No Brasil, concreto translúcido ainda está na academia

30 de agosto de 2017

No Brasil, concreto translúcido ainda está na academia

No Brasil, concreto translúcido ainda está na academia 1024 617 Cimento Itambé

Pesquisadores alegam que faltam empresas dispostas a investir no material, o qual tem uso cada vez mais relacionado com a arquitetura

Por: Altair Santos

Segredo do concreto translúcido são as fibras ópticas

Segredo do concreto translúcido são as fibras ópticas

Em países europeus, assim como nos Estados Unidos, Canadá e Japão, o concreto translúcido está cada vez mais incorporado ao ambiente urbano e das edificações. A arquitetura desfruta do material para criar monumentos, destacar o mobiliário urbano ou como elemento decorativo em casas e edifícios. No Brasil, porém, a tecnologia ainda se limita às pesquisas acadêmicas, como revelou o professor-doutor Bernardo Tutikian, coordenador do Instituto Tecnológico de Desempenho para Construção Civil (itt Performance) da Unisinos-RS. “Faltam empresas para produzir e colocá-lo no mercado”, diz o pesquisador, que palestrou na edição 2017 do Concrete Show, realizado de 23 a 25 de agosto na cidade de São Paulo-SP.

O engenheiro civil Bernardo Tutikian atua na pesquisa do concreto translúcido desde 2009. Antes, em 2006, o professor-doutor Hélio Adão Greven deu os primeiros passos na UFRGS. Em 2008, com o professor Francisco Carvalho, foi a Universidade de Sobral-CE quem investiu no desenvolvimento do material. Em seguida, vieram a Universidade Federal de Santa Catarina, em 2010; a UNICAMP, em 2013, e mais recentemente a PUC-PR. No entanto, nenhuma empresa ainda se dispôs a produzir concreto translúcido em escala de mercado no Brasil, apesar de sua produção ser relativamente fácil. “O que torna o concreto translúcido é o uso de fibras ópticas. O essencial é que elas estejam de um ponto a outro, para permitir a passagem da luz”, explica Tutikian.

Paredes com blocos de concreto translúcido podem gerar economia de 20% em consumo de energia

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As fibras ópticas podem ser distribuídas uniformemente ou de forma randômica. Não existe uma restrição ao tipo de concreto a ser colocado na fôrma, apesar de que o autoadensável é o que tem sido usado com mais frequência. No começo do desenvolvimento da pesquisa, o custo do m3 ficava em torno de R$ 2.400,00. Atualmente, com a fibra óptica custando em torno de R$ 1,00 o metro, o valor de produção caiu consideravelmente. “O que ainda encarece é a mão de obra, já que o concreto translúcido segue produzido de maneira artesanal”, relata o professor da Unisinos, que ainda busca resposta sobre a durabilidade do material. “Temos peças na Unisinos que já duram dez anos. A dúvida é saber o quanto a fibra óptica resiste à alcalinidade do concreto. Diria que o estado da arte do concreto translúcido desenvolvido no Brasil hoje é de dez anos”, completa.

Luminosidade e normas técnicas
O concreto translúcido foi inventado em 2001 pelo húngaro Aron Losonczi, que patenteou a tecnologia em 2005. Não é à toa que a Hungria está entre os países que mais exportam peças de concreto translúcido. O material também está consolidado industrialmente em países como Alemanha, Áustria e República Checa. “Medições constatam que a tecnologia possibilita economia de até 20% no consumo de energia, devido à luminosidade que o concreto permite transpassar para o ambiente”, revela Bernardo Tutikian, lembrando que no Brasil o concreto translúcido deve seguir as principais normas técnicas que permeiam a construção civil no país, que são: ABNT NBR 15575 – Edificações Habitacionais – Desempenho; ABNT NBR 5674 – manutenção de Edifícios; ABNT NBR 14037 – Manual de Operações uso e Manutenção das Edificações, e ABNT NBR 16280 – Reforma em edificações – Sistema de gestão de reformas – Requisitos.

Bernardo Tutikian, no Concrete Show: Europa é o maior desenvolvedor de concreto translúcido

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Entrevistado
Engenheiro civil Bernardo Fonseca Tutikian, professor-doutor e coordenador do Instituto Tecnológico de Desempenho para Construção Civil (itt Performance) da Unisinos-RS (com base em palestra concedida no Concrete Show 2017)

Contato
bftutikian@unisinos.br

Crédito Fotos: LitraCon e Cia. de Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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