País está reconstruindo 1.400 ligações, das 2.227 existentes em suas rodovias. Recursos vêm de parcerias público-privadas com empresas brasileiras
Por: Altair Santos
Algumas das principais construtoras brasileiras, assim como escritórios de engenharia e de projetos, estão de olho no mercado peruano. O motivo é que o governo do país sul-americano decidiu investir cerca de US$ 1 bilhão (aproximadamente R$ 2,4 bilhões) na reconstrução de 1.400 pontes, das 2.227 existentes em suas rodovias. Trata-se do maior programa de modernização de pontes do mundo. As obras começarão em 2014 e devem se estender até 2020. Os projetos estarão a cargo da ProVias – organismo que desempenha função semelhante ao Dnit, no Brasil -, a qual estabeleceu concessões que variam de 5 anos a 25 anos para cada trecho licitado.
O programa será executado em duas fases, sendo que a primeira contempla trabalhos em 1.000 pontes, a serem executados até 2016. Na segunda fase serão executados os trabalhos nas restantes 400 pontes, no período que vai de 2016 a 2020. “Estamos trocando pontes velhas por novas, instalando pontes novas e substituindo estruturas provisórias por pontes definitivas”, disse Raúl Torres Trujillo, diretor-executivo da Provias. A empresa estatal peruana é responsável por 23.072 quilômetros de rodovias que cruzam o país. Além do programa de recuperação e construção de pontes, foram abertas concessões para a exploração de trechos rodoviários, o que também atrai empresas brasileiras.
Já estão operando no Peru os seguintes grupos: Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Queiroz Galvão e OAS. Eles não se vincularam apenas a projetos rodoviários, mas também a obras de infraestrutura, como hidrelétricas, portos, canais de irrigação, metrôs e obras de saneamento. A Odebrecht, por exemplo, que está no país desde 1979, atualmente trabalha na expansão do metrô de Lima. A Andrade Gutierrez, que chegou em 1992 no Peru, finaliza a estrada interoceânica IIRSA, ligando-a ao porto de Callao, no Oceano Pacífico. Já a Camargo Correa, instalada desde 1997 em território peruano, atua no projeto de irrigação e hidroenergia de Alto Piura.
Outro grupo – o Queiroz Galvão -, que está desde 1998 no país que faz fronteira com o Brasil, tem forte atuação nas obras rodoviárias e de saneamento, assim como a OAS. Essas empresas contam com participação destacada na chamada aliança estratégica Peru-Brasil – um tratado de relações comerciais resgatado há 10 anos, e que entre 2003 e 2013 gerou um fluxo bilateral de US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 8,7 bilhões) entre os dois países. Além das companhias ligadas à construção civil, outras 45 corporações brasileiras estão instaladas em território peruano, fabricando perfumes, remédios, cervejas e joias ou prestando serviços bancários.
O Peru tornou-se estratégico para essas multinacionais brasileiras, pois através de suas subsidiárias instaladas no país conseguem atingir mercados consumidores da região do Pacífico, como China, Japão e a costa oeste dos Estados Unidos. Por isso, promover a modernização do mapa rodoviário peruano é tão relevante para a indústria do Brasil quanto participar de concessões de estradas no próprio território nacional.
Entrevistado
Raúl Torres Trujillo, diretor-executivo da Provias (via email)
Contato: rtorres@proviasnac.gob.pe
Créditos Fotos: Divulgação