PlaNYC gerencia mais de um milhão de edifícios existentes na principal metrópole dos EUA e cria normas para os que ainda serão construídos
Por: Altair Santos
Há menos de 100 dias do fim de seu mandato como prefeito de Nova York, Michael Bloomberg escolheu o PlaNYC como o seu principal legado para a metrópole norte-americana. Criado em 2007, com extensão até 2030, o plano é um marco regulatório que nasceu da seguinte pergunta: para onde queremos levar a cidade? Em plena execução, ele ataca várias frentes. Entre elas, parques e espaços públicos, suprimento de água, energia, qualidade do ar, mobilidade urbana, mudanças climáticas e, principalmente, edificações.
O PlaNYC fez um levantamento de todos os prédios construídos na principal cidade dos EUA e chegou à incrível marca de mais de um milhão de edifícios nos cinco distritos da metrópole, que segundo o mais recente censo conta com 8.336.697 habitantes. Se for incluída a população da região metropolitana de Nova York, esse número sobe para 19,8 milhões, abrangendo cidades como New Jersey e Connecticut. “Precisávamos definir um ordenamento sustentável para essas edificações e para as que estão por vir, já que elas são, atualmente, responsáveis por 60% da emissão de carbono da cidade”, disse John Lee, diretor de prédios e eficiência energética da prefeitura de Nova York.
O mapeamento dos prédios de Manhattan, Bronx, Brooklyn, Queens e Staten Island – os cinco distritos da metrópole – detectou que 90% das construções hoje existentes em Nova York estarão na cidade em 2030. O nível de demolições atualmente é pequeno, apesar de haver espaço para novas edificações. Isso levou a prefeitura de NY a editar quatro leis que criam regras sustentáveis para as atuais e as futuras edificações. Elas estabelecem eficiência construtiva e desempenho energético para os prédios. “O objetivo é que até 2025 todos os edifícios de Nova York estejam atendendo as leis”, revela John Lee.
A etapa mais fácil do PlaNYC é controlar as construções dos edifícios novos. Já a fase desafiadora é tornar sustentáveis os prédios em funcionamento – alguns deles com ciclo de vida beirando os 100 anos. “A solução foi criar um departamento de auditoria que visita essas edificações e estabelece um plano retrofit para cada uma delas. A cada dez dias, nossos auditores vão às ruas em busca de medições que indiquem quais prédios precisam de retrofit. Quem cumpre as orientações da prefeitura ganha incentivos fiscais. O plano tem dado certo, pois as pessoas descobrem que é mais barato viver em prédios sustentáveis“, explica John Lee.
O diretor de prédios e eficiência energética da prefeitura de Nova York esteve recentemente no Congresso Brasileiro de Construção Sustentável, realizado dia 17 de setembro de 2013, em São Paulo, e anunciou que Nova York pretende exportar os conceitos do PlaNYC. “São ideias que estão dando certo e queremos compartilhar”, afirmou. Transportando os conceitos do plano nova-iorquino para uma cidade como São Paulo, por exemplo, os desafios para implantá-lo seriam ainda mais desafiadores. Principalmente porque a maior cidade brasileira, assim como boa parte das demais metrópoles do país, não tem legislação para retrofit de prédios antigos e nem estrutura para mapear e fiscalizar as edificações. Mas, como disse John Lee, uma hora é preciso pensar para onde se quer levar as cidades. O PlaNYC está aí para mostrar o caminho.
Entrevistado
John Lee, arquiteto e diretor de prédios e eficiência energética da prefeitura de Nova York
Contato:
johnlee@buildings.nyc.gov
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Créditos fotos: Suelen Magalhães/CBCS