Caos no trânsito faz surgir o engenheiro de mobilidade

25 de maio de 2011

Caos no trânsito faz surgir o engenheiro de mobilidade

Caos no trânsito faz surgir o engenheiro de mobilidade 150 150 Cimento Itambé

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) é a única a oferecer o curso no Brasil, que conta atualmente com 695 estudantes

Por: Altair Santos

Os gargalos que o Brasil enfrenta nas infraestruturas rodoviária, aérea e portuária fizeram surgir na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) o curso de Engenharia de Mobilidade. Único no Brasil, ele existe desde 2009 e já conta com 695 estudantes. A 1.ª turma cursa o 4.º período e as aulas são ministradas provisoriamente nas instalações da Universidade da Região de Joinville (Univille). É onde funciona o Centro de Engenharia da Mobilidade (CEM), que em breve ganhará um campus próprio, às margens dos quilômetros 51 e 52 da BR-101, também em Joinville.

Álvaro Lezana: foco da Engenharia de Mobilidade da UFSC está em projetos para resolver problemas de infraestrutura

Pela demanda atual, a direção do curso de graduação em Engenharia de Mobilidade estima que até 2014 mil alunos estejam matriculados. O que os estudantes buscam é uma formação especializada em projetos de construção e duplicação de estradas, gestão e planejamento do transporte urbano de passageiros e uma visão holística do que significa atuar no campo da mobilidade, para planejar e gerenciar o deslocamento de pessoas e produtos. “O foco está no estudo de cenários e projetos para resolver problemas de infraestrutura”, explica o diretor acadêmico da UFSC, Álvaro Lezana.

O curso tem uma peculiaridade. Seu organograma de disciplinas permite uma saída intermediária no final do terceiro ano, com diplomação em Bacharel em Tecnologia Veicular ou Bacharel em Tecnologia de Transportes. Já quem continuar a formação, com mais dois anos de curso, terá sete opções para se especializar em Engenharia de Mobilidade: automobilística, aeroespacial, ferroviária, naval, mecatrônica, infraestrutura de transportes e tráfego e logística. “Todas as disciplinas do curso são divididas em aulas práticas e teóricas”, diz Álvaro Lezana.

Quando totalmente instalado, o CEM, além de laboratórios básicos, terá seis grandes laboratórios industriais, um centro de pesquisas, uma pista de testes (já em construção), um tanque para experiências navais e um túnel de vento. O Centro de Engenharia da Mobilidade vai priorizar duas áreas: infraestrutura de transporte, que trata das grandes obras civis associadas ao transporte, como portos e aeroportos, e tráfego e logística, para cuidar do dimensionamento e operação destes sistemas. O CEM está sendo construído com recursos do Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais).

Segundo o diretor acadêmico da UFSC, Álvaro Lezana, além da preocupação com infraestrutura, o curso de Engenharia de Mobilidade tem em seu quadro docente, professores-doutores com especialidade nas diversas áreas de mobilidade. “O conceito de engenharia de mobilidade é novo e, portanto, nossos docentes têm formação nas diversas áreas que compõem este conceito”, diz Lezana.

A projeção da direção da UFSC é que a primeira turma a ser formada terá absorção imediata pelo mercado. “Recentemente, a prefeitura de Joinville publicou um edital oferecendo as primeiras duas vagas para estagiários da Engenharia de Mobilidade. Também temos recebido demandas de diversas empresas locais”, revela o diretor acadêmico da universidade.

No caso do setor privado, os futuros profissionais tendem a ser absorvidos para solucionar problemas de logística e de transporte. Já o poder público, principalmente os municipais, investe na Engenharia de Mobilidade para resolver um dos principais dilemas das cidades com população acima de 200 mil habitantes: o congestionamento urbano.

Para exemplificar, a mais recente pesquisa da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP) apontou que a economia da cidade de São Paulo, que tem um dos trânsitos mais caóticos do país, perde R$ 450 milhões por ano nos congestionamentos. É por isso que o pioneirismo da UFSC já começa a ser seguido em outros estados. Em Minas Gerais, com incentivo da mineradora Vale do Rio Doce, a Universidade Federal de Itajubá (MG), em seu campus em Itabira (MG), também está implantando o curso. É a Engenharia de Mobilidade crescendo na adversidade do trânsito brasileiro.

Maquete do Centro de Engenharia da Mobilidade (CEM), que está em construção no campus de UFSC, em Joinville

Entrevistado
Álvaro Lezana, diretor acadêmico da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Currículo

– Graduação em Ingeniero Civil Químico, formado pela Universidad Catolica de Valparaiso Chile (1979)
– Mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (1982)
– Doutorado em Escuela Téc.Superior de Ingenieros Industriales, na Universidad Politécnica de Madrid (1995)
Contato: lezana@deps.ufsc.br

Crédito fotos: Divulgação/ UFSC / Arquivo Pessoal

Jornalista responsável: Altair Santos – MTB 2330
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