Setor investe em planejamento para não ser surpreendido, como foi no ano passado. Para isso, se ancora em dados e análises especializadas
Por: Altair Santos
O ano de 2015 ainda não terminou, mas para o mercado imobiliário já é hora de pensar em 2016. Com os lançamentos em baixa e os estoques precisando se readequar a uma nova realidade econômica, o setor busca se ancorar em dados para dar os próximos passos. Com o máximo de informações que possa conseguir, as construtoras e incorporadoras investem em planejamento. A lista do que as empresas querem saber é encabeçada por cinco perguntas:
1) O preço dos imóveis vai subir ou vai cair?
2) Haverá crédito para o construtor e para quem quer comprar?
3) Que tipo de imóvel deve atrair mais o consumidor?
4) Em quais regiões do país ainda é possível investir no mercado imobiliário?
5) O Minha Casa Minha Vida irá sobreviver?
Para Lucas Vargas, VP Executivo do grupo VivaReal, os sinais por trás dos números já permitem tirar algumas conclusões. À frente do DMI (Dados do Mercado Imobiliário) – relatório sobre o comportamento do setor -, o especialista avalia que os imóveis tendem a seguir valorizados ou ter queda leve de preços nas cidades entre 500 mil e dois milhões de habitantes. Já nos grandes centros urbanos, a perspectiva é de que os preços atuais não se sustentem. “Uso Curitiba como exemplo. Em 2014, quando os preços dos imóveis em São Paulo já davam sinais de exaustão, na capital paranaense o metro quadrado continuava a subir. Em 2015, os preços assentaram e em 2016 eles tendem a estabilizar em Curitiba”, afirma.
Imóvel na planta em extinção
O DMI aponta que imóveis novos com dois quartos tendem a seguir despertando maior interesse dos compradores. Pela pesquisa, 51% dos que pretendem adquirir a casa própria ou trocar de imóvel pensam em ir para um apartamento com dois quartos, principalmente nos grandes centros urbanos. Outro dado é que 74% dos que têm intenção de comprar imóvel buscam os que se encontram na faixa de até R$ 500 mil. “Aí existe um conflito, pois a oferta de apartamentos prontos neste preço só atende 42% dos interessados em todo o país”, diz Lucas Vargas, revelando que o risco de faltar crédito para construir e para comprar imóvel novo pode estimular dois mercados: o de consórcio de imóveis e o de aluguel.
Para Rogério Santos, da RealtON, especialista com 27 anos de mercado imobiliário, o chamado “imóvel na planta” tende a ser deixado de lado pelo setor em 2016. “Estamos vivendo um momento único para o estoque. Antes, o foco dos maiores investimentos ficava nos lançamentos e os imóveis que sobravam exigiam enormes esforços para venda. Hoje, isso se inverteu”, afirma. Diante deste cenário, construtoras e incorporadoras devem se concentrar na compra de terrenos em 2016, para – caso a economia volte a crescer – dar início a novos investimentos em 2017. A prática, chamada de land banking, consiste na aquisição de áreas cujas características territoriais, geográficas e topográficas sejam atraentes para loteamento e venda no futuro, com ganho de capital. “Estamos encerrando o ciclo de 2012 agora em 2015 e, como trabalhamos com ciclos de 36 meses a 40 meses, iniciamos o planejamento do próximo”, detalha Leonardo Pissetti, diretor de empreendimentos da Swell Construções e Incorporações.
Entrevistados
– Engenheiro de telecomunicações e administrador Lucas Vargas, VP (Vice-Presidente) Executivo do grupo VivaReal
– Rogério Santos, CEO da RealtON e graduado em marketing
– Engenheiro civil Leonardo Pissetti, diretor de empreendimentos da Swell Construções e Incorporações
Contatos
contato@realton.com.br
leonardo@swellconstrucoes.com.br
pesquisa@vivareal.com
Crédito Foto: Images Money/Flickr