Em pleno século 21, marquises ainda caem. Por quê?

3 de agosto de 2016

Em pleno século 21, marquises ainda caem. Por quê?

Em pleno século 21, marquises ainda caem. Por quê? 800 526 Cimento Itambé

Erros de projeto, falta de manutenção e uso inadequado estão entre as principais causas que levam ao desabamento dessas estruturas

Por: Altair Santos

Marquise caída em Porto Alegre, em 2007: cidade é uma das mais vulneráveis a esse tipo de acidente

Marquise caída em Porto Alegre, em 2007: cidade é uma das mais vulneráveis a esse tipo de acidente

No Brasil, em pleno século 21, marquises ainda caem. Pior: fazem vítimas fatais. Em 2015, houve 15 casos registrados de marquises que desabaram no país – três delas com vítimas. A estatística pode ser maior, pois há casos que não são comunicados aos organismos de fiscalização. Neste ano, os acidentes não regrediram. Entre janeiro e julho aconteceram nove desabamentos de marquises construídas em concreto armado, causando cinco mortes e deixando três pessoas feridas.

As quedas acontecem indiscriminadamente, do sul ao norte do país. Mas em um estado o volume de quedas de marquises é maior: o Rio Grande do Sul. Só em 2016, houve dois desabamentos e três mortes. Em 25 de abril, em São Leopoldo, uma pessoa morreu e outra ficou ferida. Em 21 de julho, foram duas vítimas fatais em Porto Alegre. Neste acidente recente, o CREA-RS concluiu que houve sobrecarga na estrutura.

Segundo o professor Marcelo Medeiros, coordenador da pós-graduação em engenharia da construção civil da UFPR (Universidade Federal do Paraná), as principais causas que levam as marquises ao colapso estão relacionadas às seguintes possibilidades: deficiências de projeto, mau posicionamento das armaduras, corrosão de armaduras, sobrecarga e escoramento incorreto.

O engenheiro civil ainda lembra que dois problemas fundamentais fazem com que as marquises caiam. Um é conceitual: alguns especialistas as projetam como se fossem lajes. O outro está relacionado à manutenção. Segundo Marcelo Medeiros, marquises precisam ser constantemente avaliadas, o que dificilmente ocorre no Brasil. “Marquises fogem à regra de que o concreto avisa quando vai desabar. Elas simplesmente caem”, afirmou, em palestra no 1º Simpósio Paranaense de Patologia de Construções (SPPC).

Atenção especial

Marcelo Medeiros, da UFPR: marquises fogem à regra de que o concreto avisa quando vai desabar

Marcelo Medeiros, da UFPR: marquises fogem à regra de que o concreto avisa quando vai desabar

Marcelo Medeiros explica também que marquises são estruturas de concreto armado que precisam ter um olhar diferente. “Fica claro que é fundamental criar a conscientização de que uma marquise é um elemento de características diferenciadas em relação ao resto da estrutura e, por isso, deve ter atenção especial na fase de projeto, execução e uso. Além disso, um programa de manutenção preventiva é de extrema importância para qualquer estrutura de concreto armado e, no caso das marquises, muito mais, já que se trata de uma estrutura isostática e com um único vínculo que sofre ruptura brusca, sem aviso”, disse em artigo que escreveu em parceria com Maurício Grochoski, intitulado “Marquises: por que algumas caem?”, publicado na edição 46 da Revista Concreto.

O professor da UFPR ainda lembra em seu artigo que uma marquise consiste em um elemento estrutural que fica em contato com a edificação principal apenas pela região de engastamento. “Isto implica em uma característica, se não perigosa, no mínimo merecedora de atenção especial, seja no projeto, na execução e na conservação desta ao longo do tempo”, diz, complementando que o profissional para as vistorias periódicas de marquises não pode ser um simples engenheiro civil. “É preciso especialização e muita experiência na área de patologia e funcionamento estrutural do concreto armado”, finaliza.

Leia o artigo completo.

Entrevistado
Engenheiro civil Marcelo Medeiros
, professor e coordenador da pós-graduação em engenharia da construção civil da UFPR (Universidade Federal do Paraná)

Contato:
medeiros.ufpr@gmail.com

Crédito Fotos: Divulgação/PetCivil UFPR

Jornalista responsável: Altair Santos MTB 2330

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