A HZMB liga Hong Kong, Zhuhai e Macau, ocupando extensão de 50 quilômetros, incluindo trecho de túnel submerso sob as águas
Por: Altair Santos
A maior ponte do mundo sobre águas marítimas está prestes a ser inaugurada na China. Com 50 quilômetros de comprimento – incluindo túneis -, a estrutura será aberta para o tráfego de veículos no final de 2017. Estima-se que em novembro esteja liberada para receber um fluxo de 40 mil veículos por dia, ligando as cidades de Hong Kong, Zhuhai e Macau.
Batizada de HZMB (Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge) a construção começou em 2009. Três anos foram consumidos apenas para pavimentar a ponte e o complexo de túneis, que ocupa 6,7 quilômetros e faz a interligação entre duas ilhas artificiais que precisaram ser construídas para dar suporte estrutural à HZMB e permitir o tráfego de supernavios.
O concreto empreendido na obra chegou a 1,320 milhão de m³. O aço presente nas armaduras equivale a 420 mil toneladas – suficiente para construir 60 torres Eiffel. Boa parte desse volume foi usada nas peças pré-fabricadas e pré-moldadas in loco utilizadas nos pilares, no tabuleiro da ponte e na estrutura do túnel.
Uma indústria de pré-fabricados, assim como uma central de concreto, foi instalada no canteiro de obras da HZMB para abastecer a construção. No entanto, a produção ficou paralisada por um ano, quando organismos de fiscalização da China constataram que o material fornecido não atendia as especificações de resistência do projeto.
Foram detidos dois engenheiros-seniores, dois gerentes de laboratório, 12 técnicos de laboratório e fiscais do departamento de engenharia civil e desenvolvimento de Hong Kong, que eram subornados para validar os testes com corpos de prova. O caso, descoberto em 2015, obrigou que todas as estruturas pré-moldadas fossem testadas novamente, com substituição de peças suspeitas.
A investigação ficou a cargo da Comissão Independente Contra a Corrupção (ICAC, da sigla em inglês) que detectou que eram produzidas amostras em conformidade com os projetos para fraudar laudos, mas que o concreto que ia para a obra não tinha as especificações exigidas. A paralisação fez o custo da ponte quase dobrar. De estimados US$ 10 bilhões, passou para US$ 19 bilhões.
Megaobras
A construção da HZMB também teve problemas com segurança. Dez trabalhadores morreram e mais de 600 ficaram feridos, num total de 275 registros de acidentes. A maior parte deles relacionados com as escavações marítimas para a instalação do túnel e também na construção das ilhas artificiais, que juntas consumiram 9.076.300 m3 de terra e resíduos da construção para que fosse realizado o aterro em pleno mar.
A HZMB faz parte de um complexo viário que busca tirar a sobrecarga de veículos que circulam pelas três cidades, por causa do tráfego gerado pelo aeroporto e o porto de Hong Kong. Além disso, a megaobra coloca a China como o país que mais concentra construções projetadas para bater o recorde no mundo – principalmente, as ligadas ao transporte. São chinesas a maior ponte sobre rio, a mais alta ponte sobre rio, o maior viaduto, o mais alto viaduto, o maior túnel rodoviário e o maior túnel ferroviário, além do maior aeroporto – o de Hong Kong -, e a maior hidrelétrica.
Veja vídeo sobre a construção da obra:
Entrevistado
Hong Kong-Zhuhai-Macao Bridge Corporation (via assessoria de imprensa)
Contato
hzmbo@hzmbo.com
Crédito Fotos: HZMB