Setor de pré-fabricados solidifica crescimento

16 de agosto de 2012

Setor de pré-fabricados solidifica crescimento

Setor de pré-fabricados solidifica crescimento 150 150 Cimento Itambé

Dados da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC) mostram que, desde 2007, empresas têm obtido desempenho médio anual de 15%

Por: Altair Santos

Sistemas construtivos que utilizam pré-fabricados de concreto para a execução de estruturas encontraram um ambiente de crescimento sustentável no Brasil. Desde 2007, segundo dados da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) o setor tem se expandido, em média, 15% ao ano – índice que tende a se confirmar em 2012. “Hoje, não somente as obras industriais, os centros de distribuição e logística e os shopping centers usam os pré-fabricados. O sistema se expandiu para construções habitacionais, estádios de futebol, edifícios escolares, pontes e viadutos. Todos buscam vivenciar os principais benefícios da industrialização, que são prazo e qualidade”, avalia a presidente-executiva da ABCIC, Iria Lícia Oliva Doniak.

Iria Lícia Oliva Doniak, da ABCIC: no Brasil, 50 empresas produzem 80% dos pré-fabricados.

A expectativa é que nos próximos dois anos o volume de empresas que produzem e montam estruturas pré-fabricadas cresça no país. Hoje, de acordo com dados da ABCIC, 50 companhias são responsáveis por 80% das peças negociadas no Brasil. “São números que referem-se aos nossos associados, não incluindo aí empresas que produzem elementos pré-fabricados como postes, lajes treliçadas e vigotas”, destaca Iria Doniak, que lembra que as primeiras indústrias voltadas à pré-fabricação se instalaram no país nos anos 1950. “Temos muitas empresas tradicionais e também um bom número de profissionais com vasto conhecimento. Diria que o Brasil tem um parque fabril compatível com as tecnologias aplicadas na indústria internacional, que engloba normas técnicas, qualificação profissional, certificação das plantas produtoras e visão empresarial.”

Apesar dos avanços, o setor avalia que ainda há desafios a serem superados. Entre eles, a busca de uma igualdade na carga tributária com os sistemas convencionais. “Pelo fato de as estruturas serem produzidas industrialmente, temos incidência de ICMS sobre nossos produtos, fato que não ocorre nos países europeus e nos Estados Unidos. Um outro desafio é cultural. Afinal, muitos organismos de governo, em todas as esferas, têm dificuldades em formatar processos de licitação que considerem a construção industrializada. A referência deles, historicamente, está embasada há anos em sistemas convencionais”, ressalta a presidente-executiva da ABCIC.

Prédio em 23 dias

No entanto, de acordo com o anuário 2011 da ABCIC, o setor de pré-fabricados tem espaço para crescer, literalmente, para “cima”.  Os edifícios com mais de cinco andares tendem a ser o novo nicho deste tipo de sistema construtivo. “No mundo todo há prédios adotando construções híbridas, combinando a construção convencional com pré-fabricados. Na Espanha e na Bélgica já existem edifícios com 250 metros de altura. Entendemos que na medida em que a mão de obra fica mais escassa, e os canteiros de obras mais mecanizados, novas oportunidades despontam a favor da industrialização”, afirma Iria Doniak.

A dirigente da ABCIC analisa ainda que o Brasil tem uma regulamentação que já permite a entrada de pré-fabricados na construção de edifícios. “Temos o Sistema Nacional de Avaliações Técnicas (SINAT), a ITA (Instituição Técnica de Avaliação) e o DATEC (Documento de Avaliação Técnica) que passaram a referendar o setor. Tanto é que a Precon Engenharia, de Belo Horizonte, já possui um sistema de construção homologado e que foi o primeiro a receber o Selo Casa Azul de Construção Sustentável, da Caixa Econômica Federal. Com ele, é possível fazer a montagem de um prédio de quatro andares, com estrutura, vedação, revestimentos, esquadrias e instalações elétricas, em 23 dias. Além disso, é um modelo de construção que gera, sob o ponto de vista da sustentabilidade, pelo menos seis mil toneladas a menos de resíduos. Isso mostra que, efetivamente, a industrialização está cada vez mais presente no dia a dia da construção civil brasileira”, completa Iria Doniak.

Entrevistada
Iria Lícia Oliva Doniak, presidente-executiva da ABCIC
Currículo

– Graduada em engenheira civil pela PUC-PR (1988)
– Está no setor de concreto desde 1986, com foco principal na construção pré-fabricada, e atualmente é membro do Comitê de Revisão da NBR 9062 (Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-Moldado) e da Comissão de Estudos da NBR 14861 – Lajes alveolares pré-fabricadas de concreto
– É a presidente-executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) e representante da ABCIC junto à fib (fédération internationale du béton) e junto ao conselho do IBRACON (Instituto Brasileiro do Concreto)
Contato: iria@abcic.org.br

Créditos foto: Divulgação/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil