Insegura, Europa investe em arquitetura de segurança

25 de janeiro de 2017

Insegura, Europa investe em arquitetura de segurança

Insegura, Europa investe em arquitetura de segurança 600 450 Cimento Itambé

Segredo é fazer com que artefatos maciços de concreto fiquem camuflados no mobiliário urbano e não sejam percebidos pelos cidadãos

Por: Altair Santos

A arquitetura voltada à contenção de eventos violentos nas cidades está cada vez mais agregada ao urbanismo das principais metrópoles do mundo. Chamada de arquitetura de segurança, seu papel é espalhar obstáculos em pontos de grande concentração de pessoas, como estações de metrô, trens e ônibus – além de praças, ginásios e estádios -, a fim de criar dificuldades às modalidades de atentados que utilizam veículos sobre rodas. Em dezembro de 2016, na Alemanha, um caminhão dirigido por um terrorista atropelou 60 pessoas, entre as quais 12 morreram.

Letras gigantes de concreto: mais que realçar quem é o dono do estádio, elas estão ali para carros e caminhões-bomba

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A partir deste episódio triste, que expôs a vulnerabilidade de Berlim, o governo alemão se interessou pelo projeto de mobilidade urbana de Londres, que faz da capital da Inglaterra a cidade europeia com maior volume de mobiliário urbano voltado para a arquitetura de segurança. Desenvolvida no Instituto de Arquitetura da Grã-Bretanha (Royal Institute of British Architects), o segredo da arquitetura de segurança é camuflar os obstáculos, a fim que eles fiquem agregados à paisagem urbana e passem despercebidos pelos cidadãos. São artefatos de concreto capazes de suportar explosões, caminhões desgovernados ou carros-bomba.

O objetivo é proteger, sem interferir no mobiliário urbano. Por isso, o Instituto de Arquitetura da Grã-Bretanha, em parceria com o gabinete nacional de segurança contra o terrorismo (NaCTSO, em inglês), lançou em 2014 uma normativa que orienta os arquitetos a construírem obstáculos que não atrapalhem a mobilidade e se incorporem à arquitetura da cidade. “O manual contém três regras básicas: 1) Mitigar o terrorismo com barreiras de proteção; 2) Limitar danos aos cidadãos e aos prédios; 3) Causar o menor impacto possível no paisagismo e no projeto original de espaços públicos e edifícios”, explica Ruth Reed, presidente do Instituto de Arquitetura da Grã-Bretanha.

Norma britânica

Maciços de concreto revestidos com granito: barreiras de contenção lembram obras de arte em Londres

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Os conceitos de arquitetura de segurança não se limitam a construções já executadas. Os novos projetos na Inglaterra têm sido concebidos sob a ótica desta normativa. “Arquitetos e outros designers precisam atender as medidas de combate ao terrorismo ao projetar edifícios públicos e espaços públicos. Isso amplia a exigência de criar um senso de segurança sem que passe a impressão de que a edificação esteja cercada. É importante que o nosso ambiente construído continue a refletir que somos uma sociedade aberta e inclusiva”, completa Ruth Reed.

Em cidades como Londres e Paris, que recentemente também foram alvos do terror, ruas têm sido fechadas ao tráfego de veículos ou passaram a restringir o trânsito em uma única via. Deram lugar ao calçamento para pedestre e barreiras de concreto recobertas por granito que lembram esculturas, e que suportam caminhões de até 7,5 toneladas e acelerando a 65 km/h. A mesma estratégia de mimetizar barreiras de segurança pode ser vista na frente do estádio do Arsenal. Grandes letras em concreto, que formam o nome do clube, estão lá para proteger o público que fica na frente da praça esportiva. Tudo tem o objetivo de barrar o terror, sem que as cidades europeias percam o que têm de melhor: a arquitetura urbana.

Entrevistado
Royal Institute of British Architects (via departamento de comunicação)

Contato
info@riba.org

Crédito Foto: Arsenal Football Club e Divulgação/RIBA

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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