Nanotecnologia garante futuro dos prédios históricos

15 de junho de 2016

Nanotecnologia garante futuro dos prédios históricos

Nanotecnologia garante futuro dos prédios históricos 1000 464 Cimento Itambé

Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal testa produtos nanoestruturados que fazem a “assepsia” dos prédios seculares do país

Por: Altair Santos

A nanotecnologia é a mais nova aliada dos prédios históricos. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal desenvolve pesquisa com nanopartículas que penetram nas paredes dos edifícios e promovem profunda limpeza, eliminando fungos, bactérias e outros agentes agressivos. A descontaminação biológica decompõe microrganismos que estimulam as patologias em estruturas.

Prédio histórico em Lisboa: recuperado com nanotecnologia

Prédio histórico em Lisboa: recuperado com nanotecnologia

Acionadas pela luz solar, as nanopartículas reagem e matam as células de organismos vivos nocivos às estruturas, e que estão infiltradas nas paredes. “Os poluentes que se acumulam nas superfícies das fachadas, como NO (monóxido de nitrogênio), NO2 (dióxido de nitrogênio), SO2 (dióxido de enxofre) e VOCs (sigla em inglês de compostos orgânicos voláteis), são extremamente agressivos para os materiais antigos. Por isso, é fundamental manter as fachadas limpas”, explica a engenheira civil Rosário Veiga, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal (LNEC).

Para fazer essa “assepsia”, o LNEC passou a trabalhar em produtos nanoestruturados fotocatalíticos de autolimpeza à base de TiO2 (dióxido de titânio), e que podem ser aplicados por jato de água, jato de ar, jato abrasivo ou laser. Esses materiais têm a capacidade potencializada pela reduzida dimensão das partículas e reagem estimulados pela luz solar – especificamente pelos raios ultravioletas.

A principal função destes produtos é promover a descontaminação biológica. “Os nanomateriais fotocatalíticos possuem propriedades bactericidas, que chamamos de biocidas. Eles destroem a membrana celular de organismos vivos que se infiltram nas paredes e causam as patologias”, diz Rosário Veiga.

Por isso, além da limpeza, as nanopartículas também dificultam a penetração da água nas paredes, graças ao dióxido de titânio combinado com hidrófugos nanoestruturados. “Eles são eficientes, pois não comprometem a respirabilidade das paredes”, cita a pesquisadora, que revela que o LNEC também trabalha na produção de um tipo de nanocal, que possa ser aplicado nas paredes externas dos prédios históricos. O objetivo é que o material dê mais coesão às argamassas antigas, além de melhorar o desempenho térmico dos edifícios.

Produtos nanoestruturados fotocalíticos de autolimpeza: partículas penetram na parede e atacam patologias

Produtos nanoestruturados fotocalíticos de autolimpeza: partículas penetram na parede e atacam patologias

Investimento maciço

A nanotecnologia é hoje um dos segmentos que mais recebe investimentos para pesquisas, incluindo aí as voltadas para a construção civil. Desde o início dos estudos, em 1998, até o início desta década, já foram destinados recursos na ordem de US$ 2,5 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões). Na mesma proporção, contabiliza-se a publicação de quase quatro mil artigos e mais de 350 patentes vinculadas à nanotecnologia.

Só nos Estados Unidos já existem mais de 50 empresas desenvolvendo e produzindo materiais nanoestruturados. A expectativa é de que até 2025 o mercado mundial de nanotecnologia movimente US$ 1 trilhão (R$ 4 trilhões, aproximadamente). No Brasil, as pesquisas relacionadas a esse setor da ciência ainda estão limitadas a algumas universidades. As que estão mais avançadas neste campo são a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).

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Entrevistada
Engenheira civil Rosário Veiga, pesquisadora do Laboratório Nacional de Engenharia Civil de Portugal (LNEC).

Contato
rveiga@lnec.pt

Créditos Fotos: Divulgação/LNE

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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