Novo funding promete alavancar setor imobiliário

14 de setembro de 2017

Novo funding promete alavancar setor imobiliário

Novo funding promete alavancar setor imobiliário 596 478 Cimento Itambé

Banco Central regulamenta a LIG (Letra Imobiliária Garantida). Título tende a ampliar o volume de financiamentos para imóveis

Por: Altair Santos

Recentemente regulamentada pelo Banco Central, a LIG (Letra Imobiliária Garantida) é o novo funding que promete alavancar o setor imobiliário. Segundo a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) o título de longo prazo permitirá que o crédito imobiliário possa alcançar o equivalente a 20% do PIB em recursos para investir, o que, com a caderneta de poupança e o FGTS, não tem sido possível. Além disso, a LIG poderá permitir que investidores estrangeiros se interessem pelo setor imobiliário do Brasil. A expectativa é de que a letra imobiliária seja oferecida a partir de 2019 e leve de dois a três anos para se consolidar, como explica Renato Ventura, vice-presidente da Abrainc, na entrevista a seguir:

Renato Ventura: expectativa é de que a LIG ajude a baixar o custo do financiamento de imóveis no Brasil

Renato Ventura: expectativa é de que a LIG ajude a baixar o custo do financiamento de imóveis no Brasil

O que vem ser a LIG?
São títulos emitidos por instituições financeiras, e que possuem dupla garantia. Uma é a própria instituição, com seu balanço; outra é o conjunto de ativos imobiliários atrelados à emissão da LIG.

Qual a importância da LIG para o mercado de incorporação imobiliária e na retomada do crescimento econômico?
O mercado imobiliário tem dependido de fontes de financiamento limitadas – basicamente, a caderneta de poupança e o FGTS. Em 2015, o crédito imobiliário representava 9,1% do PIB. Este número atinge 62,9% nos EUA, 68,3% no Reino Unido e 21,4% no Chile. Assim, o setor imobiliário está aquém de seu potencial no Brasil. A LIG se constitui em alternativa de mercado, muito importante para que o setor imobiliário possa cumprir sua função de produção de habitação, de acordo com as necessidades do país.

Como está o processo de implantação da LIG no Brasil?
No final de agosto foi cumprida a etapa que faltava, que foi a regulamentação pelo Banco Central no dia 29. Agora, é a fase de início de aprendizado, lançamento e atração de investidores.

Já há uma perspectiva de quando esse novo modelo de investimento poderá ser vendido no Brasil?
Imaginamos que nos próximos meses este processo será iniciado, passando a ganhar volume à medida que o conhecimento deste novo instrumento seja disseminado.

A LIG pode substituir a poupança, como principal fomentador do mercado imobiliário no Brasil?
A ideia é de que sejam complementares. Sendo um instrumento de mercado, a LIG tem amplo potencial de crescimento.

A LIG tende a ser um fomentador da construção civil no Brasil?
Sim, o funding é fundamental para o setor. Trata-se de um novo instrumento de mercado, muito importante para fazer crescer a oferta de recursos para financiar a construção civil.

A LIG pode atrair investidores estrangeiros para o mercado imobiliário brasileiro?
Sim. A LIG se inspira em instrumento tradicional e bem-sucedido, principalmente na Europa, que são os covered bonds. Isso, aliado à sua adequada regulamentação, traz todas as condições para que estes papéis recebam a confiança dos investidores internacionais.

Para quem quer comprar um imóvel para morar, qual o impacto que a LIG causará?
A maior disponibilidade de funding se traduz em mais oferta – e possivelmente melhores custos – de recursos para o mercado imobiliário. Significa que causará efeito nos financiamentos para a aquisição de moradias.

E para quem compra imóvel para investir, qual o impacto?
O mesmo. O beneficiário será o mercado e o país, com maior produção e menores custos nos imóveis.

A implantação da LIG depende de alguns cenários econômicos que ainda precisam ser definidos? Caso sim, quais?
A LIG é um título de longo prazo. Com isso, além de suas condições, seu sucesso depende de inflação controlada e taxas de juros compatíveis. O equilíbrio fiscal e a estabilidade econômica são fundamentais para seu sucesso.

Entrevistado
Engenheiro civil, administrador e mestre em real estate pelo Massachusetts Institute of Technology, Renato Ventura – vice-presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc)

Contato
comunicacao@abrainc.org.br

Crédito Foto: Abrainc

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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