Normas técnicas têm potencial para aliviar falta d’água

11 de março de 2015

Normas técnicas têm potencial para aliviar falta d’água

Normas técnicas têm potencial para aliviar falta d’água 480 320 Cimento Itambé

Para o especialista em gerenciamento de recursos hídricos, Plínio Tomaz, a ABNT precisa começar a pensar em uma normalização para o reúso

Por: Altair Santos

Boa parte das soluções para economizar água durante a crise hídrica está nas normas técnicas relacionadas à construção civil – tanto as voltadas para a execução de obras quanto às relacionadas a equipamentos que consomem água dentro das habitações, como chuveiros, torneiras e bacias sanitárias. Quem afirma é o professor Plínio Tomaz, consultor em saneamento e diretor-presidente da agência reguladora dos serviços públicos de saneamento básico da prefeitura de Guarulhos, em São Paulo. “Acho excelente, por exemplo, as normas relacionadas à construção industrializada do concreto, assim como a Norma de Desempenho e as que normalizam a fabricação de peças”, diz.

Plínio Tomaz: norma para reúso de água pede prioridade

Plínio Tomaz atuou em um fórum promovido pelo SindusCon-SP, dia 25 de fevereiro de 2015, na cidade de São Paulo, cujo tema era a crise hídrica. No debate, ele compartilhou da ideia de que o poder público precisa trabalhar na gestão da demanda de água, como já fizeram cidades como Nova York e Cidade do México. Nestas localidades, as prefeituras tomaram a iniciativa – entre outras ações práticas – de substituir vasos sanitários que consumiam mais de 6,8 litros de água por descarga. “No Brasil, desde 1995 estas peças vêm passando por um processo de normalização pela ABNT e economizam água, assim como torneiras de fecho automático e reguladores de vazões”, ressalta.

O especialista defende, no entanto, que é preciso ir um pouco mais além. Na opinião dele, é necessário pensar no reúso do esgoto para consumo humano. “A tecnologia nessa área avançou muito. Existem diversos sistemas de segurança que garantem a qualidade da água”, afirma, assegurando que em sua gestão Guarulhos já trata de 50% do seu esgoto e estuda atingir a meta de 100% em dois anos. Para tal, ele apoia a mobilização para que se crie uma norma para reúso de água em vários setores, incluindo o canteiro de obras. “Por faltar uma norma de reúso, hoje a utilização de água no canteiro de obras está limitada à produção de concreto não estrutural. Já com a obra pronta, restringe-se a limpeza de pisos, rega de canteiros e uso em bacias sanitárias”, explica.

Atualmente, para o aproveitamento da água de chuva para fins não potáveis é usada a ABNT NBR 15527: 2007 (Água de chuva – Aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis).

Outras medidas
Na mesa redonda sobre crise hídrica, ocorrida no SindusCon-SP, além de propostas para uma norma técnica específica para o reúso da água, os debatedores também sugeriram que haja o incentivo ao IPTU Verde. A medida cria isenções tributárias para práticas de sustentabilidade.

Também se falou de estímulos às construções verdes, as quais podem gerar economia de até 40% no consumo de água. Na cidade de São Paulo, outros dois projetos em andamento na Câmara Municipal também tratam do tema. Um deles aborda o reúso de água da chuva para a cura de concreto não estrutural, para a limpeza de galerias e para a lavagem de caminhões de lixo. O mesmo tipo de água também poderia ser usado na limpeza de calçadas e para a lavagem de veículos em lava-car.

Entrevistado
Engenheiro civil Plínio Tomaz, diretor-presidente da agência reguladora dos serviços públicos de saneamento básico da prefeitura de Guarulho-SP

Contatos
pliniotomaz@uol.com.br
www.pliniotomaz.com.br

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

 

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