Concretagem de fundação em SC premia planejamento

5 de julho de 2017

Concretagem de fundação em SC premia planejamento

Concretagem de fundação em SC premia planejamento 600 292 Cimento Itambé

Para lançar 4.600 m³ de concreto nas torres do Yachthouse Residence Club, Concrebras precisou de dois meses de intenso planejamento

Por: Altair Santos

Fundações das duas torres do Yachthouse, em Balneário Camboriú-SC, exigiram o que há de mais moderno em termos de tecnologia do concreto

Fundações das duas torres do Yachthouse, em Balneário Camboriú-SC, exigiram o que há de mais moderno em termos de tecnologia do concreto

O edifício residencial de alto luxo Yachthouse Residence Club, em construção em Balneário Camboriú-SC, ainda está na metade de sua execução, mas mostra que planejamento é fundamental em uma obra. Para lançar 4.600 m³ de concreto nos blocos de fundação das duas torres do empreendimento, o plano demandou dois meses de pesquisa e intenso trabalho.

A Concrebras, responsável pelo concreto fornecido à obra, cuidou desde os ensaios até a logística para lançar o material no Yachthouse Residence Club. Foram mais de nove etapas de planejamento, como explica o gerente de desenvolvimento técnico da empresa, Jorge Luiz Christofolli. O engenheiro civil revela que até a importação de equipamentos foi necessária para que a concretagem pudesse ser executada.

Projeto da construtora Pasqualotto & GT, em parceria com o escritório de design e arquitetura Pininfarina, o edifício Yachthouse Residence Club terá duas torres com 82 pavimentos cada uma. “O total de concreto a ser consumido pela obra será na ordem de 82 mil m³“, diz Jorge Luiz Christofolli, que na entrevista a seguir revela detalhes da concretagem. Confira:

Jorge Christofolli: tudo foi pensado para o sucesso da concretagem

Jorge Christofolli: tudo foi pensado para o sucesso da concretagem

A concretagem das fundações do Yacht House foi altamente exigente. Quanto tempo levou esse planejamento e por quais etapas ele passou até chegar na concretagem em si?
Todo o trabalho realizado, desde os estudos de dosagem do concreto, das simulações térmicas, até a definição do plano de concretagem, consumiu cerca de dois meses. O trabalho iniciou a partir do projeto estrutural do bloco, elaborado pelo escritório de cálculo da Reical, sob a responsabilidade técnica do engenheiro civil Reinaldo da Rosa, onde foram especificadas as características do concreto, as dimensões da estrutura, volume total de concreto, detalhamento de armaduras entre outras informações. Como a resistência do concreto especificada no projeto era o fck 50,0 MPa, e o volume de concreto na ordem de 4.600 m³, foram elaboradas simulações matemáticas do comportamento térmico da estrutura com diversas combinações de dosagem. Uma das conclusões dos estudos teóricos foi a necessidade do uso da incorporação de gelo na mistura do concreto, para a redução da temperatura de lançamento.

Por que o uso de gelo?
Isso se faz necessário pois as reações de hidratação do cimento são exotérmicas, ou seja, liberam calor nessa fase. Conforme as dimensões das peças concretadas, o calor gerado pode atingir valores acima de 65°C, o que em determinadas condições pode gerar produtos secundários na hidratação, e que comprometem a durabilidade e a vida útil da estrutura. Para verificar e confirmar a exatidão dos estudos teóricos houve a elaboração de ensaios de campo com a formulação do concreto definida para a concretagem, e então foi possível simular a condição adiabática, mais crítica, quando a dissipação de calor é reduzida a zero.

Com relação aos ensaios, quais foram realizados?
Foram realizados ensaios de dosagem experimental em laboratório, simulações teórica de modelagem do comportamento térmico da estrutura, ensaios de comportamento reológico de concreto, resistências à compressão aos 7, 28 e 63 dias, módulo de elasticidade, além dos ensaios de caracterização de todos os materiais utilizados.

Presume-se que o plano de concretagem tenha sido bastante estudado e minucioso, correto?
Além das questões técnicas, também foi elaborado um plano de concretagem, que envolveu as seguintes etapas:
– Cronograma da concretagem
– Quantidade de caminhões-betoneira
– Bombas de concreto
– Equipe operacional
– Estoque de matéria-prima
– Sequência de carregamento
– Horários de início e término das concretagens
– Equipe técnica de acompanhamento
– Instalação dos termopares que monitoram a temperatura no interior do bloco, além de diversas outras medidas que buscaram garantir a continuidade da concretagem.

Ocorreram desafios que tiveram que ser superados?
Um ponto restritivo é que a concretagem deveria ser interrompida após o horário comercial, pois a região da obra é de concentração residencial intensa e os ruídos dos equipamentos não são permitidos pelos órgãos públicos locais. Devido a essa restrição, e do volume elevado de concreto, não foi possível fazer o lançamento em um único dia. Então, a concretagem teve de ser planejada num prazo de cinco dias com interrupções diárias. Esse fato implicou na elaboração de camadas de interface entre as concretagens, utilizando concreto estabilizado, de forma que a camada subsequente mantivesse a continuidade sem a formação de juntas de concretagem.

O bombeamento do concreto também é outro desafio?
A altura final de bombeamento será acima de 250 metros, quando as torres alcançarem o 82° pavimento, o que exige a utilização de bombas de concreto de elevada pressão. O equipamento adquirido para essa obra foi o modelo SP 4800 da SCHWING, que atinge a pressão nominal máxima de 243 bar, utilizando um motor com potência de 383 HP. Além do aumento da pressão de bombeamento, cuidados com a segurança foram tomados, sendo necessária a compra de tubulação reforçada importada da Alemanha.

Para ser bombeado, optou por qual tipo de concreto?
A obra ainda está em andamento, e atualmente está na fase próxima ao 40° pavimento, ou seja, está na metade da altura final. Os concretos que serão lançados nos pavimentos superiores utilizarão aditivos especiais para reduzir a viscosidade e permitir o bombeamento sem grandes dificuldades.

As fundações das torres ficam abaixo do nível do lençol freático. Para a concretagem, que cuidados essas características exigiram?
O rebaixamento do lençol freático foi feito com a utilização de bombas de recalque.

Que tipo de cimento foi usado?
Com o objetivo de reduzir o calor de hidratação e o pico da temperatura no interior do bloco, foi utilizado o cimento tipo CP IV-32 RS da Cia. de Cimento Itambé, juntamente com a adição de sílica ativa de alta performance.

Além dos quase 5 mil m³ de concreto para as fundações do Yachthouse, quanto será consumido de material para a conclusão das duas torres?
O total de concreto a ser consumido pela obra será na ordem de 82 mil m³.

Veja o processo de concretagem dos blocos de fundação do Yachthouse Residence Club:

Bloco 1

Bloco 2

Entrevistado
Engenheiro civil com mestrado e especialização em patologias da construção, Jorge Luiz Christofolli, gerente de desenvolvimento técnico da Concrebras

Contato
jorge@concrebras.com.br

Crédito Fotos: Pasqualotto & GT/Youtube e Cia. de Cimento Itambé

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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