Hotel em Copenhague leva concreto pré-fabricado ao limite

19 de novembro de 2015

Hotel em Copenhague leva concreto pré-fabricado ao limite

Hotel em Copenhague leva concreto pré-fabricado ao limite 1024 576 Cimento Itambé

Na Dinamarca, construção do Bella Sky, com suas duas torres inclinadas, desafiou construção industrializada e consumiu 20 mil m³ de concreto

Por: Altair Santos

Na Dinamarca, a construção industrializada do concreto foi submetida a um de seus mais rigorosos testes, e passou com louvor. O hotel Bella Sky, inaugurado em 2011 em Copenhague, foi construído totalmente com estruturas pré-fabricadas, incluindo paredes de concreto. O desafio da obra foi viabilizar duas torres com inclinação de 15° que, juntas, formam um complexo com formato em “V”. Segundo o engenheiro estrutural, Kaare K. B. Dajhl, responsável pela obra, a opção pelo pré-fabricado foi importante para que as peças fossem perfeitamente construídas. Cada prédio tem 76,5 metros de altura e todo o complexo consumiu 7.100 elementos pré-fabricados, onde o peso das peças maiores chegou a 15 mil quilos. O volume de concreto empregado na obra foi de 13 mil m³ e mais 7.200 m³ aplicados nas fundações.

Bella Sky: construção utilizou 7.100 elementos pré-fabricados de concreto

Bella Sky: construção utilizou 7.100 elementos pré-fabricados de concreto

Kaare K. B. Dajhl disse que não teria sido possível projetar um edifício com essa complexidade sem o uso do BIM (Building Information Modeling). “Quando uma estrutura desta natureza é projetada, é impossível obter uma boa compreensão sem um modelo 3D. Neste caso, o BIM foi usado extensivamente para decidir e compreender como a estrutura de apoio iria transferir as vastas forças para a fundação”, explicou. O uso do modelo não envolveu apenas a equipe de projetistas e de engenheiros da construtora Ramboll – responsável pela obra. Todo o sistema foi compartilhado com as concreteiras contratadas, os fabricantes de aço, de estruturas pré-moldadas e os demais prestadores de serviço ligados à execução do empreendimento. “A comunicação foi um dos alicerces desta obra”, completou o engenheiro.

 

Concreto sob tensão

Fase de construção do Bella Sky: paredes de concreto e uma nova técnica de trabalhar o concreto

Fase de construção do Bella Sky: paredes de concreto e uma nova técnica de trabalhar o concreto

O modelo estrutural básico do empreendimento utilizou paredes pré-moldadas carregadas verticalmente, combinadas com lajes alveolares e vigas e pilares pré-fabricados. O uso de elementos pré-fabricados implicou na necessidade de transferir os esforços através das ligações entre os elementos. A grandiosidade dos esforços resultou em altas taxas de armadura e na necessidade de reprojetar os detalhes usuais de ligação entre peças pré-moldadas. “O projeto impôs uma nova maneira de trabalhar com o concreto armado. As tensões sobre a estrutura inclinada foram sem precedentes, o que apelou para uma nova maneira de criar cargas em estruturas de concreto. O reforço necessário para garantir a estabilidade e a transferência de forças nesse projeto é algo que nunca havíamos feito. Por isso, sem um projeto em BIM não teríamos como viabilizá-lo”, disse Kaare K. B. Dahl.

O engenheiro-projetista esteve recentemente palestrando no Brasil sobre os desafios da construção do Bella Sky, do grupo Marriott. Para Kaare K. B. Dahl, as torções a que o concreto foi submetido só foram possíveis por que houve a opção pelo pré-fabricado. “No exterior, um edifício como o Bella Sky normalmente seria construído usando concreto pré-moldado in loco, aço ou uma construção mista (aço e concreto). Na Dinamarca, temos uma tradição para a utilização de unidades de concreto pré-fabricado. Isso resulta em menos falhas nas unidades individuais e é muito mais confortável para trabalhar. Com uma geometria tão complexa, no entanto, foi um grande desafio colocar esse quebra-cabeça de concreto em pé, montando as peças adequadamente e tornando o edifício viável”, afirmou.

Kaare K.B. Dahl: sem BIM, construção seria inviável

Kaare K.B. Dahl: sem BIM, construção seria inviável

Entrevistado
Engenheiro de estruturas Kaare K.B. Dahl, mestre, Ph.D e gerente de projeto sênior da construtora dinamarquesa Ramboll
Contatos
kbd@ramboll.dk
www.ramboll.dk
info@ramboll.com

Créditos Fotos: Divulgação/Ramboll

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil