Previsão meteorológica vira aliada da construção civil

26 de setembro de 2012

Previsão meteorológica vira aliada da construção civil

Previsão meteorológica vira aliada da construção civil 150 150 Cimento Itambé

Sistemas que permitem antecipar períodos maiores ou menores de chuva ajudam engenheiros a definir com mais precisão cronogramas de obras

Por: Altair Santos

A partir da NBR 15220 – Norma Brasileira de Desempenho Térmico das Edificações (ABNT, 2005) -, o Brasil passou a ser classificado por oito zonas bioclimáticas. Com isso, tornou-se relevante que cada projeto levasse em conta as características regionais, a fim de oferecer conforto térmico aos moradores. Mas a extensão da norma não se limitou ao produto acabado. A partir dela, as construtoras passaram a entender melhor o clima do país e a ficar mais atentas às previsões meteorológicas para que seus cronogramas não fossem afetados pela principal vilã das obras: a chuva.

José Geraldo Canhoto, especialista em gerenciamento e supervisão de obras: industrialização ajuda a recuperar dias perdidos em períodos chuvosos.

O conhecimento climático também fez avançar a gestão do canteiro de obras, fazendo com que as empresas se prevenissem contra períodos longos de instabilidade meteorológica, protegendo os materiais de construção, drenando o terreno e promovendo o ensaibramento de áreas onde o tráfego de veículos e maquinários, além da circulação de trabalhadores, é mais intenso. Mesmo assim, há etapas de um empreendimento que não podem começar coincidindo com chuva. Incluem-se aí movimentações de terra (terraplanagem, escavações e aterros) e fundações.

Por isso, não é raro que em algumas regiões do país construtoras tenham agregado serviços meteorológicos à gestão de seus projetos. “Na região sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) é comum ver empresas condicionando seus cronogramas às previsões meteorológicas, inclusive, dependendo do tamanho do empreendimento, contratando especialistas para elaborar uma carta meteorológica que coincida com o período crítico da obra. Já em localidades onde a temporada de chuvas é bem definida, procura-se, dependendo da obra, adequar o cronograma àquela zona bioclimática”, explica o engenheiro civil José Geraldo Canhoto, cuja expertise é gerenciamento e supervisão de obras.

José Geraldo Canhoto lembra ainda que uma construtora que começa uma obra sem se importar com aspectos meteorológicos normalmente acaba submetendo seu canteiro de obras a paralisações parciais ou totais, afetando a produtividade dos serviços. “Hoje não se podem mais correr esse risco. A construção civil atualmente trabalha com cronogramas muito apertados e, por isso, as empresas devem estar voltadas à aplicação de técnicas e metodologias para ganhar tempo na execução, compensando os prováveis atrasos decorrentes das chuvas“, revela.

Concretagem de fundações: chuva é o maior inimigo desta etapa da obra

O especialista lembra ainda que a escassez de mão de obra é outro fator que faz com que as empresas tenham mais atenção com a meteorologia. “Obras em períodos de chuva certamente vão demandar uma compensação no ritmo de trabalho, principalmente quando o mau tempo atrasar o cronograma. A forma de recuperar o tempo perdido é aumentar a equipe, o que tem sido um obstáculo pela dificuldade em contratar mão de obra, bem como trabalhar em horários especiais (horas extras), acarretando acréscimos dos custos da obra”, alerta.

No entanto, José Geraldo Canhoto destaca que atualmente só os desprevenidos deixam obras atrasar por causa de imprevistos meteorológicos. Por dois motivos: 1) O avanço das previsões meteorológicas; 2) A entrada da industrialização no canteiro de obras. “Hoje ninguém mais inicia etapas de concretagem de fundações sem consultar serviços meteorológicos. Além disso, em alguns casos a utilização de estruturas pré-moldadas ajuda a ganhar tempo quando é imprescindível trabalhar com chuva“, complementa.

Para entender as zonas bioclimáticas do Brasil, com base na NBR 15220, clique aqui

Entrevistado
José Geraldo Canhoto, especialista em gerenciamento e supervisão de obras
Currículo
– José Geraldo Canhoto é graduado em engenharia civil pela PUC-PR, com especialidade em áreas operacional e administrativa, e em engenharia operacional – construção civil pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR)
– Tornou-se especialista em gerenciamento e supervisão de obras, orçamentação e estudo de viabilidade de obras, bem como elaboração de licitações e compras técnicas
– Atualmente é engenheiro civil da Emadel Engenharia e já teve passagens por empresas como Construtora Sakamori, Terrasse Engenharia e Construtora Arce
Contato: emadel@emadel.com.br
Créditos fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB2330
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