Segundo Pedro Castro Borges, que esteve em Foz do Iguaçu-PR na semana passada, onde aconteceu o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, o atlas é necessário para que sejam identificados os microclimas dentro do continente e, por meio desta pormenorização, possam ser trabalhados itens como qualidade do cimento, relação água/cimento e famílias do concreto. “A relação água/cimento, por exemplo, influencia muito no transporte de cloretos para dentro do concreto. Isso também depende da temperatura ambiente onde a obra está sendo construída. Quanto mais água e maior a temperatura, mais poros serão criados no concreto e, consequentemente, menor restrição à entrada de cloretos”, define.
O atlas, no entender de Pedro Castro Borges, seria um indicador de como produzir o melhor concreto em cada região do continente, levando em conta características climáticas, patologias mais recorrentes e propriedades dos materiais (cimento, areia, brita, água e aditivos) utilizados em cada microclima. Para isso, ele mobiliza especialistas para que o documento seja elaborado por várias mãos. “Não é um trabalho sozinho. Tenho falado com uma rede de especialistas em patologias do concreto que já alcança 19 países. A ideia é que em 2019, na CONPAT que vai ocorrer em Chiapas, possam lançar os fundamentos do atlas, para começarmos a elaborá-lo. No entanto, não é um trabalho que ocorre rapidamente. Presumo que vai precisar, no mínimo, de cinco anos para que possamos coletar as informações e publicá-lo”, diz.
Brasil tem papel importantíssimo na elaboração do atlas sobre patologias
Para o engenheiro mexicano, com a reunião de vários microclimas em um atlas será possível criar modelos matemáticos mais precisos para ajudar a prevenir, principalmente, o ingresso de cloretos no concreto, assim como evitar processos de carbonatação. Pedro Castro Borges ainda destaca que o Brasil tem papel importantíssimo na elaboração do atlas sobre patologias do concreto. Não só por ser o maior país do continente latino-americano, mas por possuir vários microclimas em seu território. “O Brasil tem um vasto litoral, que abrange desde a região nordeste – muito vulnerável a cloretos – até o sul do país, que tem características muito distantes. Por isso, a presença dos estudiosos brasileiros é importantíssima na concepção desse atlas”, reforça.
No México, o professor-doutor é considerado a principal autoridade no estudo de patologias relacionadas ao concreto. O trabalho de Pedro Castro Borges, atualmente, tem sido o de formar novos pesquisadores, já que as estruturas em seu país também são alvos recorrentes de ataques por cloretos, e de atuar em cima do aprimoramento de normas técnicas. “Costumo comparar o concreto a um ser vivo. Ele pode sofrer de câncer, que seriam os ataques por cloretos, e pode morrer, ou seja, pode ruir. Por isso, tratar dessas patologias é um tema de grande importância para todos”, reafirma.
Entrevistado
Reportagem com base em palestra concedida pelo professor-doutor e engenheiro civil Pedro Castro Borges, durante o 60º Congresso Brasileiro do Concreto, promovido pelo IBRACON
Contato: pcastro@cinvestav.mx
Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330