Revisão da NBR 6118 abrange concretos de alta resistência

11 de outubro de 2012

Revisão da NBR 6118 abrange concretos de alta resistência

Revisão da NBR 6118 abrange concretos de alta resistência 150 150 Cimento Itambé

Segundo a engenheira Suely Bueno, que coordena a comissão da ABNT responsável pela norma, reavaliação abre espaço para novas tecnologias em torno do material

Por: Altair Santos

Em processo de revisão, a norma NBR 6118 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento vai permitir que concretos de alta resistência, de 50 MPa a 90 MPa, sejam usados com maior segurança nas obras dentro do país. A expectativa é que ela também propicie avanços tecnológicos ao material, segundo avalia a engenheira civil Suely Bacchereti Bueno, que coordena a comissão da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) responsável pela revisão da NBR 6118. Na entrevista a seguir, ela detalha o que vai mudar em relação à edição de 2003 e quando a norma deverá entrar em vigor:

Suely Bacchereti Bueno: NBR 6118 vai permitir que novas classes de concreto cheguem ao mercado com segurança.

A edição 2003 da NBR 6118 fixava a resistência entre 20 MPa e 50 MPa como condição básica exigível para projetos de estruturas de concreto. Com a revisão em curso, serão abrangidos concretos de alta resistência?
A principal mudança na NBR 6118 é a introdução das classes de concreto com resistência acima de 50 MPa. Agora chegaremos até 90 MPa. Já estávamos utilizando em algumas obras concretos com resistências maiores que 50 MPa, seguindo as recomendações das normas internacionais, e com ótimos resultados. Acreditamos que chegou a hora de introduzir estas novas classes de concreto e assim ampliar a sua utilização.

Projetos de concreto para edificações e pontes serão os mais impactados pela norma revisada?
Não existem grandes impactos nesta revisão proposta. Diferentemente da revisão de 2003, quando nossa norma passou por uma grande reformulação, estamos fazendo apenas ajustes baseados no conhecimento que foi agregado ao longo destes anos. O conceito de revisão das normas é que está mudando. A ideia é que elas estejam em processo contínuo de evolução e que sejam publicadas revisões num intervalo máximo de cinco anos.

Após a etapa da conclusão da revisão, quando ela irá para consulta pública e por quanto tempo deverá ficar nesse estágio?
Ainda não definimos qual será o tempo que vamos indicar à ABNT para consulta pública. Acredito que o prazo não deva ser longo, pois as mudanças não foram grandes e toda a comunidade técnica tem acesso aos textos propostos de forma que nada será uma grande novidade.

A expectativa é que na consulta pública haja muitas mudanças ou a tendência é ela ser aprovada quase que com o texto original?
Nós gostaríamos que todos estivessem participando e tomando conhecimento do que está sendo proposto ao longo do processo. Estamos sempre fazendo ampla divulgação das reuniões e abertos para sugestões através do Livelink da ABNT. Qualquer pessoa pode se cadastrar no sistema, ter conhecimento ao texto que é atualizado a cada reunião da comissão e enviar sugestões utilizando o formulário que está disponível no site. Todas as sugestões serão analisadas pela comissão e receberão um retorno nosso quanto à sua aprovação, rejeição ou se esta sugestão será arquivada para a próxima revisão. Com este processo de trabalho, acredito que se as pessoas se manifestarem, dentro dos prazos, não teremos tantas questões durante o período de consulta pública. Com esta perspectiva de um processo de revisão constante tudo fica mais confortável.

Já há uma data de quando a norma passará a entrar em vigor?
Nossa norma foi aprovada pela ISO (International Organization for Standardization) em 2007, passando a ser uma norma reconhecida internacionalmente. Como signatários da ISO, temos o compromisso de atualizar ou confirmar nossos documentos a cada cinco anos. Desta forma, nosso objetivo é o fechamento do texto em 2012 e a entrega para a ABNT, estourando um pouquinho nosso prazo, mas já com um resultado para a próxima reunião da ISO que deve acontecer em junho de 2013.

Quantos especialistas estão envolvidos na revisão da norma?
Esta proposta de revisão começou com uma coleta de sugestões que foi lançada pela ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural). Recebemos inúmeras sugestões de todo o país. Foi então desenvolvido um trabalho de avaliação destas sugestões dentro do CT-301 do IBRACON em parceria com a ABECE. Tivemos a colaboração, não só dos membros do Comitê, mas também de inúmeros profissionais e pesquisadores que nos enviaram trabalhos, sugestões e que também avaliaram as propostas. Hoje temos um grupo de aproximadamente 20 especialistas que está participando mais ativamente das reuniões. Mas como eu disse antes, todos podem participar nesta revisão e nas próximas. Basta abrir mão de algumas horas, que na maioria dos casos, é tirada do nosso lazer.

Por que a NBR 6118/2003 é também chamada de norma-mãe (ou NB-01)?
Uma norma é chamada de norma-mãe quando ela define diretrizes e conceitos que serão utilizados por várias outras normas. Por exemplo, as normas de estruturas pré-moldadas, paredes de concreto, lajes alveolares não vão definir como se dimensiona uma seção de concreto armado ou protendido, pois isto está definido na NBR 6118. É que vai fornecer diretrizes específicas para os elementos que estão em foco nas outras normas. Quanto à numeração NB-1, acredito que seja porque foi a primeira norma a receber uma numeração pela ABNT. Esta história da criação da ABNT pode ser conferida num documento disponível na internet com o título de ABNT 65 anos. Ele traz todo o relato das primeiras reuniões que formaram a ABNT e a oficialização da NB-1, em 28 de setembro de 1940.

A revisão da NBR 6118/2003 abre espaço para avanços na tecnologia do concreto?
Sem sombra de dúvida. As resistências características do concreto vão crescer com certeza, incluindo um melhor detalhamento dos tipos de agregados relacionados com o Módulo de Deformação do Concreto, a influência das diversas características climáticas neste nosso país continental e uma melhor definição dos graus de agressividade, tudo isso com os devidos mapeamentos. Enfim, toda a evolução das pesquisas que estão sendo realizadas no Brasil e no mundo aplicadas ao dimensionamento das peças serão agregadas com a revisão da norma. Temos um enorme campo de desenvolvimento.

Entrevistada
Suely Bacchereti Bueno, coordenadora da comissão da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) responsável pela revisão da NBR 6118
Currículo
– Suely Bacchereti Bueno é graduada em engenharia civil pela EPUSP (Escola Politécnica da Universidade de São Paulo). Iniciou seu desenvolvimento na área de estrutura, em 1973 , na empresa Roberto Rossi Zuccolo Engenharia Civil e Estrutural Ltda., atuando na área de edificações e obras de arte
– Em 1980, passou a integrar o quadro de engenheiros do Escritório Técnico Julio Kassoy e Mário Franco Engenheiros Civis Ltda. onde, a partir de 1986, passa a integrar esta sociedade, desenvolvendo inúmeros projetos de edifícios Altos e obras especiais
– É vice-presidente de relacionamento da ABECE (Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural) e coordenadora da CE 02:124.15 – Comissão de Estudo de Estruturas de Concreto – Projeto e Execução, constituída pela ABNT para revisar a NBR 6118 Projeto de estruturas de concreto – Procedimento
Contato: abece@abece.com.br
Créditos foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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