Para construção civil, 2015 será parecido com 2014

30 de outubro de 2014

Para construção civil, 2015 será parecido com 2014

Para construção civil, 2015 será parecido com 2014 500 426 Cimento Itambé

Vice-presidente de economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, avalia que, se o governo fizer a lição de casa, crescimento pode ser retomado em 2016

Por: Altair Santos

Executivos de setores ligados à cadeia da construção civil reuniram-se em um fórum promovido pelo SindusCon-SP, no começo de outubro de 2014, para analisar o desempenho do setor no ano que vem. A conclusão é que o crescimento em 2015 não será muito diferente do que se encaminha para 2014. Sob a coordenação de Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, os debatedores concluíram que a construção civil fechará este ano com PIB de 1% e perspectivas de 1,5% para 2015.

Eduardo Zaidan: expectativa é de que um novo ciclo virtuoso da construção civil comece a partir de 2016.

Zaidan recomenda às construtoras que invistam em mão de obra qualificada e industrialização para se manterem competitivas e produtivas. Isso por que, explica ele, o segmento imobiliário chegou ao fim de um ciclo de produção – encerrado em 2012 – e o resultado das obras de infraestrutura, com base nas concessões de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, só deverá aparecer a partir de 2016. Confira a entrevista:

O que esperar para o setor da construção civil a partir de 2015, pensando nacionalmente?
Há um consenso de que em 2015 teremos um ajuste nas contas públicas, com repercussões sobre o crescimento da economia. O que se desconhece é como será a profundidade e a extensão deste ajuste ao longo do tempo. Possivelmente, seus efeitos afetarão todo o ano que vem. Para a construção, isso significa o prosseguimento do quadro de retração nos investimentos privados, por parte de investidores e de famílias, e pouca chance de elevação dos investimentos públicos. Ou seja, para a construção, a expectativa é de crescimento parecido com 2014, que não será nada brilhante.

Quando se diz que o segmento imobiliário chegou ao fim de um ciclo de produção, isso significa que ele não crescerá nos próximos anos como cresceu de 2008 a 2012?
Isso mesmo. Até porque, aquele crescimento atendeu a uma demanda qualificada que até então havia sido reprimida devido ao quadro anterior de juros altos e financiamento imobiliário limitado, e que foi fartamente atendida por uma oferta por parte de construtoras e incorporadoras. O mercado se beneficiou com a elevação do crédito imobiliário e com os recursos vindos do mercado de capitais.

Mesmo com a continuação do programa Minha Casa Minha Vida, o setor tende a não manter um bom ritmo de crescimento. Por quê?
O programa é uma parte importante, mas ele atende a famílias com renda mensal familiar de até cinco mil e cem reais (R$ 5.100). Há a promessa de revisão dos valores do programa, mas mesmo assim ele continuará não abrangendo o amplo setor de famílias e investidores que demandam o mercado acima daquela renda.

A possibilidade de as obras de infraestrutura em concessões de rodovias, aeroportos e portos saírem do papel não vai dar estímulo à construção civil e fazê-la manter crescimento positivo em 2015?
As concessões já assinadas de estradas e aeroportos devem ter algum impacto na atividade em 2015. Porém, uma série de licitações ainda não se realizou e, quando isso ocorrer, ainda levará algum bom tempo até os projetos começarem a se transformar em obras. Isso é mais para 2016.

Essa desaceleração traz quais reflexos para temas que têm sido relevantes para o setor, como mão de obra qualificada, industrialização e competitividade?
É um bom momento para as construtoras – que puderem – investirem nesses itens. Até porque, com um volume menor de novas obras, a competição dentro do setor se intensificará e, quem estiver melhor preparado, será mais competitivo.

Quais ajustes ficaram faltando, em termos econômicos, para que a construção civil conseguisse ter um crescimento sustentável?
Além de arrumar as contas públicas, será preciso reequacionar o câmbio e estimular a elevação constante da oferta de produtos e serviços. Esse conjunto virtuoso, se também forem deixados de lado os artifícios da “contabilidade criativa”, será capaz de restabelecer a confiança dos investidores.

O setor estima que haverá um novo ciclo virtuoso, como o de 2008 a 2012. Caso sim, a partir de quando?
Quem sabe ele se inicie a partir de 2016, se o novo governo mostrar a competência que se espera em 2015.

A construção civil gerou muitos empregos formais e avançou na questão da informalidade nas obras. Essas conquistas podem estar ameaçadas com um fraco desempenho do setor em 2015?
Boa parte da elevação do emprego na construção nos últimos anos resultou da formalização de pessoal que já trabalhava informalmente na construção. Isso foi possível graças a uma perspectiva constante de manutenção de crescimento do
setor. Agora, com o quadro de incerteza, é provável um declínio no emprego ainda em 2014 e uma estagnação em 2015.

O que o governo que assumir a partir de 2015 deverá fazer para reestimular o setor?
Além da arrumação na política econômica, como mencionado acima, será importante estimular a inovação e a industrialização do setor mediante incentivos tributários. Isso precisará envolver também os governos estaduais e municipais. Além disso, intensificar a qualificação de pessoal, especialmente das profissões relacionadas a essa industrialização.

Como consultor, que conselho o senhor daria às construtoras?
Invistam em produtividade.

Entrevistado
Engenheiro civil Eduardo Zaidan, profissional com mais de 30 anos de experiência no mercado imobiliário e da construção civil e vice-presidente de economia do SindusCon-SP
Contatos
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Crédito Foto: Divulgação/SindusCon-SP

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330
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