Universidade cria grupo para “fiscalizar” normas técnicas

8 de novembro de 2017

Universidade cria grupo para “fiscalizar” normas técnicas

Universidade cria grupo para “fiscalizar” normas técnicas 1024 768 Cimento Itambé

Quando documentos entram em consulta pública, estudantes da UNIVALI debatem texto, promovem ensaios e até propõem alterações aos comitês da ABNT

Na UNIVALI (Universidade do Vale do Itajaí), em Santa Catarina, o professor Rafael Zapelini Possobon formou um grupo de acadêmicos de engenharia civil para “fiscalizar” as normas técnicas em processo de elaboração ou revisão. O objetivo é testá-las antes que sejam publicadas. O grupo costuma entrar em ação quando as 
normas vão para consulta pública. Eles analisam, criticam, debatem, tiram dúvidas com professores e especialistas, testam em laboratório os dados da consulta e assim participam do processo normativo.

Estudante a partir do 4º período podem integrar o grupo de normas técnicas da UNIVALI

Estudante a partir do 4º período podem integrar o grupo de normas técnicas da UNIVALI

Possobon afirma que o objetivo é disseminar a prática da observância das normas publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Desde a criação, o grupo já analisou cerca de uma centena de normas técnicas. Boa parte delas relacionadas aos comitês técnicos CB-002 – Construção Civil, e CB-018 – Cimento, Concreto e Agregados. O professor da UNIVALI revela como surgiu a ideia e o tipo de conhecimento que a análise de normas técnicas agrega aos estudantes. Confira:

O senhor coordena um grupo de acadêmicos na UNIVALI para “fiscalizar” normas técnicas. Como surgiu a ideia?
Trabalho também como consultor dos sindicatos ligados à construção civil e quando comecei a dar aula percebi que a universidade também poderia acompanhar o desenvolvimento das normas, pois é interessante para os alunos, e para o setor também. Quanto mais pessoas monitorando o processo, melhor ele vai ficar.
O grupo tem integrantes fixos ou a cada norma são chamados novos acadêmicos?
O grupo tem integrantes fixos, que se reúnem toda a semana para discutir quais normas vão ser analisadas, e como está a situação. Sempre que existem itens muito específicos, e que necessitam de algum especialista, nós envolvemos essa pessoa, para que ela possa trocar informações, às vezes até com outros professores de outras disciplinas.
Normalmente, participam do grupo acadêmicos de qual período?
O grupo é aberto, mas na prática envolve alunos a partir do quarto
e quinto períodos, que já têm condições de analisar as normas.
Qual a importância para os acadêmicos fazerem parte de grupos como esse?
O processo normativo por si só deve ser o mais democrático possível. Quanto mais pessoas participarem, melhor as normas vão ficar. Então, o fato de os acadêmicos estarem participando, desde a sua formação, do processo normativo faz com que eles se tornem profissionais mais atualizados.
A ABNT enxerga com que olhos a análise do grupo da UNIVALI?
A princípio, não tive nenhuma documentação oficial da ABNT em relação a isso, mas tivemos uma publicação no site deles e acredito que vejam com bons olhos.
Quantas normas já foram analisadas pelo grupo e qual causou mais impacto no texto final?
Já chegamos na centena. Cada norma é marcante para cada aluno. Nós atuamos em uma nova para revestimento cerâmico externo que teve bastante repercussão. Cada um tem a sua experiência e as normas acabam marcando de maneira diferente cada acadêmico.
Do CB-002 – Construção Civil, e do CB-018 – Cimento, Concreto e Agregados, quantas normas já foram analisadas?
Estes
são os comitês que mais o grupo analisa normas, pois eles são os mais relevantes para a construção civil. Há outros importantes, como o CB-024, que é de segurança contra incêndios, que também analisamos bastante. Mas 60% das normas analisadas pelo grupo englobam o CB-002 e CB-018.
Esse grupo da UNIVALI é o único que fez esse tipo de trabalho ou a iniciativa existe em outras universidades?
Não conheço outro grupo que faça trabalho semelhante. É possível que estejamos sendo inovadores dentro das universidades.

Entrevistado
Engenheiro civil Rafael Zapelini Possobon, professor da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) na disciplina de teoria das estruturas II e engenheiro-administrador da Zapelini Construtora e Incorporadora Ltda

Contato: rafael.possobon@gmail.com

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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