Sete virtudes destacam prédios de Recife

26 de novembro de 2012

Sete virtudes destacam prédios de Recife

Sete virtudes destacam prédios de Recife 1024 963 Cimento Itambé

Edificações com quase 130 metros de altura investem em inovações e conseguem superar a reação álcali-agregado, uma característica da capital pernambucana

Por: Altair Santos

Torres Gêmeas. Esse é o apelido que os recifenses deram aos edifícios Píer Maurício de Nassau e Píer Duarte Coelho, que levaram modernidade ao centro velho da capital pernambucana. No entanto, a coincidência com os prédios que até 2001 foram referência para Nova York e para o mundo para por aí. Nos empreendimentos que estão de frente para Olinda, a concepção arquitetônica e o modelo de construção em nada se comparam às edificações norte-americanas. Utilizando 100% de tecnologia nacional, e apostando no potencial do concreto para erguer arranha-céus, o projeto foi eleito pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) como a melhor edificação do Brasil em 2012.

João José Asfura Nassar (dir.): Recife tem características que incentivam a construção de edifícios esbeltos.

Sete virtudes garantiram o prêmio às Torres Gêmeas de Recife: concepção estrutural, processo construtivo, originalidade, monumentalidade, relação com o ambiente, esbeltez e estética. “Dificilmente, um empreendimento consegue nota máxima em todos os quesitos e a somatória de pontos acaba por definir o ganhador. No caso desse empreendimento, seus destaques foram a concepção estrutural, simples para a esbeltez, e o formato do edifício. A originalidade na interação com a fundação, para uma solução inovadora que vencesse os desafios do solo de Recife, juntamente com a estética, além da relação com o ambiente, também conquistaram importantes pontos que garantiram o merecido prêmio para este projeto”, explica Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da ABECE.

Com função habitacional, o Píer Maurício de Nassau e o Píer Duarte Coelho têm 42 andares cada um, com apartamentos medindo 247 m², e que, a princípio, criam um contraste estético na área central da capital pernambucana. Os edifícios localizam-se em uma região portuária cercada de antigas linhas férreas desativadas. Desabitados ou sem população fixa, esses setores da cidade, a partir dos novos empreendimentos, passam por um processo de reurbanização. “Foi pensando na implantação desse arrojado projeto que a Moura Dubeux Engenharia S/A partiu para a modernização através da construção das duas torres. A região central do Recife voltou a ser local para moradia com qualidade de vida”, avalia o engenheiro civil João José Asfura Nassar, autor do projeto estrutural.

Torres Gêmeas de Recife: reação álcali-agregado foi neutralizada com metacaulim.

Além de superar o desafio imposto pelo local em que foi construído, as Torres Gêmeas de Recife também suplantaram obstáculos técnicos. Contando com pesquisas e testes realizados nas universidades de Pernambuco, os prédios neutralizaram, por exemplo, a propensão a reações álcali-agregado nas estruturas dos edifícios recifenses. “Nas fundações do empreendimento, para inibir a reação álcali-agregado (RAA) foi utilizado adição de metacaulim na proporção de 12%. Esta recomendação hoje é utilizada em todas as fundações das edificações de Recife“, revela Nassar. Além disso, as edificações consumiram concreto com resistência característica (fck) variando ao longo de sua altura, partindo de fck ≥ 50MPa até fck ≥ 35MPa. O volume empregado foi de 14.250 m³.

Com 126,47 metros de altura, o projeto das torres não precisou ser submetido a testes em túnel de vento por que Recife tem uma das menores velocidades de vento no mundo. “Isso permite fazer edifícios com esbeltez alta, chegando até a valores de 14. Só para se ter uma noção, no mundo existe uma tabela para classificar a esbeltez dos edifícios e poucos passam do nível seis, o que já indica alta esbeltez”, comenta João José Asfura Nassar. Por esse motivo foi possível inovar na fundação dos edifícios, que utilizaram estacas metálicas com seção decrescente. “Inicialmente, foram executadas estacas-piloto e realizados vários ensaios de carregamento dinâmico e provas de carga estática, que atestam a viabilidade técnica da solução. O projeto foi então desenvolvido, trazendo resultados plenamente satisfatórios”, finaliza o projetista.

Entrevistados
– Augusto Guimarães Pedreira de Freitas, vice-presidente de relacionamento da ABECE.
– João José Asfura Nassar, autor do projeto estrutural e sócio da Nassar Engenharia Estrutural S/C Ltda.
Currículos

Augusto Guimarães Pedreira de Freitas é graduado em engenharia civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo) em 1988
– Possui especialização em vários cursos de extensão na área de projeto estrutural de concreto armado e protendido, alvenaria estrutural e garantia de qualidade
– É sócio e diretor-administrativo do escritório Pedreira de Freitas S/C Ltda
– Ocupa a vice-presidência de relacionamento da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural)
João José Asfura Nassar é graduado em engenharia civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1979
– É um dos pioneiros nos estudos de reações álcali-agregado nas edificações de Recife
– Em 1985 fundou a Nassar Engenharia Estrutural S/C Ltda
– Já elaborou cerca de 2.400 projetos no Brasil e outros países, como Angola e Honduras
Contatos: engenharia@nassarengenharia.com.brwww.premiotalento.com.br / www.abece.com.br
Créditos fotos: Abece / Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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