Na crise, ainda há vagas para engenheiros?

17 de setembro de 2015

Na crise, ainda há vagas para engenheiros?

Na crise, ainda há vagas para engenheiros? 435 293 Cimento Itambé

Versatilidade da profissão, principalmente para atuar nas áreas comercial, pesquisa & desenvolvimento e manutenção, ajuda a manter mercado aquecido

Por: Altair Santos

Os anos 1980 e 1990 foram considerados períodos perdidos para os engenheiros. Graduados não encontravam trabalho dentro da construção civil e foram migrando para outros segmentos. O setor financeiro absorveu boa parte, enquanto outros profissionais migraram para a área de prestação de serviços e até a gastronomia.

João Xavier, especialista em recursos humanos: é preciso mais do que a graduação para se posicionar no mercado

João Xavier, especialista em recursos humanos: é preciso mais do que a graduação para se posicionar no mercado

Hoje, depois de um período de efervescência, que fez com que os cursos de engenharia civil voltassem a estar entre os mais procurados por jovens, a profissão corre o risco de dar passos atrás. A crise econômica, que congela obras, combinada com a operação Lava Jato, a qual paralisa as principais empreiteiras do país, gera incógnitas sobre o futuro do mercado de trabalho no setor.

A pergunta que fica é: ainda há vagas para engenheiros? O especialista em recursos humanos, João Xavier, diretor-geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos, responde essa, e outras perguntas, diante do atual cenário nacional. Confira:

Na crise, ainda há vagas para engenheiros?
Sim. Sempre haverá boas oportunidades para os engenheiros. Três áreas são promissoras para os profissionais da engenharia: comercial, onde os engenheiros são necessários para realizar vendas técnicas; Pesquisa & Desenvolvimento, diante da necessidade constante de inovação, e na manutenção, que apesar de estar sentindo fortemente o impacto, é atividade essencial para as indústrias e grandes instalações comerciais. As áreas mais impactadas são as ligadas à produção, principalmente os setores metalúrgico, automotivo, óleo e gás e construção civil.

Quais engenharias encontram sustentabilidade no mercado de trabalho neste período?
Eu colocaria as seguintes áreas: computação, controle e automação, mecatrônica, química, elétrica, biomédica, agronômica, minas, energia, mecânica, aeronáutica, naval, industrial e ambiental. Mas podemos dizer que, de modo geral, todas as engenharias encontram sustentabilidade. São os engenheiros os responsáveis por engendrar as ideias.

No caso da engenharia civil, durante a fase efervescente da construção civil, chegaram a faltar profissionais. Hoje, qual o cenário?
Na verdade nunca faltaram profissionais no mercado. O que acontece é que as empresas não estão dispostas a pagar o preço por bons profissionais. No momento em que a economia fica aquecida, esse fenômeno aparece com maior intensidade. Hoje, com o mercado desaquecido, a pressão sobre os salários é ainda maior. Portanto, há menos oportunidades e menores salários.

O curso de engenharia civil voltou a ser um dos mais procurados pelos jovens. É possível que ao se formar eles encontrem um mercado de trabalho hostil?
O mercado de trabalho é hostil para qualquer área. Sempre há um jogo de forças entre o capital e o trabalho. Hoje, o que está se valorizando é o trabalho criativo, independentemente da área. É o trabalho com Pesquisa & Desenvolvimento, é o trabalho de inovação. Esse nunca poderá ser substituído por máquinas ou pelo computador. A engenharia civil é bastante ampla e versátil, com oportunidades em projetos (das mais diversas naturezas), obras, manutenção e facilities (instalações) comerciais, Pesquisa & Desenvolvimento. Portanto, existem muitas oportunidades.

O que afeta mais a engenharia: a crise econômica em si ou a operação Lava Jato, que paralisou as principais empreiteiras do país?
Não podemos creditar o efeito da paralisia à operação Lava Jato. A Lava Jato é o remédio amargo a ser tomado. Na minha opinião, o sistema corrupto e fraudulento que se interpôs entre governos e empreiteiras nas negociações de obras e terceirizações de serviços é o grande culpado pela redução de empregos na engenharia. A Lava Jato é a cura. Mas, obviamente, a crise no governo e na Petrobras afetou significativamente o mercado de trabalho para os engenheiros. Não só com as obras como também com os contratos de prestação de serviços de manutenção.

A proposta de se abrir o mercado para construtoras estrangeiras seria interessante para profissionais de engenharia do Brasil?
Tem o lado bom e o ruim nessa abertura. O positivo será a geração de oportunidades para os engenheiros, tanto dentro quanto fora do país. O lado negativo será a pressão no valor dos salários, pois as empresas enfrentarão maior concorrência.

Corre-se o risco de a engenharia voltar a enfrentar um cenário semelhante ao vivido nos anos 1980 e 1990, conhecido no setor como décadas perdidas?
Acredito que não. Como falei, sempre haverá oportunidades para os engenheiros. E o Brasil, por pior que seja administrado, devido a seu grande potencial agrícola, mineral e à sua grande população, ainda vai ser atrativo para muitas empresas, muitos investidores.

Caso as concessões para rodovias, ferrovias, portos e aeroportos decolem, a situação tende a mudar?
Sim, a iniciativa privada sempre foi mais eficiente que os órgãos públicos na gestão. Com certeza, gerará mais investimento e mais empregos.

Apenas ter a graduação em engenharia é requisito para competir no mercado de trabalho?
Não. Domínio do idioma inglês também é fator de diferenciação.

A arquitetura vive momento semelhante ou estaria mais aquecida?
Vive momento semelhante e tem o agravamento de não ter a mesma versatilidade da engenharia civil.

Entrevistado
Engenheiro agrônomo João Xavier, especialista em recursos humanos e diretor-geral da Ricardo Xavier Recursos Humanos
Contato: joaoxavier@ricardoxavier.com.br

Crédito Foto: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil