Disseminar BRT no Brasil será o legado da Copa 2014

15 de junho de 2011

Disseminar BRT no Brasil será o legado da Copa 2014

Disseminar BRT no Brasil será o legado da Copa 2014 150 150 Cimento Itambé

Todas as cidades-sede do mundial terão Bus Rapid Transit, uma ideia que nasceu em Curitiba nos anos 1970

Por: Altair Santos

O BRT (Bus Rapid Transit) que em Curitiba está consolidado desde a década de 1970, usa a Copa do Mundo para se propagar pelo país. Nove cidades escolhidas como sede do evento optaram por esse sistema de transporte. Na maior parte delas, as vias serão construídas com pavimento rígido e terão assistência técnica da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). “No caso dos BRTs, que devem acontecer em muitas cidades, a ABCP tem conseguido viabilizar em concreto praticamente todas as possibilidades”, diz Ronaldo Vizzoni, gerente da área de infraestrutura e lider do projeto de pavimentação da ABCP.

Cláudio de Senna Frederico: “O BRT aparece como uma boa solução, mas ele precisa estar agregado a um conjunto de medidas.”

Segundo Vizzoni, desde que atendidos os requisitos para a instalação de um BRT, o pavimento em concreto tem um custo mais barato que o asfalto. “O BRT tem que trafegar em corredor segregado, ou seja, exclusivo. Ele não pode ter qualquer cruzamento ou interrupção, caso contrário será um corredor de ônibus. Além disso, opera com linhas de alta frequência, de forte apelo mercadológico e veículos de qualidade, cujas estações de embarque são integradas com metrô, trens urbanos e intermunicipais e corredores de linhas de ônibus convencionais. Então, ele precisa trafegar em um corredor que requer durabilidade. Por isso, o pavimento de concreto é sempre a melhor opção”, explica.

Sobre o fato de o Bus Rapid Transit tornar-se o transporte público “oficial” do evento Copa do Mundo nas cidades-sede, o consultor Cláudio de Senna Frederico, que ocupa a vice-presidência da Associação Nacional de Trânsito e Transporte Público (ANTP), avalia que esse será o legado do mundial para melhorar a mobilidade nos grandes centros urbanos do país. “É uma solução realista, que encara a necessidade de, em curto espaço de tempo, causar o maior efeito possível sobre todas as cidades que têm problemas no transporte público”, afirma.

Cláudio de Senna Frederico, no entanto, alerta que só o BRT não vai representar a solução para os problemas de mobilidade das cidades. “O BRT aparece como uma boa solução, mas ele precisa estar agregado a um conjunto de medidas para se resolver o problema de transporte público. Não vai haver nunca um único produto, um único modo de transporte que resolva tudo”, alerta, completando que é preciso integrar. “É necessário um sistema que opere de forma conjunta. Por isso, o futuro do BRT é flexibilizar, oferecendo uma diversidade de ofertas interligadas ao seu corredor.”

PAC da Mobilidade
A instalação de BRTs nos principais centros urbanos do país faz parte do PAC Mobilidade das Grandes Cidades, lançado em fevereiro de 2011 pelo governo federal. O programa divide os municípios em três grupos, beneficiando 39% da população brasileira. O primeiro grupo – chamado de MOB 1 – atende as capitais das regiões metropolitanas com mais de 3 milhões de habitantes. O MOB 2 inclui municípios com população entre 1 milhão e 3 milhões de habitantes e o MOB 3 está voltado para cidades com população entre 700 mil e 1 milhão de habitantes.

Ronaldo Vizzoni: “ABCP tem conseguido viabilizar em concreto praticamente todas as possibilidades de BRT.”

Cada uma das nove cidades que compõem o MOB 1 – todas elas sedes da Copa do Mundo de 2014 – poderá apresentar até quatro propostas de BRT que, juntas, somem, no máximo, R$ 2,4 bilhões. Cada cidade do MOB 2 poderá fazer até três propostas que, juntas, somem R$ 430 milhões. Já os municípios do MOB 3 terão direito, cada um deles, a até duas propostas que, juntas, sejam de no máximo R$ 280 milhões.

Ao todo, serão destinados R$ 18 bilhões para este novo PAC. Destes, R$ 6 bilhões terão como origem investimentos diretos da União e R$ 12 bilhões virão de financiamentos. Os projetos podem incluir sistemas de transporte sobre pneus, como corredores de ônibus exclusivos, de veículos leves sobre pneus e sistemas sobre trilhos, como trens urbanos, metrôs e veículos leves sobre trilhos.

As primeiras cidades beneficiadas são Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Recife, Fortaleza, Salvador e Curitiba. No caso da capital paranaense, ela vai apenas aperfeiçoar seu sistema de transporte, que há quase 40 anos se baseia no conceito de BRT. Já o MOB 2 inclui municípios como Manaus, Belém, Goiânia, Guarulhos, Campinas e São Luís, enquanto o MOB 3 irá priorizar Maceió, Teresina, Natal, Campo Grande, João Pessoa, São Gonçalo, Duque de Caxias (RJ) e Nova Iguaçu (RJ) e São Bernardo do Campo (SP).

Você sabia?
– O BRT de Curitiba transporta atualmente 2,26 milhões de passageiros por dia em 82 quilômetros de vias expressas
– Em 2010, 16 cidades ao redor do mundo adotaram o BRT
– Em 2011, 49 cidades ao redor do mundo estão implantando o sistema de transporte coletivo
– Na América latina, o BRT já transporte 17 milhões de pessoas por dia
– Buenos Aires inaugurou em maio de 2011 12,5 quilômetros de BRT
– Nos Estados Unidos, cinco cidades já aderiram ao BRT, entre elas Los Angeles (20 km) e Cleveland (10 km). Outras oito cidades estudam a implantação do sistema

BRT de Bogotá: batizado de TransMilenio, transporta 1,7 milhão por dia.

BRT na China: país mais populoso do mundo adere ao sistema de transporte público.

BRT em Los Angeles: até os Estados Unidos começam a aderir ao Bus Rapid Transit.

BRT em Curitiba: inovação da capital paranaense vai completar 40 anos.

Entrevistados
Cláudio de Senna Frederico
Consultor internacional em transporte urbano e vice-presidente da ANTP (Associação Nacional de Trânsito e Transporte Público)
Ronaldo Vizzoni
Gerente da área de infraestrutura e lider do projeto de pavimentação da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)

Currículos
Claudio de Senna Frederico
– Engenheiro mecânico pela PUC-RJ e consultor internacional em transporte urbano
– Vice-presidente da ANTP (Associação Nacional de Trânsito e Transporte Público)
– Ex-secretário de Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo
– Primeiro gerente de operações do Metrô de São Paulo e primeiro diretor de operações do Metrô do Rio de Janeiro
– Assessora a Scania na formação de sua área de BRT, projetos de sistemas de transporte e combustíveis alternativos para o Brasil e América Latina
Ronaldo Vizzoni
– Engenheiro civil e administrador de empresas pela Universidade Mackenzie (SP)
Pós-graduado em Marketing Industrial pela FGV
– Projetista de estruturas
– Profissional da ABCP desde 1996, tendo atuado como gerente do escritório regional de São Paulo até 2001
– Atualmente é gerente da área de infraestrutura e líder do projeto de pavimentação da ABCP
Contatos: antpsp@antp.org.br / csfrederico@gmail.com / ronaldo.vizzoni@abcp.org.br

Créditos Fotos: Divulgação/ANTP/ABCP/Pedro Ribas/SMCS

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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