elétricas e hidráulicas das edificações. Em formato de carrinho guiado por controle remoto, a máquina é facilmente operável.
Mais novidades
Na mais recente edição da feira sobre robótica na construção civil, os principais temas abordados foram o uso de GPS, GIS, RFID e sensores remotos na construção, além de gestão de recursos na engenharia civil, avaliação não invasiva e não destrutiva de estruturas de engenharia civil, planejamento na construção, simulação e visualização em computador e reabilitação estrutural assistida por softwares. Nenhuma destas tecnologias está ainda disponível no Brasil.
O próximo passo da robótica é utilizar o conceito das “impressoras 3D” para fabricar casas. Pesquisadores da Universidade de Southern California, nos Estados Unidos, estão convictos de que se o processo funciona com objetos pode funcionar para a construção civil. A ideia é utilizar a técnica chamada de “modelagem de contorno”, unido à extrusão de concreto, para levantar edificações em questão de horas. “Ao invés de plástico, a modelagem de contorno usará concreto”, diz Behrokh Khoshnevis, que coordena a pesquisa. A universidade conseguiu recentemente financiamento da gigante Caterpillar – empresa que constrói equipamentos pesados – para avançar nos estudos.
Confira o vídeo sobre a “Casa 3D”
Entrevistado
Associação Internacional de Automação e Robótica na Construção (via email)
Contato: isarc-secretariat@isarc2013.org
Crédito Foto: Divulgação