Crise pode atrasar, ainda mais, obras relevantes ao país

15 de janeiro de 2015

Crise pode atrasar, ainda mais, obras relevantes ao país

Crise pode atrasar, ainda mais, obras relevantes ao país 1000 750 Cimento Itambé

Transposição do rio São Francisco, hidrelétrica Belo Monte e linha 4 do metrô da cidade do Rio de Janeiro são alguns dos empreendimentos ameaçados

Por: Altair Santos

A expectativa de que o governo federal promova corte nos investimentos ao longo de 2015 tende a protelar por mais tempo a entrada em operação de obras de infraestrutura relevantes e urgentes ao país. Entre elas, estão a Transposição do Rio São Francisco, a hidrelétrica Belo Monte, a conclusão do segundo trecho da ferrovia Norte-Sul, o avanço da ferrovia Transnordestina e as obras relacionadas aos jogos olímpicos de 2016, das quais a mais importante é a linha 4 do metrô. A previsão é que boa parte destas construções, que deveriam ser entregues até o final de 2015, fique para 2016, 2017, 2018 ou 2019.

Transposição do rio São Francisco: prometida para 2012, tem sido adiada ano a ano e agora ficou para 2016

Um caso emblemático é o da Transposição do rio São Francisco. A obra já passou por quatro atrasos. Ao ser lançada em 2007, incluída entre os principais empreendimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), foi prometida para 2010. Depois, para 2012 e adiada novamente para 2014. Agora, segundo o ministério da Integração Nacional, a previsão é de que o canal de irrigação comece a funcionar no primeiro semestre de 2016. “Estamos com 70% (na verdade, 68,7%) das obras executadas. Nossa previsão é entregarmos no início do ano que vem, em 2016”, prometeu o ministro Gilberto Occhi, ao ser empossado dia 3 de janeiro de 2015.

De acordo com o projeto original, a transposição inclui 477 quilômetros de obras lineares, quatro túneis, 14 aquedutos, 9 estações de bombeamento e 27 reservatórios. A obra envolve 1,3 milhão de m³ de concreto e beneficiará quatro estados: Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba. O custo inicial era de R$ 4,2 bilhões, mas já atingiu R$ 8,2 bilhões, com perspectivas de nova revisão orçamentária.

A hidrelétrica de Belo Monte é outro empreendimento com atraso. Suas primeiras turbinas deveriam entrar em funcionamento ainda em 2015, mas foram proteladas para 2016. Obra que mais consome concreto no país atualmente – o volume estimado é de 3.389.008 m³ -, a usina em construção no Pará enfrenta atualmente elevado aumento de custo, por causa dos percalços no cronograma. Orçada em R$ 25,8 bilhões, já ultrapassou os R$ 30 bilhões. Recentemente, o consórcio Norte Energia, que vai explorar a hidrelétrica, alertou que cada semestre de atraso nas obras deve acrescentar R$ 370 milhões no valor final do empreendimento. Pelo cronograma original, Belo Monte já está atrasada em mais de um ano.

Ferrovia Transnordestina: idealizada para escoar safra agrícola para os portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, obra sofre com adiamentos

Norte-Sul completa 30 anos

Nada se compara, no entanto, aos atrasos nas obras ferroviárias. O projeto da Norte-Sul, por exemplo, surgiu logo no começo do governo do presidente José Sarney, em 1985. A proposta era viabilizar uma estrada de ferro que ligasse o porto de Barcarena, no Pará, ao do Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Passados quase 30 anos, dos 3.893 quilômetros projetados, apenas 719 estão construídos e em operação. Trata-se do trecho entre Açailândia, no Maranhão, e Palmas, no Tocantins. Um novo percurso de 855 quilômetros (Palmas-TO a Anápolis-GO) está próximo de ser finalizado. Deveria entrar em operação em 2014, mas só deve ser liberado para o tráfego de trens em 2016.

Idem para a ferrovia Transnordestina. A obra com 1.753 quilômetros de extensão era para ter sido inaugurada em 2010. Estratégica, foi projetada para ligar a produção agrícola do interior do Piauí, do Ceará e de Pernambuco aos portos de Suape, no litoral pernambucano, e de Pecém, no litoral cearense. No entanto, o empreendimento encontra-se praticamente abandonado. A parte mais crítica está no Ceará, onde o avanço das obras foi de apenas 4%. Lançada em 2007, hoje nem a Agência Nacional de Transportes Terrestres faz previsão de quando a obra será concluída. O custo da Transnordestina, que estava orçado em R$ 3 bilhões, já passa de R$ 7,5 bilhões.

Linha 4 do metrô do Rio: fundamental para jogos olímpicos, foi adiada de 2015 para 2016

Menos problemática, a linha 4 do metrô da cidade do Rio de Janeiro avança, mas não no ritmo esperado. Considerado estratégico para os jogos olímpicos de 2016, o trecho de 16 quilômetros ligará Ipanema à Barra da Tijuca e seu orçamento já chega a R$ 8,5 bilhões. Ao iniciar seu segundo mandato, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, anunciou cortes e repassou custos da obra ao governo federal e à prefeitura do Rio de Janeiro. Resultado: programada para entrar em teste em 2015, a linha 4 do metrô carioca só começará a funcionar no final do primeiro semestre de 2016, na antevéspera da Olimpíada, que começa dia 5 de agosto.

Entrevistados

Ministério do Planejamento, ministério da Integração Nacional, Consórcio Construtor Rio Barra e Consórcio Construtor Linha 4 Sul (via assessoria de imprensa)

 

Usina Belo Monte: expectativa é de que seja concluída entre o 2º semestre de 2016 e o 1º semestre de 2017

Contatos
min.plan.pac@gmail.com
imprensa@integracao.gov.br
atendimento.ccrb@ccrblinha4.com.br

Créditos Fotos: Divulgação

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
VEJA TAMBÉM NO MASSA CINZENTA

MANTENHA-SE ATUALIZADO COM O MERCADO

Cadastre-se no Massa Cinzenta e receba o informativo semanal sobre o mercado da construção civil