Como a reforma da Previdência pode afetar a engenharia

18 de janeiro de 2017

Como a reforma da Previdência pode afetar a engenharia

Como a reforma da Previdência pode afetar a engenharia 600 400 Cimento Itambé

Especialistas avaliam que empresas podem perder o conhecimento já incorporado em seu capital humano e terem de recorrer a consultorias

Por: Altair Santos

Engenheiros com notório saber podem antecipar aposentadoria se nova lei vier a prejudicá-los

Engenheiros com notório saber podem antecipar aposentadoria se nova lei vier a prejudicá-los

A reforma da Previdência que o governo federal encaminhou recentemente ao Congresso Nacional pode retirar engenheiros com notório saber do mercado de trabalho. Segundo consultorias em gestão de pessoas, os profissionais da geração baby boomer (nascidos entre 1946 e 1964) tendem a antecipar a aposentadoria diante do receio de perder direitos.

Preocupados com essa perspectiva, há CEOs (Chief Executive Officer) buscando alternativas para suprir o que eles definem como “déficit de competências”. Entre as soluções estão: ampliar benefícios para reter os profissionais experientes e reforçar programas de mentoria, a fim de formar novos engenheiros-seniores.

De acordo com 93% dos CFOs entrevistados pela consultoria Robert Half, a possibilidade de perder precocemente profissionais de engenharia que tenham mais de 55 anos – em função da reforma previdenciária – é real. Valter Fanini, vice-presidente do SENGE-PR (Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná), também concorda.

Elisângela Pereira: reforma despertou a atenção para projeto de vida previdenciária

Elisângela Pereira: reforma despertou a atenção para projeto de vida previdenciária

Para ele, o conhecimento já incorporado no capital humano da empresa pode ficar comprometido. “A reforma da Previdência ameaça descontinuar o conhecimento, gerando um problema organizacional nas corporações”, diz. Já a advogada especialista em direito previdenciário, Elisângela Pereira, entende que o projeto da reforma ainda está “muito cru” para que o trabalhador busque antecipar a aposentadoria.

No topo da pirâmide
A advogada ressalta que o ponto positivo desencadeado pelos debates em torno da reforma da Previdência está no fato de terem despertado nos trabalhadores um projeto de vida previdenciária. “Havia uma alienação sobre o tema, que a proposta da reforma começa a reverter. As pessoas estão querendo saber quando vão poder se aposentar, com qual valor, o que é necessário fazer para depender cada vez menos da Previdência Social. Sob esse aspecto, o debate em torno da reforma da Previdência é superpositivo”, destaca a especialista, que faz um alerta: “É importante que o profissional, independentemente do setor de atuação, não se precipite em se aposentar antes de saber seus reais direitos previdenciários.”

Valter Fanini: engenheiro é das categorias que mais possuem algum tipo de previdência complementar

Valter Fanini: engenheiro é das categorias que mais possuem algum tipo de previdência complementar

Valter Fanini avalia que o risco da reforma da Previdência é menor que o risco que a recessão vem causando na engenharia nacional. “Se o país não voltar a crescer, os engenheiros mais antigos vão ficar desempregados e os engenheiros novos não vão conseguir entrar no mercado de trabalho. Daí, não vai ter discussão sobre reforma previdenciária que se sustente”, avalia. Para o dirigente do SENGE-PR, a engenharia civil é a mais atingida pelo atual quadro recessivo. “Ela é a que mais depende das taxas de crescimento”, frisa.

O dirigente, porém, entende que o engenheiro entre 50 anos e 60 anos será dos profissionais menos afetados pela reforma da previdência. “O engenheiro está no topo da pirâmide salarial e é das categorias que mais possuem algum tipo de previdência complementar, seja em forma de poupança, imóveis ou ganhos de capitais. O problema está nas gerações futuras, onde nem todos os engenheiros formados serão engenheiros empregados”, completa.

Entrevistados
– Engenheiro civil Valter Fanini, pós-graduado em administração pública pela FGV e mestre em desenvolvimento econômico pela UFPR. É vice-presidente do SENGE-PR (Sindicato dos Engenheiros no Estado do Paraná).
– Advogada Elisângela Pereira, pós-graduada em seguridade social pela Universidade de Barcelona.

Contatos
senge-pr@senge-pr.org.br
elisangela@epadv.com.br
www.epadv.com.br

Crédito Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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