Em seu 55º congresso, Ibracon contou com a participação de pesquisadores da Índia, dos EUA, da Noruega, da Espanha e da Itália
Por: Altair Santos
O 55º Congresso Brasileiro do Concreto, que aconteceu em Gramado-RS, de 29 de outubro a 1º novembro de 2013, terminou com uma unanimidade entre os participantes: a de que o Brasil está se aproximando com mais rapidez de países como Estados Unidos, Canadá, Japão, Alemanha e França, no que se refere à pesquisa do concreto. Estas nações estão na vanguarda, quanto às novas descobertas que envolvem o material, e um dos motivos de o país estar diminuindo a distância para elas é a intensidade com que promove intercâmbios internacionais.
Neste aspecto, o Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto ) tem sido relevante. O congresso que acaba de terminar é um exemplo. Nomes de peso, como os do indiano Ravindra Gettu, do Instituto Indiano de Tecnologia; do norte-americano Dan Frangopol, da Lehigh University e presidente do IABMAS (Associação Internacional para a Segurança e a Manutenção de Pontes); do italiano Fábio Biondini, do Politecnico di Milano; do norueguês Borge Johannes Wigum, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, e do espanhol Alberto Delgado Quiñones, do Instituto de Ciências da Construção de Madri, estiveram no evento.
As autoridades internacionais em concreto, junto com importantes nomes da engenharia civil brasileira, debateram temas como reação álcali-agregado (RAA), segurança e manutenção de pontes e aplicação de nanossílica – componente reológico indicado para concretos de alto desempenho e pré-fabricados. O fórum técnico também serviu para a apresentação da nova ABNT NBR 6118 – Projeto de estruturas de concreto – Procedimento, após encerrado o período de consulta pública. “Foram intensos os debates, assim como os cursos. Destaco o que focou o concreto reforçado com fibra”, diz o presidente do Ibracon, Túlio Nogueira Bittencourt.
Outro assunto definitivamente incorporado no Congresso Brasileiro do Concreto foi o da sustentabilidade. Para o presidente do Ibracon, não há mais como pensar em produzir concreto sem levar em conta essa questão. “Essa é toda a motivação da indústria de concreto no momento: reduzir a pegada de carbono do concreto. Trata-se de um material que tem potencial enorme para sequestrar CO₂ e ainda tem a possibilidade de ser reciclado. Neste aspecto, diga-se de passagem, o índice de desperdício continua alto. Creio que a indústria do setor, nos próximos anos, tende a se concentrar mais no reaproveitamento de materiais para, daí sim, termos eficiência plena sob o aspecto da sustentabilidade“, completa Túlio Nogueira Bittencourt.
A 55ª edição do Congresso Brasileiro do Concreto chamou a atenção também para o fato de proliferarem escolas de engenharia civil sem estar devidamente equipadas. “Infelizmente, têm surgido universidades que não conseguem atender as necessidades tecnológicas e, consequentemente, não possibilitam um ambiente favorável para investigações e inovações. O Brasil avançou sobremaneira no campo da pesquisa do concreto, mas os estudos estão muito concentrados em poucas universidades”, alerta o presidente do Ibracon.
Entrevistado
Engenheiro civil Túlio Nogueira Bittencourt, presidente do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto) e professor-doutor da Universidade de São Paulo (USP)
Contatos
www.ibracon.org.br
tulio.bittencourt@poli.usp.br
Créditos fotos: Divulgação/Ibracon