Tijolos produzidos de escombros reconstroem Gaza

12 de janeiro de 2017

Tijolos produzidos de escombros reconstroem Gaza

Tijolos produzidos de escombros reconstroem Gaza 904 493 Cimento Itambé

Engenheiras reciclam destroços da guerra e usam cinzas pozolânicas para conseguir fabricar blocos de concreto economicamente viáveis

Por: Altair Santos

Majd Mashharawi mostra bloco de concreto produzido com escombros de prédios na Palestina

Majd Mashharawi mostra bloco de concreto produzido com escombros de prédios na Palestina

Duas engenheiras civis graduadas pela Universidade Islâmica de Gaza conseguiram produzir blocos de concreto usando como agregados escombros de alvenaria – resultado de dez anos de guerra -, e cinzas pozolânicas das usinas termelétricas da região. Com isso, reduziram o volume de Cimento Portland por unidade, sem perder características importantes dos blocos, como por exemplo a resistência à compressão. No território da Palestina, o cimento sofre boicote de Israel e, quando não entra contrabandeado, sua importação torna-se muito cara. Por isso, Majd Mashharawi e Rawan Abddllaht se dedicaram por três anos pesquisando um material que permitisse criar tijolos para edifícios construídos em alvenaria estrutural.

O desafio foi encontrar a combinação ideal dos agregados para produzir blocos com resistência mínima de compressão de 5 MPa. “Dos três anos de pesquisa, metade foi consumido para encontrar a resistência ideal. Optamos também por blocos com medida de 39 x 14 x 19 centímetros. Mas foram vários ensaios de compressão. Muitos deles frustrantes, pois achávamos que não iríamos conseguir”, afirma Majd Mashharawi. O esforço valeu à pena. A dupla de engenheiras ganhou em Tóquio o prêmio Japão-Gaza Innovation Challenge (JGIC), organizado pela Agência das Nações Unidas de Socorro e Trabalho para os Refugiados da Palestina (UNRWA).

Cinzas pozolânicas são agregadas ao concreto usado para fabricar os tijolos

Cinzas pozolânicas são agregadas ao concreto usado para fabricar os tijolos

Por causa dos agregados, os blocos são mais leves e com preço 30% menor que os convencionais. Como reutilizam materiais recicláveis também são mais sustentáveis, o que levou as engenheiras a batizá-los de “GreenCakes”. “Há um volume grande de matéria-prima para a produção dos blocos”, diz Rawan Abddllaht. As termelétricas do território palestino produzem 10 mil toneladas de cinza de carvão por semana. Já os escombros fazem parte do dia a dia dos palestinos, após dez anos ininterruptos de guerra. O que faltava era um processo para industrializar os blocos. A dupla de engenheiras viabilizou através de uma campanha de crowdfunding. Assim, conseguiram comprar máquinas usadas e montar uma linha de produção capaz de fabricar 40 mil blocos por dia.

 

Meta é atender 18 mil famílias
O objetivo das engenheiras é conseguir construir prédios para abrigar 18 mil famílias que perderam suas

Campanha de crowdfunding permitiu produção industrial dos blocos

Campanha de crowdfunding permitiu produção industrial dos blocos

casas e vivem em abrigos. A indústria japonesa da construção civil, sensibilizada com o empenho das engenheiras, participou ativamente do crowdfunding, além de ter oferecido cursos de aperfeiçoamento para produção de blocos de concreto a uma equipe que trabalha na fábrica de Majd Mashharawi e Rawan Abddllaht. A ONU, através da UNRWA, também tem encorajado o empreendimento das engenheiras de Gaza. Em junho de 2016, o bloqueio à Palestina – e em especial à área conhecida como Faixa de Gaza – entrou em seu décimo ano, o que causou uma paralisia na economia do território palestino. A taxa de desemprego entre jovens adultos, com idade até 25 anos, é de 61%. Com a fábrica de “GreenCakes”, elas também ajudam a aquecer o mercado de trabalho em Gaza.

 

 

Prédios construídos com os blocos: objetivo é erguer 18 mil unidades em Gaza

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Entrevistadas
Engenheiras civis Majd Mashharawi e Rawan Abddllaht, pesquisadoras da Universidade Islâmica de Gaza (via departamento de comunicação)

Contato
public@iugaza.edu.ps

Crédito Fotos: Divulgação/Inhabitat

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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