Revisão da ABNT 8953 estimula tecnologia do concreto

28 de março de 2012

Revisão da ABNT 8953 estimula tecnologia do concreto

Revisão da ABNT 8953 estimula tecnologia do concreto 150 150 Cimento Itambé

Norma aprimora a concretagem e incentiva a boa construção, demonstrando ao consumidor que há concretos específicos para cada finalidade

Por: Altair Santos

Está em vigor, desde 2011, a versão corrigida da ABNT NBR 8953:2009 Errata 1:2011 – Concreto para fins estruturais – Classificação pela massa específica, por grupos de resistência e consistência. Sob o ponto de vista técnico, a norma estimula o uso de concretos que agilizem a descarga e sua aplicação, além de facilitar o bombeamento. Ela também ajuda a combater as deficiências de adensamento do material e a decorrente perda de resistência e desempenho da estrutura.

Carlos Campos: "A normalização é imprescindível ao bem construir”

Carlos Campos: "A normalização é imprescindível ao bem construir”

Mas há um componente ainda mais importante agregado à revisão da ABNT NBR 8953:2009. Segundo o mestre em estruturas e concreto, Carlos Campos, a norma serve de estímulo ao desenvolvimento tecnológico do concreto. “Ela aprimora conceitos de concretos leves e densos, permite uma abordagem mais específica de concretos mais fluidos, com abatimentos elevados ou elevadíssimos, como no caso dos concretos autoadensáveis. Tais conceitos induzem o consumidor, e também o construtor, a considerar que há concretos específicos para cada finalidade. Trata-se de um grande estímulo à tecnologia do concreto”, resume.

O especialista destaca ainda que a revisão da ABNT NBR 8953:2009 acrescenta informações de padronização, sem tolher a criatividade de projetistas e construtores, que poderão especificar concretos convenientes a cada caso ou condição de concretagem. “As empresas de serviços de concretagem passarão a oferecer um produto normalizado. Esclarece os clientes, que, em alguns casos, supunham estar a concreteira empurrando um produto que ele, consumidor, pensava não precisar. Para muitos consumidores, o pedido de um concreto bombeável com fck 30,0 MPa serviria para executar tudo na obra, desde os pilares e lajes do subsolo ao pavimento mais alto. Com a correção da norma, oficializa-se que não é assim”, completa.

Sobre os três critérios que norteiam a norma (massa específica, grupo de resistência e trabalhabilidade) Carlos Campos afirma que eles reforçam o bem construir. “Um grande número de manifestações patológicas nas obras advém do uso inadequado de um material. O concreto é particularmente muito suscetível ao mau uso. O que a norma permite é um diálogo mais claro entre projetista e construtor, por oferecer uma lista de opções normalizadas. Um exemplo: para se construir um bunker de instalação de uma câmara de tratamento radiológico, pode-se dialogar com o projetista da estrutura quanto ao uso de uma parede muito espessa ou o uso de um concreto denso, de massa específica alta, elaborado com agregados pesados como barita ou hematita. A normalização é muito saudável para quem produz ou consome. É imprescindível ao bem construir”, afirma.

NBR 8953: revisão insiste que existem concretos adequados para cada caso.

Ainda de acordo com Carlos Campos, a revisão da ABNT NBR 8953:2009, Versão Corrigida 1:2011, praticamente abole o uso de concretos exóticos, como o de fck 13,5 MPa ou o de fck 18 MPa – muito usados na década de 1990. “A norma insiste que, além das classes de resistência, a massa específica e a consistência também são importantes para classificar um concreto. Historicamente, fomos condicionados a acompanhar uma concretagem apenas com a verificação do resultado de resistência à compressão. Apresentou resistência à compressão igual ou superior ao fck, está bom e aceito o concreto. Não se dava maior importância ao abatimento, ao consumo de cimento e à relação água-cimento. Com a norma revisada, fica claro que existem concretos adequados a cada caso. E o mais importante: normalizados”, ressalta.

 Pontos de destaque da ABNT NBR 8953:2009, Versão Corrigida 1:2011

1) Classifica os concretos em normais, leves ou pesado/denso, em função de sua massa específica, classificação que não ocorria em nenhuma outra norma.

2) Classifica os concretos em 3 grupos, sendo os grupos I e II concretos estruturais e um grupo de concretos não estruturais que seriam os fck 10 MPa e o 15 MPa. Os concretos do grupo I começam com o fck 20 MPa e vão até o fck 50 MPa. Os concretos do Grupo II são considerados de alto desempenho e começam com fck 55 MPa e atingem até fck 100 MPa.

3) Classifica os concretos pela sua trabalhabilidade, sendo criadas 5 classes:

– S10: concretos com consistência seca, que vão desde o abatimento 10 mm até 45 mm
– S50: concretos pouco trabalháveis, que vão desde o abatimento 50 mm até 95 mm
– S100: concretos de aplicação normal, que vão desde o abatimento 100 mm até 155 mm
– S160: concretos plásticos aplicados por bombeamento, que vão desde o abatimento 160 mm até 215 mm
– S220: os concretos fluídos

Fonte: ABNT

Entrevistado
Carlos Campos, diretor da empresa Carlos Campos: laboratórios, obras e consultorias
Currículo

– Geólogo pela Universidade de Brasília (1968)
– Diretor da empresa Carlos Campos: laboratórios, obras e consultorias (desde 1973)
 – Mestre em engenharia civil, estruturas, concreto e construção civil, pela Universidade Federal de Goiás (2000)
– Diretor Técnico do IBRACON, de 2007 a 2011
 – Professor de pós-graduação na UNIP (Universidade Paulista) no curso de patologias e terapias nas edificações
Contato: cc@carloscampos.com.br

Créditos foto: Divulgação / Carlos Campos

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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