Pré-fabricado abre espaço no setor de prédios residenciais

6 de julho de 2011

Pré-fabricado abre espaço no setor de prédios residenciais

Pré-fabricado abre espaço no setor de prédios residenciais 150 150 Cimento Itambé

Atualmente, 10% das empresas ligadas à ABCIC já contam com produtos especialmente desenvolvidos para o segmento habitacional

Por: Altair Santos

O setor de construções industrializadas de concreto (pré-fabricado) estima que em 2011 crescerá 20%, em comparação aos 15% alcançados em 2010. Esse percentual refere-se ao crescimento global, que abrange obras comerciais, industriais, de infraestrutura e, sobretudo, residenciais. É neste segmento que o pré-fabricado tem se tornado competitivo. Em 2009, em média, cada uma das empresas ligadas ao setor havia empreendido 10 mil m² em projetos habitacionais. No ano passado, esse número subiu para 30 mil m². A estimativa é de que em 2011 (os números só devem ser fechados no final do ano) o volume seja ainda mais relevante.

Iria Doniak: “Foi-se o tempo em que a imagem do pré-fabricado era associada somente a galpões industriais.”

Atualmente, 10% das empresas ligadas à Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC) já contam com produtos especialmente desenvolvidos para o segmento habitacional – todas elas credenciadas com o “selo de excelência ABCIC”, que integra qualidade, segurança e respeito ao meio ambiente. Agora, com o recente lançamento da segunda etapa do Minha Casa, Minha Vida, a expectativa é de que o pré-fabricado se consolide como um dos sistemas construtivos capazes de dar agilidade ao programa. “Como entidade entendemos que seguramente temos muito a contribuir com a demanda gerada pelo governo nos programas habitacionais”, avalia Iria Lícia Oliva Doniak, presidente-executiva ABCIC.

Segundo ela, o que precisa é que o governo federal retire barreiras que atrapalham o setor. “Diferentemente do que ocorre nos países desenvolvidos, no Brasil a carga tributária que incide sobre as construções com pré-fabricados de concreto é maior do que sobre os sistemas convencionais, o que, em alguns casos, inviabiliza a adoção do sistema”, aponta Iria Doniak. Por isso, para induzir a construção industrializada, a ABCIC, desde 2009, possui o Comitê Habitacional e o Subcomitê de Habitação de Interesse Social. O primeiro, para tratar das questões habitacionais, independentemente do tipo de empreendimento; o segundo, com foco nas habitações populares.

A presidente-executiva da ABCIC cita que recentemente esteve na Finlândia, participando de evento da Federação Internacional do Concreto (FIB), e que naquele país europeu a pré-fabricação em concreto para estruturas abrange 50% do mercado, enquanto a aplicação em empreendimentos habitacionais atinge 80%. “Poderíamos dizer que andar em Helsinki é como estar numa “Precast land” (terra dos pré-fabricados)”, diz, completando que no Brasil um case foi a reconstrução de moradias no Morro do Bumba, em Niterói – região atingida por deslizamentos em 2010 -, usando o pré-fabricado.

Porém, além das aplicações de cunho social, o pré-fabricado comporta atualmente desde edifícios de alto padrão até prédios comerciais de múltiplos pavimentos. “Como estamos falando de estrutura, embora haja variações de dimensionamento de elementos estruturais em função do número de andares e outras características, é importante ressaltar que a qualidade dos materiais empregados é a mesma, independentemente da aplicação”, afirma Iria.

Segundo a presidente-executiva da ABCIC, as vantagens de se adotar o sistema em pré-fabricados de concreto são as seguintes:
– Construções com menores prazos para entrega, unindo maior velocidade à redução dos custos fixos, proporcionando a garantia de retorno financeiro rápido.
– Busca de maior qualidade, produtividade e redução de desperdícios.
– Sustentabilidade.
– Mão de obra qualificada.
– Resistência ao fogo.

“Quando produzimos as peças em pré-moldado na indústria, o processo de canteiro de obras diz respeito somente à montagem, ou seja, é seco. Não há necessidade de produção de concreto ou concretagem no local. Na indústria, em ambiente controlado, é mais fácil racionalizar o processo, reaproveitar água e produzir baixo percentual de resíduos sólidos em canteiro”, garante.

Além de avançar no segmento habitacional, as estruturas de concreto pré-fabricado são aplicáveis em obras industriais, comerciais, habitacionais, shopping centers, escolas, hipermercados, centros de distribuição e logística e estádios de futebol. “Para as obras da Copa de 2014, boa parte dos estádios em construção ou em reforma usarão o pré-fabricado. Estas aplicações se dão sem tolher a liberdade arquitetônica. Foi-se o tempo em que a imagem do pré-fabricado era associada somente a galpões industriais, embora este segmento ainda seja um dos consumidores do produto”, finaliza Iria Lícia Oliva Doniak.

Morro do Bumba, em Niterói: prédios em pré-fabricado para moradores vítimas de deslizamento

O que é o selo ABCIC
A ABCIC possui um programa denominado “selo de excelência ABCIC”, que integra qualidade, segurança e meio ambiente. Trata-se de um programa evolutivo, no qual as empresas podem ingressar no nível I e gradativamente atingir o nível II ou ingressar diretamente nos níveis II e III. Os níveis possuem enfoques distintos e contemplam em seus requisitos a ABNT NBR 9062 – Projeto e Execução de Estruturas Pré-moldadas, norma técnica aplicável ao setor, NR-18 Norma Regulamentar de Segurança para a Construção Civil, ISO 9001, ISO 14001 e Responsabilidade Social.

No nível I o enfoque é de controle, no nível II garantia e, por fim, no nível III gestão. Este programa é gerenciado pelo CTE Centro de Tecnologia em edificações o qual é responsável pelas avaliações iniciais e semestrais de manutenção das empresas. Há uma Comissão de Credenciamento que é voluntária e composta por representantes de entidades afins (Projetistas Estruturais, Arquitetura, Normas Técnicas, Sindicato da Indústria da Construção Civil entre outras) que detêm a autoridade de validar os processos e promover alterações nas normas estabelecidas,assegurando desta forma a confiabilidade do processo.

A norma de requisitos para obtenção do Selo de Excelo de Excelência bem como todos os regimentos encontram-se disponíveis no site www.abcic.org.br em certificação.

Sugestão
A ABCIC está reeditando o livro “Pré-fabricados de Coletânea de Obras Brasileiras”, uma importante referência de aplicações nos diversos segmentos, lançado em 2008 pela associação e que pode ser obtido através do site www.abcic.org.br.

Entrevistada
Iria Doniak, Presidente Executiva da ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto)
Currículo

– Engenheira civil graduada pela PUC-PR em 1988
– Atua no setor concreto desde 1986, tendo iniciado suas atividades em Laboratório de Controle Tecnológico, posteriormente atuou em central de concreto, abrangendo gerência operacional e técnica
– De 1997 a 2008 foi consultora da D.O. Engenharia e Projetos, cujo foco principal de atuação foi a construção pré-fabricada
– Membro do Comitê de Revisão da NBR 9062 – Projeto e Execução de Estruturas de Concreto Pré-moldado
– Membro do Comitê de Revisão da NBR 14861 – Lajes alveolares, no âmbito ABNT entre outras comissões (entre 1998 e 2007)
– Auditora BVQI (Bureau Veritas Quality International) para os programas ISO 9001 e PBQP-h
– Diretora de Qualidade ABCIC (Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto) de 2003 a 2007
– Diretora Executiva da ABCIC de 2008 a 2010
– Presidente Executiva da ABCIC a partir de outubro de 2010
– Representante da ABCIC na FIB (Federation Internationale du Beton) onde é membro da Comission 6: Prefabrication FIB
– Membro do Conselho Diretor IBRACON (atual gestão), como representante da ABCIC e do Conselho Editorial revista Concreto e Construções/IBRACON
Contato:
iria@abcic.org.br

Créditos fotos: Divulgação/Governo do RJ/ABCIC

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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